Capítulo 94

209 39 4
                                    

Agora que estavam livres de suas obrigações, o relacionamento deles inevitavelmente desapareceria e eles se afastariam um do outro. Chega de beijos, chega de noites compartilhadas. A promessa de sangue os impediria de se tornarem inimigos novamente, é claro. Eles provavelmente teriam um vínculo vitalício, mas sem perigo, eles não teriam mais que proteger um ao outro e o antigo juramento não teria mais razão para existir. A promessa de sangue não os obrigava a se fundirem se não quisessem.

Provavelmente foi isso que mais irritou Draco na compreensão que Harry ofereceu a Snape. Era mais uma prova de que não havia nada de especial entre eles, de que Harry ia ao auxílio de todos. Incluindo aqueles que ele odiava.

Irritado, Draco pensou que poderia afastar Harry usando a presença de Snape. Mas mais uma vez, Harry virou o mundo dele de cabeça para baixo, oferecendo-lhe a oportunidade de viver com ele. Ele o conhecia bem o suficiente para saber que era uma oferta sincera e séria.

Parte de Draco queria aceitar imediatamente. A ideia de se separar de Harry o deixou enjoado. Porém, ainda havia vestígios suficientes de sua formação para se revoltar com a ideia de ser tão dependente de alguém.

Esta parte dele queria exclusividade. Ele queria ser especial e não apenas mais um amigo. Estava bastante confuso em sua mente, mas ele tinha certeza de que não poderia se contentar com migalhas de atenção do Grifinório. Ele não poderia ser seu colega de quarto, não suportaria as idas e vindas de seus dois amigos de longa data ou os olhares condescendentes de Weasley e Granger.

Perdido em seus pensamentos, franzindo a testa, Draco não tinha visto Harry se aproximar dele gentilmente. Ele pulou quando a boca de Harry estava na sua. Ele respondeu ao beijo quase contra sua vontade, incapaz de afastá-lo, e se agarrou ao pescoço de Harry quando o moreno o puxou para mais perto para abraçá-lo.

Quando seus lábios se separaram, Harry não lhe deu tempo para recuperar os sentidos.

— Você está pensando demais, Draco.

Ele estava prestes a protestar e rosnar, mas Harry o interrompeu, olhando-o atentamente. Finalmente, o Grifinório suspirou e depois murmurou tristemente.

— Você deveria pensar no que você realmente quer.

Draco congelou, olhando Harry atentamente. Ele franziu a testa e respondeu um pouco mais abruptamente do que pretendia.

— O que você está falando?

Quando Harry evitou seu olhar, Draco piscou. Ele definitivamente não gostou de ver Harry agir daquele jeito, afastando-o daquele jeito — mesmo que ele estivesse planejando afastá-lo. Essa distância repentina entre eles lhe tirou o fôlego sem que ele conseguisse explicar o porquê.

Ele se recompôs o melhor que pôde, escondendo seu desconforto e seu desejo de alcançá-lo, esperando pacientemente pela resposta à sua pergunta, que demorou a chegar.

Harry suspirou e encolheu os ombros gentilmente. Ele havia perdido o sorriso e parecia quase resignado.

— Em alguns dias você estará livre. Quero dizer... você conseguirá recuperar sua vida e terá que decidir seu futuro.

Draco bufou, esquecendo seus sentimentos confusos e levantando uma sobrancelha zombeteira. Mesmo que ele estivesse tentando ser sarcástico, a dor devia ser audível em sua voz porque Harry estendeu a mão para ele sem chegar ao ponto de tocá-lo.

— Claro. Ter de volta minha vida. Voltar à autoridade dos meus queridos pais que me venderam àquele maldito mago negro barato e que estavam prontos para me matar? Isto promete refeições em família incrivelmente animadas...

Harry mordeu o lábio.

— Eu não vou voltar para os Dursleys. Eu pretendo... morar aqui. Acho que ninguém mais estará interessado em mim agora que tudo acabou...

Draco franziu a testa, um pouco perplexo com a mudança de assunto. Harry se afastou, mas ao sair da biblioteca, acrescentou, quase num sussurro e sem se virar.

— Tem quartos suficientes se você quiser. Venha morar aqui também.

Draco permaneceu imóvel na biblioteca por um longo tempo, sua mente disparada e os punhos cerrados. Ele não tinha certeza se deveria correr atrás de Harry e sacudi-lo e exigir uma explicação para seu comportamento estranho ou se deveria apenas... esperar.

Os acontecimentos das últimas horas ocorreram a uma velocidade vertiginosa e o mundo deles virou de cabeça para baixo mais uma vez. Em poucas horas, a excitação da súbita descarga de adrenalina diminuiria e eles se orientariam novamente.

Depois de uma noite de sono, eles voltariam aos hábitos confortáveis ​​que haviam formado e tudo ficaria bem. Até que Draco tenha uma escolha a fazer para o seu futuro.

Ele estava perfeitamente consciente de que estava mentindo para si mesmo, então saiu da sala, transformando seu medo em raiva.

Severus sentou-se na confortável cama do quarto indicado por Harry Potter e permaneceu imóvel, olhando para o nada, perdido em pensamentos.

Ele deixou as lembranças do passado tomarem conta dele, com um toque de amargura... o tempo todo esperando pelo momento em que Harry precisaria de respostas e ele teria que confessar tudo.

Quando houve uma batida na porta, ele ficou tenso, mas mesmo assim convidou o visitante a entrar, convencido de que era o filho de Lily quem veio lhe fazer perguntas.

Ao ver Draco Malfoy entrar, ele se sentiu um pouco surpreso. Desde que chegou em Hogwarts, ele incentivou e favoreceu o menino por ser filho de Lúcio. Ele também o apoiava porque era rival de Potter e os dois meninos brigavam constantemente.

Para ser honesto, ele não estava realmente interessado nele. Ele tinha notas decentes — que poderiam ter sido excelentes se ele tivesse trabalhado mais duro — e era bastante popular na casa da Sonserina, apesar de seu caráter desagradável como filho único escandalosamente mimado. Sendo herdeiro de Lúcio, Severus pensou imediatamente que seguiria os passos do pai: assim que tivesse oportunidade, o garoto estenderia o braço para ser marcado sem fazer perguntas, como um bom herdeiro.

Aconteceu, obviamente. Só que ele estava muito errado: Draco realmente não queria se juntar aos Comensais da Morte e se ele tivesse conhecido seu aluno, ele saberia. Ele saberia e poderia tê-lo protegido.

Este foi mais um de seus erros e ele teria que conviver com isso. Severus suspirou.

— Draco. Existe algum problema?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 30 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Promasse de Sang ( Tradução )Onde histórias criam vida. Descubra agora