Entrando na cozinha, Draco ergueu uma sobrancelha surpreso. Harry cozinhava e parecia perfeitamente à vontade com uma frigideira na mão. Se o cheiro tentador fosse alguma indicação, o Grifinório era realmente muito bom nisso, e um novo grunhido vindo de seu estômago traiu sua presença. Harry se virou abruptamente e deu a ele um sorriso hesitante enquanto corava.
Ele estava procurando uma maneira de iniciar uma conversa — o que lhe parecia estúpido. Ele e Harry se conheciam há muito tempo e ele não gostava dessa distância repentina entre eles. Com certeza era estranho estar trancado em uma casa sozinho com o moreno, assim como era estranho beijá-lo e querer beijá-lo ainda mais. Esse distanciamento repentino foi frustrante e deixou Draco mal-humorado.
Em vez de ser desnecessariamente amargo, ele suspirou.
— Você tem alguma outra roupa? Eu estou sonhando com um bom banho!
Harry hesitou, depois encolheu os ombros.
— Talvez pudéssemos dar uma olhada no guarda-roupa do Sirius? Encontrei algumas calças velhas que pertenciam ao Ron, mas não tenho certeza se havia mais alguma coisa e você é mais alto que eu de qualquer maneira.
O elfo apareceu de repente, assustando os dois. A criatura colocou uma pilha de roupas limpas, embora antiquadas, sobre a mesa.
— Monstro encontrou algumas coisas do Mestre Regulus que poderiam ser úteis. Monstro os limpou e os está trazendo para os mestres.
Ele desapareceu imediatamente e Harry balançou a cabeça, surpreso com a repentina boa vontade do elfo, antes de encolher os ombros.
— Bom, podemos comer e depois você pode tomar o banho que sonha?
Draco hesitou, mordendo o lábio. Ele estava relutante, pois queria fugir para o chuveiro para pensar, porque a única coisa que aprendeu com seu pai foi como ser insensível ou cruel. Lucius não consolava, ele batia. Da mesma forma, Lucius não gostava de ninguém. Ele comprava o carinho de seus entes queridos com presentes. A cenoura e o pau. Era a isso que se resumia seu conhecimento dos relacionamentos com os outros. A única certeza de Draco era que ele não queria machucar Harry.
O Grifinório continuou cozinhando enquanto estava perdido em pensamentos e colocou um prato na mesa.
— Você deveria comer enquanto está quente.
Ele encontrou o olhar verde cheio de preocupação e assentiu, antes de tomar seu lugar à mesa, com cautela. Harry serviu-se e sentou-se à sua frente, em silêncio. Então ele começou a comer, olhando brevemente para ele, mas permanecendo em silêncio.
Draco soprou suavemente e começou a comer, achando o prato delicioso sem ousar elogiar Harry diretamente. Ele ouviu o jovem mexendo a comida em seu prato e notou que estava mexendo mais do que realmente comia, perdido em pensamentos. Deixando de lado o medo de ser rejeitado, e também adiando boa parte de sua educação, Draco colocou os talheres no prato gentilmente e murmurou.
— Algo está errado ?
Harry pulou e olhou para ele com os olhos arregalados. Então sua expressão relaxou e algo parecido com afeto brilhou em seus olhos. Ele balançou a cabeça antes de responder, sem tirar os olhos de Draco para mostrar que ele era sincero.
— Me desculpe, acho que toda essa situação está me deixando louco... estou tentando... não errar dessa vez.
Draco imediatamente franziu a testa, entendendo o que estava torturando Harry. Ele se levantou para se aproximar dele, fixando-o com seu olhar de mercúrio, até que ele elevou-se sobre o moreno. Então ele respondeu, destacando cada palavra.
— Você não cometeu nenhum erro.
Um véu de tristeza passou pelo rosto de Harry, mas Draco continuou, seguro de si.
— Você fez o seu melhor, com as informações que tinha. E seu padrinho provavelmente fez a mesma coisa. Droga, Harry! Se tivesse acontecido o contrário, se você tivesse... se fosse com você que tivesse acontecido alguma coisa naquele dia, no Ministério... Você culparia Sirius?
Harry pareceu horrorizado e balançou a cabeça.
— Não! Quero dizer…
— Não dê desculpas. É uma guerra. Você não é responsável por essa merda, senão você mesmo terá que me levar para Azkaban, por causa da marca no meu braço.
— Mas…
Draco ergueu uma sobrancelha, esperando pela próxima justificativa de Harry. Este último hesitou por um momento, seu olhar descendo para o braço cheio de cicatrizes do seu companheiro. Por um breve momento, Draco se encolheu, pronto para esconder isso nas suas costas. O rosto de Harry suavizou e ele assentiu, sorrindo levemente.
— Você nunca vai desistir disso, não é?
Eles se entreolharam por um momento, como sempre faziam. Então, Harry riu e balançou a cabeça, como se todas as suas preocupações tivessem evaporado de repente. Vendo que ele estava mais relaxado, o sonserino perguntou curioso.
— Como você quer que procedamos?
Harry piscou e encolheu os ombros.
— Estava pensando em ir à biblioteca e começar a procurar. Eu teria preferido que Hermione estivesse conosco, ela tem o dom de navegar por todos aqueles livros empoeirados.
Draco zombou e se inclinou na direção de Harry, perto o suficiente para sentir sua respiração em seus lábios.
— Assim teríamos deixado ela procurar e encontrado uma maneira mais... agradável de passar o tempo?
As pupilas de Harry dilataram e ele lambeu os lábios nervosamente, confuso. Ele tentou responder, mas só conseguiu produzir alguns sons incoerentes.
Com um sorriso malicioso, Draco se afastou, orgulhoso de si mesmo, como se não fosse afetado pela proximidade deles. Porém, ele também sentia essa atração entre eles e queria desesperadamente beijar Harry novamente.
Provocar Harry continuava sendo sua atividade favorita, ele adorava fazê-lo reagir acima de tudo. O jovem teve que admitir que vê-lo totalmente perdido foi particularmente gratificante, especialmente porque ele tinha certeza de que quando o pressionar o suficiente, Harry iria pressioná-lo e tirar dele à força o que ele estava lhe negando…
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Harry sentiu como se estivesse sendo levado por um elevador emocional. Foi particularmente desagradável, pois ele passou da alegria ao desespero a uma velocidade que o deixou tonto. Num momento ele estava esperançoso e confiante, mas de repente uma lembrança desagradável o atingiu, seu estômago revirou e ele mergulhou em um desespero sem fim.
Foi exaustivo e desestabilizador. Ele se sentia completamente perdido e tinha que admitir que sem Draco ao seu lado para trazê-lo de volta à superfície, ele provavelmente teria enlouquecido.
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Promasse de Sang ( Tradução )
Fiksi PenggemarApós a morte de seu padrinho, Harry afunda. Ele se afasta de seus amigos para protegê-los e perde a confiança em Dumbledore por causa de suas omissões. Até que um antigo ritual é acidentalmente realizado, mudando a vida de Harry... ▷► ESSA HISTÓRIA...