Capítulo 56

772 118 15
                                    

Demorou mais alguns momentos para Draco ter certeza de que Harry não tinha o menor ferimento, além de alguns arranhões na testa. Ele estava apenas inconsciente. O sonserino se lembrou de Harry falando sobre os momentos em que Voldemort invadiu sua mente, como no dia em que perdeu seu padrinho. Ele entendeu que o moreno devia ter testemunhado seu castigo, a fúria de Voldemort.

Draco soltou um gemido desesperado e desajeitadamente puxou Harry para mais perto com uma força que ele achava que não tinha, dado o seu estado. Ele o abraçou com força, enterrando o rosto em seu pescoço, sussurrando para ele — com um soluço seco — para acordar, para voltar. Para voltar para ele.

O jovem não saberia dizer quanto tempo ficaram assim, abraçados, no chão desconfortável e frio da biblioteca. Ele apenas segurava Harry, conversando com ele constantemente, sem nem mesmo saber o que estava dizendo, apenas porque sua voz poderia ajudá-lo a recuperar a consciência. Ele o segurou e monitorou sua respiração e as batidas regulares de seu coração. Ele se forçou a pensar que Harry estava bem, que seu espírito não estava quebrado como o dos Longbottoms. Que ele só precisava de algum tempo para se recuperar, aconteça o que acontecer. Harry não poderia abandoná-lo. Não quando eles estavam se tornando próximos, em um relacionamento finalmente pacífico e até agradável.

A onda de alívio que atingiu Draco quando Harry começou a se mover quase o deixou inconsciente novamente. Ele abraçou e puxou o jovem um pouco mais perto dele, deixando as lágrimas caírem sem nem perceber, implorando para que o companheiro estivesse bem.

****

Abrindo os olhos, o primeiro pensamento de Harry foi em Draco. Ele não teve tempo para se preocupar porque imediatamente ouviu a voz dele sussurrar, embora não conseguisse entender as palavras. No entanto, seu tom era ansioso e urgente. Draco estava ao lado dele, eles estavam nos braços um do outro, e o sonserino conversava com ele. Draco estava vivo.

Harry se mexeu ligeiramente, feliz por sentir que não estava ferido. Ele estava com uma forte dor de cabeça e seus músculos estavam um pouco rígidos por causa da dor, mas nada que uma das poções dadas por Madame Pomfrey não pudesse resolver. No entanto, ele ficou parado por mais um tempo, sentindo como se algo estivesse diferente, mas incapaz de determinar o que havia mudado.

Seus pensamentos foram interrompidos quando sentiu as lágrimas de Draco escorrendo por seu pescoço. Ele resmungou, com uma voz instável.

— Ei — Obviamente, seus gritos de dor ao entrar na cabeça de um Voldemort furioso, irritaram muito suas cordas vocais, deixando-o quase sem voz.

Draco pulou e olhou para ele, dando um beijo confuso em seus lábios, molhados de lágrimas. Harry o abraçou com um suspiro de alívio, feliz por vê-lo vivo e consciente. 

Ele sussurrou com voz rouca, estremecendo por causa da dor de garganta.

— Você está indo bem ?

Draco soltou uma risada nervosa, fungando.

— Dolorido em todos os lugares, mas está tudo bem. E você? O que aconteceu ?

Harry exalou de alívio com a resposta de Draco, feliz pelo amigo não ter se machucado. Ele encolheu os ombros com um gemido de dor, aproximando-se de seu companheiro e beijando sua têmpora antes de responder.

— Não sei. Você desmaiou e… eu… eu senti a raiva dele.

****

Permaneceram em silêncio, apesar do desconforto do chão. A dureza do chão foi dolorosamente sentida em cada um dos seus músculos abusados. Draco ficou tenso de repente, apertando Harry com mais força antes de sussurrar incerto.

— Ele estava tentando me matar. Através da marca. Não entendo como... como sobrevivi, deveria ter morrido. Eu senti seu ódio, sua raiva por mim e...

De repente, ele estremeceu e fechou os olhos, tentando afastar os sentimentos de seus pensamentos. Em seus braços, Harry soltou um rosnado rouco.

— Eu não vou deixar. Vou encontrar uma solução, juro... mas você não terá que passar por isso de novo.

Draco fechou os olhos, ofegante. Ele sabia que Harry era totalmente sincero, que faria tudo ao seu alcance para protegê-lo ainda mais do que já fazia. Ele quase podia sentir a determinação dele e era estimulante.

Draco se recuperou rapidamente antes de protestar, irritado.

— Acima de tudo, você evitará se colocar em perigo, Potter! Por Merlin, preciso de você!

Ele nunca foi tão franco e direto sobre seus sentimentos e sentiu Harry ficar tenso contra ele.

Hesitantemente, o Grifinório sussurrou.

— Realmente ?

Draco permaneceu em silêncio por alguns segundos, hesitando em se abrir dessa forma. Então ele se lembrou da dor insuportável ao pensar que estava vivendo seus últimos momentos. Ele não esqueceu que o único pensamento coerente que teve foi sobre Harry. Foi o rosto de Harry que ele viu, como se quisesse ajudá-lo a lidar com essa provação. 

Então, com a impressão de se atirar no vazio, respondeu num sussurro, vulnerável. 

— Você não tem ideia de quanto.

Harry engasgou, obviamente esquecendo como respirar. Então, ele o forçou a levantar a cabeça para encontrar os encantadores olhos verdes que ele conhecia de cor. Harry sorriu para ela, quase com ternura, e deu um leve beijo em seus lábios, com uma gentileza que torceu seu coração.

O Grifinório murmurou sua resposta sem a menor hesitação.

— Eu preciso de você também, Draco.

****

Harry era geralmente muito tímido e retraído para admitir facilmente seus sentimentos. Ele não era realmente uma pessoa atenciosa, preferindo ação.

Ele não sabia se foram as palavras de Draco que o fizeram responder ou se foram apenas as consequências do que aconteceu com eles.

Ele se recusava a admitir isso, é claro, mas tinha a sensação de que ambos haviam chegado muito perto da morte. Voldemort estava torturando Draco, Harry tinha visto, mas algo o deteve abruptamente. Provavelmente foi a mesma coisa que tirou Harry da sua cabeça e acabou com a dor resultante.

A confissão que poucas horas antes lhe teria parecido impossível deu-lhe a impressão de estar mais leve e fez correr-lhe nas veias uma onda de excitação. Ele não apenas admitiu para Draco que era importante para ele, mas o sonserino sentia o mesmo. Eles estavam juntos e essa constatação foi suficiente para encher Harry de esperança e otimismo. Enquanto fossem ambos, nada poderia acontecer com eles. Eles cuidavam um do outro.

Promasse de Sang ( Tradução )Onde histórias criam vida. Descubra agora