Mordendo o lábio, com a expressão de um garotinho que fez algo estúpido, Harry entrou na biblioteca em silêncio, hesitante em incomodar Draco.
O sonserino ainda estava no mesmo lugar, parecendo totalmente absorto em sua leitura, com a testa franzida em concentração.
Harry encostou-se no batente da porta para observá-lo, seus olhos admirando o perfil de seu companheiro, sem poder deixar de sorrir com ternura.
O carinho que sentia por Draco se espalhou por ele, quase o queimando, como um sol nascendo em seu peito. Ele nunca havia se sentido assim por ninguém antes e não se importava em investigar o que poderia ser. Era Draco, só ele. Ele tinha certeza de que não se sentiria assim por mais ninguém.
Ele piscou, afastando seus pensamentos, percebendo que Draco estava parado, congelado. Ele não virou as páginas, não se mexeu. Ele estava apenas sentado, com a testa franzida, o olhar fixo no livro aberto à sua frente, as mãos apoiadas na mesa.
Um arrepio percorreu a espinha de Harry, quando o medo começou a tomar conta dele. A memória de Draco gritando silenciosamente e desmaiando passou por sua mente, aumentando seu desconforto, e o jovem deu um passo hesitante à frente, com a respiração curta.
Como ele estava vendo Draco de perfil, este deveria ter percebido seu movimento com o canto do olho e se virado em sua direção, ou pelo menos reagido a sua presença. Um pequeno movimento teria sido suficiente para afrouxar o torno que envolvia o peito de Harry.
Mas Draco não se moveu. Nem um piscar de olhos. Nem mesmo um movimento nervoso do dedo. Uma verdadeira estátua.
Harry deu outro passo assustado, as batidas frenéticas de seu coração quase o ensurdecendo enquanto imaginava o pior. Ele ainda estava longe demais para tocar Draco, mas perto o suficiente para perceber que ele estava respirando. Seu peito subia regularmente, com calma. Ele estava simplesmente imóvel, como se estivesse petrificado.
Harry engasgou ao recuperar o fôlego, sem ter percebido que estava prendendo a respiração. Inseguro, ele resmungou, com a garganta seca.
— Draco?
Não houve a menor reação. Era como se Draco não estivesse mais ali, como se estivesse diante de um envelope vazio.
Harry começou a tremer, o pânico nublando sua mente, pois ele estupidamente pensou que tinha sido um completo idiota durante a última conversa. Como se ele nunca mais pudesse ver Draco.
O pensamento o atingiu como um balde de água gelada e seu próximo chamado foi um verdadeiro grito.
— Draco!
Ao grito dele, Draco pulou violentamente, quase caindo da cadeira. Ele se virou, pronto para gritar com Harry por lhe causar tanto susto, mas as palavras morreram em seus lábios quando ele viu o pânico no olhar verde. Harry estava pálido e trêmulo, com os olhos arregalados, perto do choque.
Ele franziu a testa e se levantou para caminhar lentamente em direção ao companheiro, diminuindo a distância entre eles com passos nervosos. Draco hesitou antes de colocar as mãos nas bochechas dele, acariciando-as brevemente, depois puxou-o suavemente contra ele, envolvendo-o firmemente em seus braços.
Harry respirou fundo contra o peito de Draco e segurou-o, como se quisesse se assegurar de que ele era real.
Um pouco preocupado, Draco deu-lhe alguns segundos para se recompor, esfregando suavemente suas costas. Então, depois de um leve beijo em sua têmpora, ele sussurrou.
— E se você me explicasse o que te colocou nesse estado?
Harry engasgou e murmurou. Neste momento, Draco estava disposto a apostar que suas bochechas estavam vermelhas e ele estava olhando para baixo, envergonhado de sua reação. No entanto, ele permaneceu em silêncio, querendo uma explicação.
Finalmente, Harry encolheu os ombros de forma um pouco abrupta, sem se afastar de Draco ou soltá-lo. Então ele admitiu nervosamente.
— Você estava completamente imóvel, como se estivesse congelado. Entrei, chamei por você, mas você não se mexeu. Nem um único maldito músculo. Então eu estava com medo. Acho que desde ontem estou... um pouco nervoso.
Normalmente, Draco provavelmente teria rido dele. Ele teria feito uma piada sobre sua reação exagerada ou sobre os perigos que o aguardavam numa biblioteca.
No entanto, o ataque de Voldemort no dia anterior ainda estava fresco em suas mentes. Draco sabia que Harry pensou que iria morrer diante de seus olhos. Talvez um dia eles pudessem brincar sobre isso, mas definitivamente era cedo demais.
Com um suspiro, Draco esfregou suavemente as costas dele, adotando um tom suave para responder.
— Eu estava focado na minha leitura. Provavelmente… perdi a noção do tempo. Desculpe…
Harry soltou uma risada nervosa, sem se afastar de Draco, parecendo incapaz de soltá-lo ou se afastar dele.
— Você não se mexeu, não virou as páginas. Droga, o que você achou que te fascinou tanto?
Draco ficou tenso, pensando no que havia chamado sua atenção, então suspirou.
— Você deveria dar uma olhada. Quero dizer… Bem. Olhe e…
Harry deu um passo para trás, franzindo a testa, olhando para Draco.
— Para fazer você hesitar tanto, tenho a impressão de que isso não é uma boa notícia. Você geralmente é mais... falador.
Draco revirou os olhos, mas manteve o rosto sério. Harry suspirou e foi embora resmungando.
— Em última análise, é o estresse que vai me afetar! Gostaria de passar um dia sem me perguntar o que vai acontecer conosco! Isso é pedir muito?
Normalmente, mais uma vez, Draco teria zombado. Talvez ele até tivesse encontrado uma resposta zombeteira.
Exceto que o assunto era definitivamente muito delicado para se brincar. Quando Harry virou as costas, Draco fechou os olhos por um momento para respirar suavemente, tentando acalmar seus nervos em frangalhos.
Quando ele abriu os olhos, percebeu o olhar preocupado de Harry sobre ele, e interiormente se culpou por demonstrar fraqueza. Ele recuperou um rosto neutro, escondendo todos os vestígios de sua confusão.
Harry permaneceu em silêncio, olhando para ele por mais um momento, como se tentasse ler seus pensamentos. Então, ele sentou-se lentamente no lugar que o companheiro ocupava anteriormente, bem em frente ao livro que prenderá toda atenção do sonserino.
Draco se impediu de avançar para pegar o livro das mãos dele. No entanto, ele não poderia protegê-lo de tudo, especialmente quando se tratava de Voldemort e da guerra. Ele deu um passo à frente, apenas o suficiente para poder colocar a mão no ombro do moreno, em sinal de apoio. Não havia mais nada que ele pudesse fazer, apenas apoiá-lo…
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Promasse de Sang ( Tradução )
Hayran KurguApós a morte de seu padrinho, Harry afunda. Ele se afasta de seus amigos para protegê-los e perde a confiança em Dumbledore por causa de suas omissões. Até que um antigo ritual é acidentalmente realizado, mudando a vida de Harry... ▷► ESSA HISTÓRIA...