Capítulo 40

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Ele ouviu Harry rir suavemente, sem malícia. Draco quase pulou quando seu companheiro se virou para abraçá-lo e puxá-lo contra ele. O Grifinório sussurrou, em um tom levemente zombeteiro.

— Você tem medo do escuro, Malfoy?

Draco revirou os olhos e aproveitou a escuridão para mostrar um leve sorriso, mais divertido do que irritado com a pequena farpa. No entanto, ele respondeu com um tom mal-humorado, entrando no jogo de Harry.

— E se eu tiver? Tem como sair daqui? Não achei que sua solução fosse bancar a toupeira…

— Paciência, só estava me certificando de que a barra estava limpa. Se houver luz do outro lado, é melhor esperar um pouco. Acho que você não tem a menor ideia de onde vamos sair...

Draco hesitou brevemente e aproveitou a escuridão para acariciar o pescoço de Harry, sua respiração fazendo cócegas na pele bronzeada. A frase de Harry foi interrompida por um suspiro que divertiu particularmente o jovem. Provavelmente não era hora de brincar, mas era a maneira perfeita de esquecer o medo. Provocar Harry era uma atividade da qual ele nunca se cansaria, mesmo que não fosse pelos mesmos motivos de antes…

Harry o abraçou um pouco mais forte com um rosnado baixo.

— Não me distraia, por favor... o objetivo é não ser pego.

O coração de Draco deu um pulo, pois ele se sentia particularmente satisfeito por perturbar tanto Harry. Ele resistiu à tentação de dar um beijo na pele do grifinório, dando um passo para trás para escapar da atração que isso representava. O braço de Harry o segurou por um momento antes de deixá-lo se afastar com um suspiro.

No momento seguinte, Harry estava se afastando e abrindo o alçapão acima deles, empoleirado na escada frágil. Então a luz voltou quando Harry sussurrou "lumos" e se afastou para permitir que ele saísse do túnel também.

Enquanto Harry fechava o alçapão para remover todos os vestígios de sua passagem, Draco olhou ao redor com as sobrancelhas franzidas tentando localizar o ponto de chegada. De repente, seus olhos se arregalaram.

— Estamos na Dedosdemel?

— Sim. Mais precisamente nos fundos da loja — Harry riu — Preparado? Neste momento, Hogsmeade está deserta, deveríamos conseguir sair sem sermos notados. Aqui, assim que escurece, fica muito tranquilo.

Draco seguiu Harry sem dizer uma palavra, dando uma última olhada na sala cheia de guloseimas, e eles puderam sair da loja discretamente pela porta que os entregadores deveriam usar. Um simples Alohomora é suficiente para desbloquear o acesso ao beco atrás da famosa loja. Enquanto caminhavam pelas ruas escuras e desertas da pequena cidade bruxa, Draco agarrou o braço de Harry.

— Você está ciente de que nenhum de nós tem idade suficiente para aparatar? E que não podemos fazer magia fora de Hogwarts? Como vamos chegar à casa do seu padrinho?

Harry deu-lhe uma piscadela de conhecimento.

— Você já pegou o ônibus mágico?

****

D

raco parou abruptamente, com os olhos arregalados. Ele já tinha ouvido falar do ônibus mágico, pois obviamente cresceu no mundo mágico. Porém, seus pais sempre falaram disso com óbvio desdém e sempre criticaram esse meio de transporte, parecendo demais com invenções trouxas na opinião deles. Ele suspirou, balançando a cabeça, depois fez uma careta, não muito entusiasmado com a proposta do Grifinório. Ele tentou protestar, mesmo sabendo que Harry não mudaria de ideia.

— Achei que não deveríamos nos destacar?

Harry encolheu os ombros despreocupadamente. Com um sorriso malicioso, ele enfiou a mão no bolso por um momento e tirou um chapéu.

— Basta esconder seu cabelo tão reconhecível e ninguém vai prestar atenção em nós...

A primeira pergunta que veio à mente de Draco claramente não era a que Harry esperava.

— O que você está fazendo com um chapéu no bolso, Potter?

O moreno piscou e encolheu os ombros.

— Eu uso quando vou para Hogsmeade. Para esconder minha cicatriz. Essa é a vantagem da estação fria aliás, não posso fazer no verão...

Draco permaneceu em silêncio, seguindo-o sem dizer mais nada. Ele não ficou realmente surpreso com a resposta de Harry, ele descobriu que o moreno não gostava muito de ser alvo de atenção, embora muitas vezes ele zombasse do grifinório por causa disso.

****

Quando ele explicou sobre a presença de um chapéu no bolso, Harry esperava um comentário zombeteiro de Draco. Porém, o sonserino permaneceu em silêncio e Harry olhou para ele de soslaio, um pouco perplexo.

Ele não pôde deixar de se preocupar com seu companheiro, principalmente depois de vê-lo caído no chão, sangrando. Harry de repente estremeceu quando a imagem de Draco machucado voltou para ele, e uma onda de pânico o atingiu. Ele realmente pensou que o havia matado. Que ele havia causou a morte de Draco Malfoy. E esta observação o encheu de um desespero violento, com a impressão de que seu peito havia sido arrancado.

Harry era muito bom em enterrar profundamente perguntas estranhas. Ele não queria saber por que sentia tanto carinho por Draco. Ele podia entender a necessidade dele de protegê-lo, porque ele o havia machucado. Porque ele quase o matou. Havia também esse vínculo mágico entre eles, que ele iniciou inconscientemente. Esta promessa de sangue. Estranhamente, ele não tinha o menor arrependimento e mesmo sem a obrigação da magia, ele teria feito questão de proteger Draco.

Entretanto, esse desejo constante de tocar Draco e esse desejo de mantê-lo por perto pareciam não ter relação com a promessa. Em vez disso, ele teve a estranha sensação de que era muito mais profundo, muito mais antigo do que isso. Como se ele tivesse se apegado ao insuportável Sonserino desde que se conheceram, sem sequer perceber.

A ação efetivamente o distraiu de seus pensamentos, que eram um pouco embaraçosos para ele. Eles precisavam sair de Hogwarts rapidamente e não ser surpreendidos, não era realmente o momento para se distrair ou ficar imerso em pensamentos.

Promasse de Sang ( Tradução )Onde histórias criam vida. Descubra agora