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*Narrador

Os garotos conversavam sobre a expectativa do churrasco, o cunhado dos Reolis que tinha conseguido aquele show para eles e eles iriam ganhar setenta reais pela noite.

Diana observava a animação deles e sorria a cada brincadeira que trocavam entre si, mas seu sorriso se desfaz ao sentir a cólica começar a incomodar. Ela leva as mãos até a barriga e se encolhe no sofá.

- Você está bem? - Bento pergunta ao ver a garota encolhida no sofá.

- Não, animal. - Dinho responde por Diana. - Eu não falei que ela ia ficar em casa porque não estava bem?

- Cala a boca, Dinho. - Bento resmunga.

- Eu estou bem, só estou com cólica. - ela fala e os dois assentem.

- E o que você faz quando sente cólica? - Bento pergunta e Sérgio, Júlio e Samuel param de conversar e começar a prestar atenção na conversa dos dois.

- Eu deito em posição fetal e choro até a dor passar. - ela fala e fecha os olhos, mas após alguns minutos em silêncio abre os olhos e gargalha ao ver os cinco a encarando com feições assustadas. - Eu estou brincando, cabeçudos... Eu tomo um remédio, como doce até não aguentar mais e assisto Dirty Dancing e Titanic.

- Tita o quê? - Samuel pergunta e ela arregala os olhos.

- Você não sabe o que é Titanic? - ela pergunta assustada.

- Deve ser aquele navio que afundou, não é? - Júlio pergunta e Diana suspira.

- O filme ainda não lançou, mas que merda. - ela resmunga. - É perfeito. - ela se encolhe no sofá e estende a mão pra Sérgio que estava sentado no chão. - Jack deixa Rose ficar em cima da porta para ela não passar muito tempo na água gelada, mas eles ficam de mão dadas e aí quando ela ouve o apito... Ela percebe que o Jack morreu e solta a mão dele, deixando ele afundar e sumir pra sempre. - a garota sente os olhos marejarem e ainda com a mão estendida para Sérgio ela começa a cantarolar a música do filme. - Near, far, whereeeeeeeeeever you are.

Os cinco garotos trocam olhares confusos.

- Mas... - Júlio tenta falar, mas é interrompido.

- Mas ela foi uma vaca, cabia os dois naquela porta. - Diana suspira e se arruma no sofá. - Prometem que se um dia a gente morrer afogado, não vão morrer e me deixar sozinha? Tenho medo do oceano.

- Morrer afogado? No máximo no mar da praia grande e se for um de nós o mar devolve e não aceita a oferenda. - Dinho fala e Diana da risada, mas logo faz uma feição de dor.

- Vou ligar pro meu cunhado e cancelar o show. - Samuel fala se levantando e todos o encaram. - A menina está morrendo. - ele aponta pra Diana.

- Eu vou ficar bem, relaxem. - ela fala e se arruma no sofá, ficando de barriga para cima e encarando o teto. - Tá... Se eu for com vocês, vocês param de ficar me encarando assim? - ela pergunta após ficar alguns minutos em silêncio e sentir o olhar dos cinco a fuzilando.

- Não, mas você vai de qualquer jeito. - Júlio fala e Diana suspira frustrada.

...

O churrasco estava bem parado, mas os meninos continuavam tocando. Diana sente a raiva tomar conta de seu peito ao ouvir cochichos reclamando dos garotos, mas a raiva logo passa e ela sente o peito ser tomado por um sentimentos inexplicável, aquele mesmo sentimento que ela sentia todas as vezes em que escutava Horizonte Infinito.

- Mergulhando no sonho me transporto pra um mundo de falsas verdades que só eu hábito, vagando entre as nuvens em caminhos que nem eu acredito. - ela canta junto com Dinho. - Até tudo ficar sem sentido de novo e novamente eu ficar sozinho em um canto escuro da rua, de volta ao velho camin... - ela sente o coração acelerar no mesmo instante que sente a fraqueza tomar conta de seu corpo.

Sonho de amor - Samuel Reoli (M.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora