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• Vitória •

— Você tem certeza que não quer que eu te leve em casa? — Assenti.

— Sim, Sávio, mas obrigada por cuidar de mim — Dei um beijo na bochecha dele que sorriu — Tchau

— Tchau, preta, se cuida. — Fechei a porta e encontrei o Gustavo chegando em casa.

— Vitorinha, como vai você? — Falou se aproximando.

— Não chega perto de mim!

— Fica tranquila, Vih, eu não vou fazer nada demais com você — Me encostei na parede com medo enquanto ele se aproxima mais.

— Então não chega perto, merda. — Ele colocou a mão no meu rosto fazendo carinho e senti uma lágrima cair do meu olho.

— Sabia que eu não gostei do jeito que você falou comigo ontem?

— Sa... — Tentei gritar, mas Gustavo impediu colocando a mão na minha boca.

— Tá com medo, Vih?! Porque ontem quando você falou aquilo pra mim você não teve. — Chutei ele pra longe e fui correndo pro elevador que já tava aberto e apertei o botão o mais rápido o possível pra que ele fechasse logo, mas não deu e ele conseguiu entrar e me segurou pelo cabelo —  Você não quer que eu faça nada demais com você, não é?

— Me solta, por favor...

— Responde minha pergunta merda! — Puxou mais o meu cabelo me fazendo estremecer.

— Não...

— Então agora você vai entrar na minha casa e fazer o que eu mandar, tá me entendendo? — Assenti e ele me soltou, sai do elevador e enquanto ele não olhava fui correndo pra porta do Sávio e entrei correndo atrás dele.

— Vitória, o que houve?! Por que você tá chorando? — Me olhou assustado.

— O Gustavo! — Falei baixo abraçando ele.

— Quem Vih?! Olha pra mim — Segurou meu rosto fazendo eu olhar pra ele. — O que aconteceu?

— O Gustavo, ele...

— Vitorinha você quer mesmo que seja assim? — Ele entrou na casa do Teto.

— O que você fez com ela? — Teto olhou sério pra ele

— Não fiz nada ué, só fui falar com ela e ela ficou assim.

— Você deve ter feito mais alguma coisa pra ela ter ficado assim seu filho da puta!

— Você acha mesmo que eu vou fazer alguma coisa com essa maravilha. — Tentou se aproximar

— Nem tenta chegar perto dela de novo.

— Qual é, eu sei que ela sente saudades de nós.

— Me explica por que ela tá assim então? Com medo de você?

— É só um drama dela. — Tentou se aproximar de novo

— Aí, eu tô falando sério, se você tentar chegar perto dela de novo eu vou ligar pra polícia então eu acho melhor você sair do meu apartamento!

— Eu ainda vou ter você de volta, Vitória. — Saiu e batendo a porta.

— Você tá bem? — Segurou meu rosto me fazendo encarar ele e neguei com a cabeça — O que ele fez com você? Você quer que eu chame a polícia? —  Ele secou minhas lágrimas com o polegar, mas nem adiantou tanto.

— Ele queria que eu entrasse na casa dele... — senti mais lágrimas caírem pelo meu rosto

— Ei Vih, fica calma, eu to aqui com você, tá? — Suspirei me acalmando — Quando vocês namoravam, não foi só a traição que fez vocês terminaram né?

— Não, ele também me abusava, me restringia das coisas, não deixava eu usar certas roupas... — Senti meus olhos lagrimejarem, mas segurei.

— Esse é o seu medo? — Assenti — Tá tudo bem agora, tá bom? — Me abraçou.

Me senti tão segura no abraço dele que não queria mais sair dali por nada.

— Desculpa por ser assim.

— Você já se lamentou por isso. — Murmurou e riu.

— Já? — Assentiu

— Ontem quando você estava bêbada. — Ri e me soltei dele.

— Eu bêbada devo ser outra pessoa, meu Deus. — Limpei meu rosto com as mãos. — Brigada de novo, Sávio.

— Sempre, preta. Quer dar uma volta, pra ver se esquece um pouco disso?

— Aonde?

— Surpresa.

— Eu tô feia.

— Cê não é feia

— Você quer que eu saia sem tomar banho é?

— Eu tenho chuveiro aí pô. — ri — E eu te empresto uma roupa minha daí você se vira.

— Ah, valeu — debochei

...

— Se eu soubesse que a gente vinha num restaurante desse eu colocava uma roupa melhor.

— Se fica linda de qualquer jeito, Vih.

— Eu sei né, Sávio, só que agora não é o lugar pra essa roupa.

Um garçom nos atendeu e nós mostrou uma mesa pra dois e sentamos.

— Você parece tá normal depois do que aconteceu.

— Tô nada.

— Não parece tá abalada depois daquilo.

— Não parece, mas por dentro eu to bem mal. — Suspirei. — Me fez lembrar de quando eu e ele estávamos juntos, foi o pior ano da minha vida.

— Com licença, já sabem o que vão pedir?

Falei meu pedido pro garçom e depois o Teto também. Conversamos a noite inteira sem ficar quietos um minuto, parecia que faz tempo que não nos viamos.

• Teto •

— Gostou de hoje?

— Como que não? Tava com você. — Sorriu.

— Sou foda né, pode falar.

— É um convencido, isso sim. — Sorriu. — Adoro essa música! — aumentou o volume do rádio.

Ela começa a cantar música e eu só reparo no quão ela é perfeita em tudo e em como eu tenho sorte de ter ela do meu lado.

— Tenho que te contratar pra cantar comigo, pô — Riu.

— Eu nem canto tão bem assim.

— Eu acho que você ainda não se escutou cantando.

— Valeu.

— Entregue. — Parei o carro na frente da casa dela.

— Brigada. — Desceu do carro.

— Boa noite

— Boa noite, amanhã a gente se vê na casa da Clara?

— Na casa da Clara? Por que?

—  Chá revelação, ou.

— Aé. Sim, a gente se vê.

— Tchau. — Sorri.

— Tchau, preta

Poesia | TetoOnde histórias criam vida. Descubra agora