Capítulo 1

221 4 0
                                    

Quarta-feira

— Ele já acordou?

Ele supôs que era o "Ele" em questão, mas a dor lancinante em sua cabeça o impediu de pensar muito mais na situação. Ele abriu os olhos lentamente: primeiro o esquerdo, depois o direito, depois os dois ao mesmo tempo. A luz ofuscante da sala o forçou a fechá-los novamente.

— Hum. Parece que sim. — Outra voz desta vez. Então: — Ele finalmente conseguiu um nome além de Senhor Coma?

Houve um farfalhar de papeis. Tanto barulho.

— Drake - Coma - Malford.

— Drake Malford? — a Voz Número Um riu levemente. — Que nome. Parece que ele acabou de sair do set de uma novela.

— Poderia ter, pelo que sabemos. A polícia tem estado muito discreta. Acabou de nos dizer o nome ontem à noite. Me ajude com essas cortinas, sim?

Ganchos de cortina rangiam no varão da cortina. Ele tentou abrir os olhos novamente. A dor queimou sua cabeça. Foi um erro. Ele os fechou novamente abruptamente.

A Voz Número Dois aproximou-se dele novamente.

— Senhor Malford?

Ele tentou um "Shhh", mas seus lábios estavam secos demais para realizar qualquer coisa além de um franzir fraco.

— Hum. — A Voz Número Um agarrou seu pulso e pressionou os dedos nele. — Vamos pegar alguns remédios para dor de cabeça. Provavelmente está muito ruim.

Ele tentou acenar com a cabeça. Foi recompensado com dor.

— Não se preocupe, Sr. Malford. Isso vai ajudar. — A Voz Número Um mexeu em alguma coisa na bolsa intravenosa à sua direita.

— Vou dizer à Dra. Abbington que ele está acordado. Seu prontuário diz que... — as palavras da Voz Número Dois se dissolveram no nada enquanto o soro gotejava um feliz esquecimento em suas veias.


xxxxx


Quinta-feira

— Senhor Malford?

Ele descobriu que poderia abrir os dois olhos agora. A dor ainda estava lá, mas era tolerável. Falar, porém, era um pouco mais difícil. Sua língua era uma lesma grossa, seca e superalimentada em sua boca. Sua garganta parecia ter sido forrada com estopa.

— Senhor Malfod? — esta era a Voz Número Um, que, como ele podia ver agora, era na verdade uma mulher de meia-idade com sobrancelhas muito finas. — Você gostaria de algumas lascas de gelo?

Ele ofereceu o menor aceno que conseguiu. Os pedaços de gelo queimaram, mas ainda pareciam o paraíso para seus lábios rachados.

Uma mulher diferente entrou na sala agora. Ela tinha sobrancelhas muito mais grossas e cheirava a anti-séptico.

— Olá, Sr. Malford — ela disse. Ela folheou seu prontuário e olhou para várias das máquinas às quais ele estava conectado. — Eu sou a doutora Abbington. Que bom ver você acordado. Siga esta luz com seus olhos. Hummm. Obrigado. Como está sua cabeça esta manhã? — ela olhou em seus ouvidos e em seu nariz.

— Dói — ele rangeu. Sua voz soava estranha para ele. Provavelmente, ele raciocinou, porque sua garganta estava em péssimas condições. Por outro lado, como ele rapidamente percebeu, ele não tinha certeza de como aquilo deveria soar.

— Sim, bem, isso era de se esperar. Isso certamente vai melhorar com o passar do tempo — disse ela enquanto continuava a cutucá-lo e manuseá-lo. — Você se lembra de como chegou aqui?

Thirteenth Night | Tradução - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora