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Eu estava com os nervos à flor da pele e meu coração estava a mil.
Primeiro que eu estava com raiva por saber que alguém tinha coragem de bater naquela garotinha. Depois que saímos do restaurante e eu a acomodei no carro, tive a visão de alguns hematomas no corpo dela.
Aquilo beirava ao ridículo.
Covardia é o que eu chamo quando um adulto tem coragem de machucar a criança, e eu não estava feliz com isso.
Queria que esse ser humano recebesse o que merecia e sabia que meu marido era a pessoa certa para lidar com isso.
Enquanto descíamos a escada, eu parei abruptamente olhando para ele e o fiz parar no último degrau.
— O que foi? — me encarou com preocupação.
— Ela disse que batiam nela. Quero que você descubra quem são essas pessoas e garanta que elas não possam mais machucar Melissa ou qualquer outra criança.
Piero assentiu, sua expressão séria mostrando que ele compartilhava da minha indignação.
— Tudo bem. Vou pedir para que o executor da Genovese lide com isso.
— Até ontem você era o executor, Piero. Quero que você mesmo se encarregue disso. Quero que tenha certeza de que essas pessoas pagarão pelo que fizeram.
Ele olhou para mim por um momento, seus olhos brilhando com determinação.
— Entendi. Vou cuidar disso pessoalmente.
Eu abri um sorriso fraco. Gostava desse Piero que sempre atendia aos meus pedidos, independentemente de quais fossem ele.
Meu marido sorriu, arqueando a sobrancelha.
— Olha só pra você, já é uma Rizzo de verdade. Não consigo me decidir se isso me assusta ou me deixa orgulhoso.
Revirei os olhos com seu comentário, mas não pude deixar de sorrir.
— Você deveria ter medo. — Brinquei. — Afinal, agora tenho todo o poder da máfia ao meu dispor.
A porta de entrada foi aberta e Giulia entrou em casa com algumas sacolas de loja de criança nas mãos.
— Aqui está o que vocês me pediram. — disse a minha cunhada, me entregando as sacolas. — Devo achar estranho que vocês tenham me ligado pra pedir pra comprar roupas de criança?
— Você vai ser tia. — Piero respondeu a irmã — Decidimos adotar uma criança.
Giulia arregalou os olhos, surpresa evidente em seu rosto.
— Adotar uma criança? Até ontem você mal conseguia amarrar os próprios cadarços, Piero. E agora você vai ser pai aos vinte e um?
Ele assentiu, e então, nós explicamos a ela toda a história. E explicamos mais duas vezes para a minha sogra e depois para o Renzo e Gaia até que toda a família soubesse da nossa decisão.
