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Meu pai estava mesmo aproveitando essa ideia de aposentadoria. Ele parecia mais relaxado, menos tenso do que costumava ser quando estava atuando como chefe dos executores. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia que ele ainda mantinha um certo controle sobre as coisas, mesmo que de maneira mais sutil.
Encontrei com ele no clube de golfe, porque eu disse que queria conversar e em suas mais novas palavras, "ele não tinha tempo para reuniões formais em seu escritório".
Eu o observei se posicionar para dar a tacada.
— Vamos fazer uma aposta. — Ele sugeriu — Quem perder a partida, paga o almoço.
Eu forcei um sorriso, sabendo que eu dificilmente ganharia isso.
Meu pai sabia jogar golfe muito bem, já eu sabia o básico do básico.
Eu assenti concordando com a aposta mesmo assim, e ele deu a tacada.
— Isso é judaria. — Brinquei.
— Diga sobre o que você queria falar. — Ele respondeu, enquanto eu me posicionava para a minha tacada.
— Heaven quer se mudar. Ela não é do tipo que gosta de estar em uma casa cheia de gente. — Falei de uma vez e bati com o taco na bola, tentando acompanhar meu pai enquanto ele começava a caminhar em direção ao campo.
Ele permaneceu em silêncio por um momento, ponderando minhas palavras, antes de finalmente responder:
— Ela foi maltratada na nossa casa?
Revirando os olhos discretamente, respirei fundo antes de responder a meu pai, tentando não deixar transparecer minha frustração.
— Não se trata disso, pai. É só uma questão de privacidade, liberdade. Ela se sente mais confortável em um ambiente mais tranquilo, sabe? Sem tantas pessoas ao redor o tempo todo.
Ele acenou com a cabeça, parecendo contemplativo. Era difícil decifrar suas reações, especialmente quando se tratava de assuntos pessoais.
— Entendo. E você, o que acha disso?
— Ela não teve muita escolha quando se casou comigo.
Meu pai ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado com minha resposta. Era um assunto delicado, mas eu precisava ser honesto com ele, assim como havia sido com Heaven.
— Quero fazer algo pra ela pelo menos uma vez. — Acrescentei — Eu não tenho sido tão cordial desde que ela veio morar conosco.
Meu pai parou por um momento, olhando-me nos olhos com uma expressão que era difícil de decifrar.
Ele deu um pigarro.
Queria que ele pelo menos pensasse sobre esse pedido.
Ele sabia que eu respeitaria sua palavra se me dissesse que "não". Mas a família de Heaven não era como a nossa, eles cresceram diferente.