Zyan

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Ka estava em uma caverna, era dia e tinha um acampamento improvisado ao seu redor. Um mini forno com um bule de chá, pães e ao seu lado uma tigela com resto de sopa. Sua mente rodava, não tinha a menor ideia de onde estava além de que devia ser próximo ao porto, ninguém arriscaria ir tão longe com ela, nem valia a pena.

Uma sombra se aproxima, o objeto mais próximo é uma colher.

Serve.

Seus dedos envolvem a colher de madeira e apesar da falta de força para levantar Ka enfia na própria cabeça que irá lutar até a morte se precisar.

Quem entra é um garoto, talvez dezesseis/dezessete, pele bronzeada de sol e cabelos castanhos como amêndoa, seus olhos são tom de jade e é bonito, não arrebatadoramente bonito, mas bonito do jeito que a palavra bonito deve ser. Está com um saco na mão.

- Você acordou. - diz ele com alívio - Estava ficando preocupado.

Ka não diz nada, fica calada, estudando ele e o garoto percebe a hostilidada no olhar dela.

- Está tudo bem. - ele se aproxima com calma - Eu sou Zyan, fui eu que te resgatei da proa.

Ela não sabia se o achava burro ou se ficava grata.

- Kai e eu era parte da tripulação. - sua voz é rouca.

- Não parecia, eles saíram faz uns três dias daqui.

- Faz quanto tempo que apaguei?

- Uma semana e meia? Eu acho, não tenho certeza.

Uma semana e meia desacordada, pronto agora não tinha para onde ir e um garoto a salvou, ou a condenou para a morte.

- Eu sei que não é o ideal - Zyan continua - Mas eu não podia deixar uma garota bonita como você ser devorada por pássaros.

- Você me acha bonita?

Kai sabe que é bonita, por isso que os piratas pouparam sua vida três anos antes, ninguém imagina que uma jovem doce e indefesa pode causar tanto alvoroço, porém era bom escutar, principalmente quando se sentia suja.

Zyan dá um sorriso confiante.

- Com toda certeza.

Ela retribui o sorriso.

- Então... O que você faz?

- Você não gostaria de saber. - a expressão no seu rosto era sugestiva.

Kai se ajeitou no chão e copiou sua expressão.

- Eu vivi com piratas por três anos, acho que tenho pouca moral em te julgar.

- Eu viajo, roubo quando preciso, toco.

O rosto de Kai se iluminou.

- O que você toca?

- O chapey - apontou para o instrumento de cordas no chão - consigo bons trocados. Você toca?

- Faço um pouco de tudo, meus pais eram artistas nômades, faço o que for preciso por bons trocados.

- Se quiser pode vir comigo, estou indo para Ba Sing Se, uma cidade grande é boa para pessoas como nós.

Mais pessoas para roubar, mais lugares para tocar música... podia ser uma boa.

- Pode ser. - deu seu melhor sorriso para ele.

Zyan sorriu de volta e do saco, que segurava, tira bandagens, comida e alguns óleos.

- Podemos partir assim que você estiver forte. - ele pega as bandagens e se aproxima de Kai. Ela finalmente nota que não tem suas faixas ao seu redor, suas cicatrizes a mostra para ele.

Avatar  - E A Lenda Do Eclipse Onde histórias criam vida. Descubra agora