Kaili

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Zuko e Zyan pareciam prestes a explodir, duas peças de uma quebra cabeça que não se juntava.

- Mas como? - a repulsa de Zyan se direcionou para Kaili - Como sua mãe pôde se relacionar com um deles?!

Kaili quis se sentir envergonhada, ou com pena, mas só conseguiu sentir raiva.

Ele nem conhecia seu pai, não tinha o direito de abrir a boca e falar sobre ele.

- Se ficar calado eu conto.

Iroh riu.

- Você é teimosa igual a sua mãe.

Kaili sorriu, seu pai dizia a mesma coisa. Respirou fundo e começou.

- Meu pai era um soldado da Nação do Fogo, a família inteira era, só que ele não concordava com a guerra, com toda a morte, então quando chegaram no Polo Sul, em uma das tentativas de tomar o local. No dia que levariam os presos ele os libertou, ou tentou libertar a maior parte, e como era lua cheia ninguém conseguiu parar os dobradores de água. Agora, como traidor da nação, ele ficou um tempo no Polo Sul na casa da família da minha mãe e ela acabou se apaixonando por ele. - Kaili dá um sorrisinho, adorava a história dos pais.

- Ichiro e Ila, os dois eram uma coisa juntos.

- Sim... mas após um tempo eles sabiam que deveriam partir, meu pai estava com fama de desaparecido, não morto, então sempre poderiam ir atrás dele. Mas os dois eram muito novos, eu acho...

- Dezesseis - completou Iroh perdido própria memória - Os dois tinham dezesseis.

- Eles voltaram para a Nação do Fogo, a sorte foi que meus avós estavam tão gratos que ele estava vivo que prometeram não contar nada, eles foram para uma vila muito pequena, onde ninguém os conhecia.

Kaili se recordava daquela época, de correr junto com as outras crianças, de ver sua mãe reclamando do calor e seu pai cuidando dos animais.

- Eu me lembro daquela casa, Ichigo nunca foi bom de organização. - Iroh diz com a mente no jovem.

Kaili olhou com curiosidade para Iroh.

- Você me reconheceu, mas eu não lembro de você.

- Você era muito pequena, eu os ajudei a encontrarem um lugar seguro junto com seus avós, seu nome te denunciou. - ele sorri para ela - Ka é fogo, Kai mar. Seu pai sempre gostou de trocadilhos assim.

- E Kaili? - Zyan perguntou.

- Kaili é menina bonita - ela cutucou seu bracelete - Eles queriam que eu soubesse que eu era os dois elementos ao mesmo tempo, as duas nações em uma só, mas, com oito anos, quando eles notaram que eu podia dobrar águas tudo foi se complicando. Meus avós queriam me mandar para a escola e meus pais não concordavam com o ensino, no fim eles vieram para o Reino da Terra, ninguém conhecia eles aqui e só precisariam ficar escondidos, o máximo possível.

Viajar de um lado para o outro, nunca criar raízes, era isso que eles diziam para ela. Kaili nunca viveu um dia sem estar fugindo ou apenas correndo.

- Seu pai nunca concordou com a Nação do Fogo, ou a guerra. Foi seu pai que me disse, anos antes de eu desistir de lutar na guerra, que aquilo era só uma forma sangrenta de acabar com famílias, infelizmente só fui entender isso quando meu Lu Ten morreu. - Kaili compartilhou com ele um sorriso triste.

Após colocar todos os segredos para fora foi a hora de comer, o dia foi lento, mais lento que o normal, os quatro parados esperando Iroh se curar. Foi pacato.

Depois de se certificar que Iroh estava cicatrizado foi dormir, mas acordou com o som de cordas batendo.

- Zyan?

- Merda.

Ele estava pronto para viajar, mochila feita e tudo.

- O que você...?

- Eu vou embora.

- Por que?

Ele fechou a cara.

- Isso não é pra mim, eu não me envolvo com o tipo deles, e meu plano era ir para Ba Sing Se, mas você surgiu e...

Kaile se aproximou e tocou o braço dele, tentou ficar o mais próxima possível, olho com olho e boca com boca. Zyan a segurou e or alguns segundo pôde imaginar que aquilo era real.

- Fica, vai ficar mais protegido.

- Você alguma vez gostou de mim?

Ela não esperava essa pergunta.

- Claro, - olhou desacreditada para ele - eu só não podia contar, eu não sei se entenderia.

- Eu não me importo com as suas mentiras, eu sei o que é querer que confiem em você, mas sentimento, Kai... - ele pôs a mão próximo onde o coração do corpo dela - sabe o que é sentir isso?

Dói escutar aquelas palavras saírem da boca dele.

Ela não sabia se reconheceria o sentimento nem se o sentisse.

- Claro que eu sei. - responde com os olhos marejados.

Mas ele não parece acreditar nela, não depois de tudo que ouviu.

- Por hora, se um dia quiser me ver de novo, estarei em Ba Sing Se. - então ele olha para o chapey e a oferece.

- Eu não posso.

- Eu quero que tenha, pra te fazer companhia, posso fazer outro pelo caminho. - sua voz é gentil.

Ele vai embora na calada da noite e tudo que passa pela mente de Kaili é que está triste, está triste porque ele era uma pessoa boa que não merecia aquilo que ela o fez passar.

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