Febre

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Iroh e Kaili passam a noite revezando os cuidados de Zuko. A febre dele é intensa e não melhora, ele vomita qualquer líquido de seu corpo e uma hora está com frio e em outra está com calor.

A mente dela nem processa que Zyan está preocupado, se certificar que Zuko está bem vai ficar mais relaxada.

Ela e Iroh estão só sob as luzes das velas.

- Onde você esteve durante essas semanas? - questiona encostado na parede, seus olhos quase fechando, mas recusando-se.

- Zyan.

- Vai contar para ele?

- Claro, ele não vai ter problema em saber que ele estive aqui.

- Não - ajeita a postura, está mais reto e sério - Zuko.

Se ela fosse sincera gostaria de ir embora antes que Zuko ficasse consciente o bastante para fazer perguntas.

- Eu não te julgo pelas suas escolhas, mas ele é o meu sobrinho e só quero o melhor pra ele.

- Por que está me dizendo isso?

- Eu acho que você sabe e se não sabe vai descobrir.

As vezes Iroh sabia ser inconveniente.

Após meia hora Zuko acorda com tosse. Kaili estava com a cabeça dele em seu colo, acariciando os cabelos e quase dormindo.

Iroh é mais rápido e pega um pouco de chá e coloca na boca de Zuko, que bebe, o líquido escorrendo no canto de sua boca.

- Obrigada. - ele abre os olhos para o tio e parece perceber que está em cima de - Você ficou.

Os dedos dela acariciam a cicatriz com carinho, aliviada que ele está acordado.

- Eu tenho que me certificar que vou poder te irritar por mais tempo.

Ele volta a dormir um tempo depois, é um sono movimentado. Murmura palavras incoerentes e parece ter dor.

- Não é uma febre comum - diz Iroh quando Kaili sugere um médico - A decisão que ele fez na caverna está o consumindo, e agora quer respostas físicas.

Aquilo a fez nunca querer estar em uma encruzilhada com o seu espírito.

Quando Kaili abre os olhos está no chão e não tem certeza o motivo até se lembrar que não está no mesmo apartamento com Zyan, mas com Iroh e Zuko... Zuko... onde ele estava?

Não estava no chão e Iroh dormia, o que faria? Ela tinha que achar ele! Imagina aquela bomba ambulante doente nas ruas de Ba Sing Se?

A porta do banheiro se abre, e é ele apenas de calção. Seu semblante ainda é fraco mas parece bem melhor.

- Quer algo pra comer? Iroh fez sopa.

- Eu só quero dormir. - a voz é arrastada.

- Claro.

Antes que ele se deite pega a mão dela e a estuda, parece meio fora de si, como se a febre tivesse afetado o seu cérebro.

- Eu senti sua falta.

Kaili quer que aquilo não signifique nada, precisa que aquilo seja nada, mas por que seu coração salta com as palavras dele?

- Eu também senti a sua. - seus dedos acariciam o cabelo dele - Vai descansar, prometo continuar aqui quando acordar.

As bochechas de Zuko, já vermelhas pelo seu estado febril, se intensificam. Ele deita no colo dela e guia a mão dela até seu cabelo. Ela gosta disso, de poder mexer no cabelo dele, de poder cuidar dele, de saber que é uma das únicas pessoas que já o viu assim, ela gosta... não, isso já seria demais.

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