Quatro dias antes da guerra

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Após Aang ter um encontro espiritual com o Avatar Roku, o Avatar anterior a ele, e tentar entender como poderia derrotar o Senhor do Fogo Ozai, ele e seus amigos param em uma ilha deserta e escondida, quatro dias antes do eclipse solar, quatro dias antes do pai de Sokka e Katara com as tropas e quatro dias antes da guerra.

Apesar da iminência de um evento violento estavam felizes que poderiam descansar antes de entrar em um modo de espírito que só fosse jogar eles em um poço sem fim, todavia a vida nunca era fácil para eles.

Começou com Aang treinando de madrugada por conta de alguns pesadelos, depois com ele tentando obrigar eles a treinar porque não estavam prontos para aquilo, quando viram tinham apenas dois dias para lutar e a grande arma secreta deles estava com insônia.

Tentaram de tudo, yoga, massagem, conversa para o estresse e nada parecia ajudar o Avatar. Espíritos! Agora ele alucinada que Appa e Momo tinham uma rixa e que podiam falar. Agora tinham apenas um dia para que aquilo Aang fosse dormir. Então foi a vez de Kaili tentar.

Ela e Aang não eram próximos, tinham um respeito mútuo, porém quando ela finalmente teve a oportunidade de conhecê-lo ele estava desacordado por conta de Azula e Zuko, fazendo ela criar conexões mais fortes com os outros, porém não significava que não poderia tentar conversar com ele.

O monge estava sentada na beira de uma depressão, o olhar desanimado. Desde que acordara seus cabelos estava um pouco maior. Kaili se sentou ao lado dele e no início não disse nada, apenas aproveitou o silêncio.

- Eu sei que eles te mandaram para me convencer de que não preciso treinar e que preciso dormir - a voz dele é quase um suspiro -, mas eu não posso, se algo acontecer com vocês a culpa vai ser minha.

- Na verdade eu vim te dizer que você está certo - ele a olha estranho -, você ainda tem muito pra treinar e se acordo com a Katara ainda precisa dominar o fogo, você não está conceitualmente pronto para lutar, mas e daí?

Aang se levanta transtornado.

- E daí? Como você pode dizer isso?! Você podem morrer, o mundo depende de mim para voltar a ter equilíbrio!

- E daí? - ela sorri - Eu sei que não vai fazer sentido nenhum, mas quando se é uma artista, um pirata, você trabalha com o que tem, não importa se não é o ideal, é o que você tem para oferecer naquele momento que vai te dizer o seu futuro. - ela se levanta e vira para ele - Eu não te conheço muito bem, mas eu já vi você treinando e é bom no que faz, agora você precisa acreditar nisso, se entrar no campo de batalha imaginando em tudo que deveria ter feito... não vai fazer nada. Seus amigos são espertos e talentosos, eles vão se virar sem que você precise protegê-los.

Aang solta um suspiro e sorri para Kaili.

- Obrigada... posso te fazer uma pergunta? - As bochechas dele ficam coradas.

Kaili acha estranho mas assente.

- Naquele dia, em Ba Sing Se, você só se juntou a nós porque Zuko estava em perigo, não é?

- Foi...

Não estava gostando pra onde aquela conversa se direcionava.

- Se você encontrar ele amanhã o que vai fazer?

- Você quer saber se vou trair vocês?

Talvez em um outro tempo os traísse, se ficar do outro lado fosse o sinônimo de ter uma vida melhor, mas agora não via mãos sentido em estar em um mundo onde lutasse contra os seus amigos.

- Não exatamente, você parecia se preocupar com ele, como se visse um outro lado que nós nunca havíamos visto.

Kaili junta as mãos e as aperta, fazia um tempo desde que Zuko não cruzava a sua mente, era difícil pensar nele sem todos os sentimentos que ele fazia ela sentir. Carinho, preocupação, raiva, mágoa, e o pior? Ela se sentia vulnerável quando se lembrava dele, era tão fácil apenas ser ela mesma ao lado dele, irritante, feliz, raivosa, triste, era quase como se não se importasse com o que ele pensaria, e quando entendeu que estava confortável demais ao redor dele e do tio aquilo a apavorou mais do que qualquer outra coisa, pois ser vulnerável dava para os outros a permissão de te machucar e ela foi ensinada a sobreviver.

- Eu acho... eu acho que não sei, não sei se quando eu o ver vou querer socar a cara dele ou saber se ele está bem.

- Quando eu me encontrei com Roku em sua ilha e ele me contou sua história, eu pensei em Zuko.

O antigo Avatar era melhor amigo de Sozin, Lorde do Fogo que iniciou a guerra dos cem anos, eram bons amigos com diferenças políticas claras. Roku existia para a balança dos quatro elementos e Sozin queria expandir o seu império, quando viu a oportunidade de deixar Roku morrer para enfim concretizar seus planos... O fez, deixou-o para queimar em um vulcão.

- Você acha que Zuko faria algo assim?

- Não, eu acho que o que Roku queria me dizer é que os laços podem mudar, se Sozin já foi amigo e depois inimigo...

- Então Zuko pode ser inimigo e depois amigo... - ela solta um ar que nem sabia que estava segurando - Quando eu estava com o Zuko as coisas não eram fáceis, ele é cabeça quente, temperamental, teimoso e impulsivo, mas ele também não era de todo mal - um sorriso surge em seus lábios, assim como o calor em seu peito -, Zuko se preocupa com os outros, mesmo quando ele mesmo não percebe que se preocupa, ele sabe ser doce, de uma forma estranha... se algo acontecer amanhã quero que saiba que estarei do lado de vocês.

Zuko havia traído o tio e aquilo era algo que Kaili não sabia compreender.

Aang faz algo inesperado, abraça-a e aquilo deixa Kaili com vontade de chorar, mas não chora, ainda tinha que ser a pessoa mais legal daquele lugar.

- Eu estou feliz que você entrou pra nossa equipe.

- Eu também.

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