Capítulo 11 - Nova Ameaça

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Naquela tarde Oliver saiu com um objetivo em mente e esse objetivo possuía longos cabelos louros e olhos azuis como o mais resplandecente oceano. A tarde estava agradável e leve brisa balançava as folhas das árvores e as flores nos canteiros, espalhando um doce cheiro de flores colhidas na mais doce primavera. O jovem havia dispensado seus cavaleiros, inclusive o de sua própria guarda pessoal, e andou pelas ruas sem seu cavalo. Era novidade para o herdeiro da casa Dauphin andar pelas ruas de uma cidade como qualquer outro camponês que ali vivia. E claro que ele chamava atenção enquanto andava, seu porte era atlético e másculo, embora fosse bem magro, mas seu corpo esguio se movia com delicadeza pelas ruas e seu aspecto diferente o fazia se destacar. Suas roupas também não eram como as de um plebeu, um sobretudo marrom com detalhes dourados, uma camisa de lã por baixo e calças pretas com botas.

Aproximando-se da casa de Lucy, Oliver viu a menina de cabelos dourados chegando quase ao mesmo tempo a porta.

- Que agradável surpresa - ele disse com a voz suave. - Vinha justamente lhe fazer uma visita.

- Se... Quero dizer, Oliver, é um prazer vê-lo - sua voz saiu um pouco vacilante. - Papai não está em casa, mas posso oferecer um copo d'água?

- Seria ótimo, obrigada.

Eles entraram na casa e Lucy se sentiu nervosa em receber Oliver sozinha em sua casa. Ela tentou disfarçar o máximo que pôde, mas suas mãos tremiam de nervosismo. Ela encheu um copo com água e o entregou com a mão trêmula.

- Obrigada - ele pegou o copo de sua mão. - Está nervosa?

- Um pouco - ela sussurrou. - Eu não sei ao certo como me portar na sua presença.

- Não se preocupe com isso - ele disse. - Seja você mesma, eu sou apenas uma pessoa e nada mais do que isso.

Lucy assentiu.

- Além do mais, devemos nos acostumar com a presença um do outro, já que nos casaremos em um futuro próximo.

Lucy corou instantaneamente, como se uma chama subisse por seu pescoço e se espalhasse por todo o seu rosto.

- Sobre isso... Não acha um pouco rápido demais a proposta de casamento?

Oliver levantou uma das sobrancelhas de uma forma sugestiva, como se perguntasse a si mesmo se tinha ouvido o que acabara de ouvir.

- Não quer se casar comigo, e isso?

- Não, não é sobre isso... Não acha que nós conhecemos muito pouco para isso?

- Por isso estou aqui, pedi permissão a seu pai para cortejá-la, com isso eu planejo que você e eu nos conheçamos melhor, sabe eu também não estava planejando me casar com uma completa estranha.

Lucy riu de forma contida, se sentindo um pouco menos tensa com tudo aquilo. Oliver tinha senso de humor, o que era um ponto positivo para ela. Lucy não queria se casar com um homem carrancudo cujo o olhar infeliz contagia todos ao seu redor.

- O que a senhorita acha de um passeio?

- Eu adoraria. - ela disse sorrindo.

- Ótimo, então vamos.

Oliver levantou-se num salto de sua cadeira e parecia particularmente empolgado com sua própria proposta. Lucy foi até seu quarto, onde trocou seu vestido, mas permaneceu com o mesmo penteado. Ela não fazia questão de usar sempre roupas bonitas que chamassem a atenção, mas como sairia ao lado de Oliver, ela imaginou que uma roupa um tanto mais apresentável seria apropriada.

Os dois saíram da casa da menina, Oliver estendeu seu braço para que Lucy o segurasse. Inevitavelmente, todos os olhares se votaram para eles, alguns achavam que eles realmente combinavam como casal, apesar da diferença de classe social, outros ficavam com inveja, mães com filhas da mesma idade de Lucy, julgavam que suas filhas eram em mais bonitas e apropriadas para estarem ao lado de um homem tão nobre, mas no fim das contas, a opinião de ninguém mais importava pois era Lucy quem Oliver queria e, naquele momento, ninguém poderia fazê-lo mudar de ideia. Eles caminharam sem pressa alguma, andaram pela feira e pelas ruas sem movimento, andaram até as margens do rio Sena, conversando sobre tudo o que viam.

Sangue Profano (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora