- Você enlouqueceu? - esbravejou Lucca como o som de um trovão na tempestade.
- Não - respondeu Vincent de forma plena. - Na verdade, estou bem consciente de minha atitude.
- Porque vai acreditar na menina humana? - sua voz era agressiva.
- Porque não? Ela já nos deu mais de um motivo para acreditar nela. Primeiro, salvou Anthony, não nos delatou aos caçadores, nos avisou sobre a captura do vampiro e agora nos informa sobre um possível ataque. Lucy é inteiramente digna de nossa confiança.
- Como pode saber se ela não está nos enganando. Ganhando nossa confiança e nos enviando para uma emboscada. - Lucca disse. - Não pode confiar nessa menina humana.
- Confio mais nela do que em mim mesmo.
Aquela resposta pegou a todos de surpresa. Todos os vampiros estavam ouvindo a discussão e alguns, assim como Lucca, não acreditavam nas boas intenções de Lucy. Mas Vincent, o líder daquela rebelião, estava convicto de sua decisão em confiar em Lucy.
- Agora, ouçam-me com atenção - ele estava sério e compenetrado. - Aqueles que quiserem ficar, fiquem. Mas não lamentem quando a morte os encontrarem, pois foram avisados e a chance passou por vocês. Aqueles que querem viver, creiam em minhas palavras e me sigam para longe do perigo.
Houve silêncio entre os vampiros. Embora não acreditassem em Lucy, eles não queriam ficar e verem as consequências de não terem ouvido Vincent. Se deram por vencidos e começaram a se prepararem para partir dali.
Anthony observou tudo e absorveu cada palavra de Vincent com indagação.
- Nunca vi Vincent tão bravo - disse Sthephan aproximando-se de seu amigo.
- Nem eu - Anthony respondeu.
- Você sabe que muitos aqui estão receosos e acreditam que a culpa é sua.
- Não me importo com isso. Se Vincent acredita nela, assim como eu, nada mais importa.
- Bom... - Sthephan deu de ombros. - Então é melhor começarmos a organizar tudo.
- Você acredita nela? - Anthony estreitou os olhos.
- Eu acredito em você - ele sorriu. - E em Vincent, então, se vocês acreditam nela, quem sou eu para contradizê-los?
- Mas acredita nela? Seja sincero. Se só eu e mais ninguém acreditasse, você acreditaria?
- E isso importa?
- Importa para mim. - Anthony ficou sério.
- Anthony, você é o meu melhor amigo e, já que me pede sinceridade, acreditaria, mas teria sérias dúvidas. Afinal, estamos falando de uma menina humana.
- Faz sentido... mas não totalmente para mim.
- Isso porque você está apaixonado, meu amigo - Sthephan deu três tapinhas nas costas de Anthony. - E o amor cega até o mais inteligente dos homens.
- Não sei se entendi o que quis dizer.
- Precisa admitir que tem agido como tolo nos últimos dias e tudo por causa dela.
Sthephan não se deu conta de que suas palavras haviam irritado Anthony e continuou a falar como se tudo estivesse bem.
- E lhe digo, se você não fosse meu melhor amigo, eu já a teria matado. Teríamos menos problemas com ela por perto...
- Não diga mais uma palavra a menos que queira ficar com a boca repleta de sangue.
Sthephan parou de falar e viu a expressão irritada de Anthony, seus olhos pareciam querer socá-lo.
- Acho que falei demais - ele deu um sorriso amarelo. - Mas lembre-se de que foi você quem me pediu para ser sincero.
- Esqueci que você não sabe a diferença entre ser sincero e ser idiota.
- Agora quem está ficando irritado sou eu - Ele respondeu. - O único idiota que vejo aqui é você. Trazendo aquela menina aqui, colocando todos nós em perigo, saindo e se arriscando.
- Mais uma palavra e lhe darei um soco - disse Anthony rispidamente. - É o meu último aviso.
- Você não vai me bater por causa dela, vai?
- Não é por causa dela. É pelo o que está falando dela e de mim também.
- Bom, a verdade doi às vezes
- E quem disse que o que você está falando é verdade? - Anthony segurou-se para não se exaltar. - Só porque acha alguma coisa, não significa que seja verdade.
- Pelo amor de Deus, Anthony. - Sthephan esbravejou. - Tudo começou a virar de cabeça para baixo desde que você a conheceu! Não tem agido com cautela e muito menos como um amigo, então não venha me pedir para ser bonzinho com ela e com você. Estamos em apuros por sua causa! Eu deveria tê-la matado assim que a vi.
Anthony caiu em cima de Sthephan após seu soco acertá-lo e derrubá-lo. Trocavam socos e se embolavam no chão como duas crianças.
- Retire o que disse! - ordenou Anthony segurando a gola da roupa de Sthephan.
- Não - ele cuspiu sangue. - E o fato de você estar me batendo só significa que sabe que isso é verdade.
- Ora, seu...
Anthony o socou mais uma vez, seus punhos estavam tão machucados quanto o rosto de Sthephan. O ruivo chutou Anthony para longe, fazendo o vampiro bater em uma parede, ele então se botou sobre Anthony e o socou tanto quanto estava sendo socado antes.
- Lembra o que dissemos quando chegamos aqui? - perguntou Sthephan cessando os socos. - Que seríamos irmãos, não importava o que acontecesse. O que mudou? Me diga, o que mudou?
Benjamin correu para afastar os dois. Todos os outros vampiros haviam parado para verem a briga, mas nenhum deles havia pensado em mover um único músculo para separá-los.
- Parem com isso, seus tolos. - Benjamin puxou Sthephan de cima de Anthony e o segurou com força. - Estão loucos? Olhem em volta.
Violet apareceu entre os outros e ajudou Anthony a se levantar. Assim como Benjamin, ela o segurou para que ele não avançasse em Sthephan.
- Não é hora de brigar - ela disse.
- Fale isso para ele - Gritou Sthephan. - Ele quem começou.
- Não interessa quem começou - disse Benjamin. - Não devem brigar.
- Pergunte a ele o que disse sobre mim e Lucy.
Sthephan fez uma careta e cuspiu sangue no chão novamente.
- Venham. - disse Benjamin. - Vamos para outro lugar.
- Com ele não vou nem para a igreja - disse Sthephan. - Solte-me.
Benjamin soltou Sthephan e o seguiu pelo túnel. Ele mancava e sua roupa estava completamente suja, assim como a roupa de Anthony.
- Venha por aqui - chamou Violet, levando Anthony para outro túnel.
Eles saíram de perto dos outros e entraram num túnel que ia para o lado oposto do túnel no qual Benjamin e Sthephan haviam ido.
- Por Deus, - disse ela limpando o sangue no rosto de Anthony. - Porque bateu nele?
- Porque ele me chamou de tolo.
- Só por isso?
- Disse que toda essa situação é culpa minha e de Lucy.
Violet balançou a cabeça vagarosamente, como se estivesse concordando.
- Eu sei que todos acham isso, mas...
- Deixe que achem isso. Não escute os burburinhos e nem se abale com os olhares, não deve se culpar pelo o que os outros pensam.
- Mas você também pensava assim.
- Pensava, não penso mais. Sei o quanto ela é importante para você, além do mais, ela está nos ajudando.
Anthony fez uma careta quando Violet tocou em um arranhão em sua bochecha. Ele estava bem machucado, mas Sthephan estava bem pior do que ele.
- E o que mais?
- Não teve mais.
- Está mentindo. Sei quando mente. Você não perderia a cabeça por causa disso.
- Ele... ele disse que deveria tê-la matado quando a viu.
- Bom, agora eu entendo.
- Fui infantil, eu sei. Mas o sangue ferveu dentro de minhas veias e quando me dei por mim, já estava em cima dele.
- Não leve a sério o que Sthephan diz. Muito do que ele fala não é pensado antes de sair por sua boca.
- Eu sei...
- Vocês homens... Reclamam tanto do sentimentalismo das mulheres, mas se descontrolam por tão pouco.
- Você mesma já bateu nele - ele sorriu.
- Aquilo foi diferente. Não fale de mim e Sthephan.
- Você ainda odeia ele?
- Não estamos falando de mim, estamos falando de você.
- Tudo bem. - Anthony esboçou um sorriso. - Mas ainda vai ter que falar sobre isso comigo.
- Algum dia, mas não hoje - ela enrolou um retalho de suas próprias roupas nos ferimentos da mão dele.
- Eu vou cobrar.
Os dois sorriram e Violet continuou a enfaixar as mãos de Anthony com retalhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sangue Profano (FINALIZADO)
Romance*Plágio é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3 que possui punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.* Capa por @xxxpersephone ♡ Sinopse:...