Prólogo - A Febre do Vampiro

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O ano era 1398, diante da era medieval onde a lei era absoluta e a igreja era a maior potência jamais inigualável, uma das maiores autoridades da época. Não haviam muitos corajosos que ousavam desafiar as leis daquele grande poder, no entanto não foi isso que se sucedeu.
Numa noite de inverno, onde o vento gélido soprava com tamanha força, tão afiado quanto um punhal, pelos becos da majestosa Paris, um comerciante voltava para sua casa onde ninguém o esperava, não possuía filhos e sua amada esposa o havia deixado anos atrás em virtude de uma terrível pneumonia. Ao virar a esquina e dirigir-se a porta de sua casa, o homem fora surpreendido por algo ou alguém que o atacou por trás com tamanha destreza e velocidade jogando-o contra a parede sem lhe dar uma única chance de defesa.
A vítima ficou estirada no chão frio de pedras, intocada, até o raiar do dia, quando as pessoas começaram a sair de suas casas. A cena que os habitantes encontraram naquela manhã era deplorável, um tanto mórbida e macabra. O homem caído no chão estava pálido, muito mais pálido do que qualquer outro cadáver, como se nunca houvesse existido uma única gota de sangue correndo em suas veias, estava pálido como cera. Em seu pescoço foram encontradas marcas, duas perfurações de dentes afiados que perfuraram sua pele, tão profundas que, talvez, tivessem sugado sua alma instantaneamente no momento em que entraram em contato com seu pescoço. Um enorme mistério pairava sobre aquele assassinato. ''O que teria acontecido?'' se perguntavam os habitantes, ''Que tipo de animal seria capaz de tal ato?''. Aquele dia ficara marcado nos pensamentos dos habitantes, tal como um pesadelo que continua mesmo se estando acordado.
Dias depois, outro assassinato balançou o espírito do povo, dessa vez tratava-se de um bêbado, o qual todos conheciam, mas não sabiam seu nome. O corpo havia sido encontrado da mesma forma que o primeiro: pálido, sem que uma única gota de sangue parecesse escorrer de sua veias e duas perfurações em seu pescoço. O pânico se instaurou entre o povo e cada vez mais, eles exigiam uma resposta. Sob muita pressão do povo, a igreja deu início a uma grande e minuciosa investigação. Foi uma das poucas vezes em que fé e ciência se juntaram para combater um inimigo em comum. Médicos e legistas vieram de todas as partes do mundo, cada um com um método de investigação e com suas próprias teorias sobre o que estava acontecendo.
Enquanto a investigação avançava, mais e mais pessoas eram encontradas mortas, todas da mesma maneira.
- Que Deus dê uma resposta a seus homens de fé - rogavam os padres.
Os estudiosos procuravam em seus livros e pergaminhos respostas para suas perguntas vazias e apenas uma palavra lhes trouxeram a resposta que tanto almejavam: Vampiro. Os incrédulos riam dessa resposta, mas não havia como negar a proximidade entre as mortes e o jeito como as vítimas foram encontradas, com os hábitos dos vampiros. Criaturas de hábitos noturnos e uma alimentação baseada em sangue humano. Não havia outra explicação.
A febre do vampiro foi a resposta dada pela igreja ao povo. Um toque de recolher foi estabelecido, ao pôr do sol, todas as pessoas, sem exceção deveriam retornar para suas casas e nelas permanecerem até o raiar do dia seguinte. Enquanto o medo estava presente no cotidiano das pessoas que moravam em Paris, homens corajosos e de fé inabalável preparavam-se para extinguir o mal. Equipados com suas espadas, crucifixos e estacas de madeiras, os padres e os frades da grandiosa Notre Dame, cavalgavam em busca de seus assombros, a fim de libertar seu povo. Um a um, os vilarejos dos vampiros e seus esconderijos foram aniquilados pelos homens da fé e pouco a pouco, o povo pôde presenciar a destruição dos intitulados: mal encarnados. Por anos, esse foi o cotidiano da cidade: medo, massacres, perseguições e assassinatos. A febre do vampiro encontrou seu fim anos depois, quando os mesmos foram considerados extintos para sempre.





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