31:50, 13/4°/551 Ano Ancestral

Finalmente tinha a pista que precisava. Alfredo me perturbou como sempre depois de me dizer o local onde meu alvo poderia estar atuando. Fui embora na mesma hora para me preparar. Ficou dizendo para eu tomar cuidado e reconsiderar ir fundo nisso, mas já faz tempo que estou procurando por qualquer pista sobre o alvo e nada tenho.

A madrugada começou a surgir enquanto as estrelas pintavam o céu. E eu via pela janela como essa cidade que já é suja e imunda se tornar ainda pior. Todo tipo de animal sai à noite. Traficantes, assaltantes, assassinos, drogados, prostitutas, maníacos e estupradores. É doentio como essa corja fica livre e a guarda é simplesmente incapaz de fazer qualquer coisa. Eu cansei de esperar alguém para vir limpar esse lixo e essa sujeira, resolvi fazer eu mesmo.

Termino de vestir minha armadura de couro batido enquanto olho de frente ao meu espelho, coloco o gorro preto e termino de afivelar minhas armas. Pego o grimório e começo a reler a magia para poder terminar de me preparar. Estava olhando as minhas asas de penas marrom e comecei a visualizar elas negras e feitas apenas de membrana e pele, iniciei a conjuração:

Torna-te ilusório ao meu comando

Enganando o tolo que confia nos olhos

E então o Cosmo tornou minha imaginação real. Duas dobras de Cosmo se fizeram e meu corpo se tornou o que havia vislumbrado. Meu rosto se tornou aquela aberração monstruosa de morcego, assim como minhas asas. Exatamente como eu precisava que fosse, um disfarce perfeito. Aperto minhas adagas nas bainhas no cinto e meu rifle nas costas. Olho para a janela no último andar e vejo a escuridão. Saio voando pela janela com furtividade e rapidez, só assim para que ninguém desconfie que Júlio César de Honesto está dormindo.

A pista que tinha pedido para que Alfredo investigasse era dos últimos locais de encontro do chefe do crime da Capital do Oeste. Tem alguém que comanda uma rede de tráfico enorme por toda essa cidade, não só isso, como roubos e assassinatos também. Estou a meses caçando esse maldito e cada dia que patrulho pareço um rato andando em círculos.

Mas hoje seria diferente, já que agora tenho uma pista de quem pode me dar informações relevantes. Alfredo descobriu que um grande negócio foi feito e apenas se "ele" liberasse poderia acontecer. Pelo visto, algum distribuidor de krokodil, a droga mais forte já inventada, estava frequentando um bar chamado Pó Encantado. Não é muito bem visto, já que a guarda costuma fazer várias batidas no final de semana, mas como era Merco, a probabilidade era baixa de estarem lá, ou seja, o informante pode estar também.

Voando pelas copas dos prédios como uma escuridão que se move de forma vigilante, eu pousei num prédio baixo na rua eucalipto. Estava num bairro marginal, sabia que o movimento nas bocas era grande nessa parte, mas naquele dia era ainda pior. Pude ver uma quantidade deplorável de viciados brigando por uma seringa. Quase pensei em atirar no objeto, mas uma coisa me chamou a atenção a 500 metros da briga. Alguém estava entregando um pacote e recebendo Vernes. Pude ver o roxo das notas a mais de meio quilômetro nas mãos daquela escória e fui direto em direção ao traficante.

Voando calmamente, cheguei ao topo de um prédio na rua Jerônimo de Imediato, vi o traficante contando seu dinheiro sujo e comecei a pensar em todas as vidas que vi atrás, em todos os drogados que ele fez com que tivessem uma morte horrível. Tantas vidas e história que meu sangue ferveu. A bala foi engatilhada em meio segundo quando comecei a virar, ele ria contando as notas roxas em suas mãos sujas a mais de 100 metros de mim, mas então suas notas ficaram sujas de vermelho enquanto um buraco apareceu em seu pescoço. Ele caiu de joelhos e o dinheiro ficou manchado no chão. Um tiro limpo, rápido e sem barulho graças ao silenciador do rifle.

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