25:03, 16/4°/551 Ano Ancestral

Caralho, porra, puta que pariu, desgraça! EU FUDI COM TUDO!!

Velho, por que eu acreditei no Lázaro?? Ele tinha me dito que um maluco colecionador queria isso e pagaria bem. Óbvio que era mentira.

Mas quis acreditar, deixei a grana falar mais alto. Lázaro nunca foi grande no negócio, era só um distribuidor com bastante influência. Não achei que alguém sinistro de verdade poderia ter contato com ele. Por que eu dei pra ele??

Porra, Samira! Se acalma! Ficar remoendo isso não resolve o problema, tenho que saber pra onde o pergaminho original foi. Já faz mais de 12 dias que tinha falado com ele e entregue a encomenda. Ainda dava pra rastrear?

— E agora? — Perguntou Agnes. — Quê porra a gente faz, mulher?

— A gente amarra esse cara.

Peguei uma corda que tava no canto e fui direto no morcego. O cara acha que só porque tava rosnando e abrindo as asinhas me põe medo, mas eu fui lá e amarrei rapidinho. Só pulei pro lado depois dele ameaçar me morder por precaução.

— Isso não resolve o problema.

— Não, mas quer que eu faça o quê? Chame a guarda?

— Ah, cara... Por que tu tinhas que ser tão maluca, ein? E agora eu tô com a porcaria do pergaminho!

— Tu não vendeste...? — O morcego perguntou com a voz maligna dele.

— Não, tô com o original com minha maga. — Menti com convicção.

— Essa coisa aqui é velha assim? — Agnes disse, enquanto enfiava a mão no bolso pra puxar minha cópia. Os lábios dessa coisa amarrada se levantaram.

— És uma péssima mentirosa, Samira.

— C-Como tu sabes meu nome?

— Uma aberração pode ter muitos truques na manga.

— Fala como se fosse um mago muito bom, mas nunca vi um mago precisar de armas. — Agnes disse, como se quisesse desafiá-lo.

— Se acha muito porque consegue conjurar Velocidade, hein? Aposto que não sabes Teleportar. — O morcego disse, rindo.

— Tu sabes? — Agnes rebateu.

Mas o bichão ficou calado, quase querendo rosnar em resposta.

— Nós temos que resolver esse problema. — Disse o morcego.

— Nós? — Eu e Agnes falamos ao mesmo tempo.

— Precisamos resolver isso, tenho suspeitas de quem tenha te contratado.

— E o que tu sugeres, morcego? — Disse Agnes.

Como se julgasse a gente, ele começou a nos olhar, como se o esforço em confiar e contar o que sabia valesse a pena. Acho que a vida dele depender da nossa boa vontade mudava isso um pouco.

— Tenho procurado o chefe do crime da Capital faz alguns meses... Comecei a fazer isso justamente porque sabia que ele existia. Faz meses que procuro pistas e qualquer coisa sobre o maldito, mas nunca encontrei nada. Como alguém consegue comandar todo o tráfico, roubos e assassinatos e não ter uma pessoa sequer que saiba seu nome ou que tenha garantia disso? Argh!

Ele trincou as presas depois de falar. Se todo o crime fosse organizado por uma pessoa, Lázaro teria me contratado pra fazer o roubo pra esse cara... Se esse chefe era dele era o dono de todas as bocas e também do mundo do crime, significa que ele não teria concorrentes pra nada...

Entre Crimes & PaixõesOnde histórias criam vida. Descubra agora