07:12, 15/8°/551 Ano Ancestral

Acordei ao lado da mulher mais perfeita desse mundo, que roncava, roubava o cobertor e me chutava durante a noite. Ao menos ela não mexia em minhas asas enquanto dormia. Era tão fofa quando pegava no sono, não tinha como reclamar daquilo. Os cabelos vermelhos de Samira estavam vibrantes e estonteantes como sempre, o fio de luz que perfurava as cortinas tentava competir para ver quem brilhava mais, quem era mais belo. Obviamente, ela ganhava com folga.

Minha vontade de acariciá-la enquanto dormia era grande, mas não podia correr o risco de acordá-la. Apenas fiquei admirando Samira dormir por alguns bons minutos. Como era o dia de veno, não precisávamos acordar cedo. Só precisava dar a ela tempo para dormir, coisa que adorava. Pelo menos isso eu podia dar, já que eu escolhi continuar sendo uma pessoa horrível ao enganá-la mais uma vez.

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21:50, 15/8°/551 Ano Ancestral

Samira e eu passamos o dia inteiro juntos. Mas agora eu tinha certeza que precisava investigar aquilo, principalmente quando descobri que Maitê havia patrocinado um ou dois desfiles da agência de Catarina. Então, finge que fui comprar uma sobremesa e o jantar na rua e me preparei para aquilo. Não queria mentir ainda mais para ela, mas eu precisava mantê-la segura depois de tudo.

Samira tinha caído diretamente na magia de Dominação de Nicolau. Nada me garantia que seria diferente com a magia de Maitê, que supostamente era melhor como maga. Eu consegui não ser afetado pela magia dela, mas poderia ter sido sorte. Não sabia, apenas importava que logo eu resolveria o problema e descobriria isso no ato. Mais uma maldita aposta...

Peguei o equipamento que tinha colocado previamente na portaria e procurei um local discreto para me disfarçar. Sabia onde era a casa de Maitê e fiquei preocupado com o movimento da guarda perto dos bairros nobres. Talvez eu precisasse ir invisível desde agora, mas eu ficaria muito cansado devido ao custo da magia.

Decidi me preservar e notei que alguns guardas me viram nos céus da noite. Não tinha muito o que fazer além de garantir respostas rápidas. Cheguei ao telhado da casa do alvo, era uma mansão bem extravagante com um quintal na entrada repleto de arbustos e flores coloridas. Não havia lâmpadas ou decorações luminosas, o que dificultava a visão, mas não impossibilitava.

Finalmente, vi alguém chegando ao portão e abrindo-o. Essa pessoa vestia um sobretudo, mas andava de uma forma familiar. Elegante e firme, como se andar fosse parte de alguma apresentação. Não consegui reconhecer... Precisaria entrar para conseguir mais informações. Sem mais delongas, comecei a conjuração de Invisibilidade.

És enganoso ao olhar

Tolo aquele que confia

Mantém oculto minha alegoria

Por incrível que pareça, consegui alterar o disfarce de primeira. O treino ostensivo com magia pareceu dar frutos. Dessa forma, ficaria invisível e ainda seria o morcego caso a magia caísse. Tinha 10 minutos até que aquilo acabasse, precisava agir rápido.

Planei até o chão, pousando em uma pedra. A passos lentos e com o rifle carregado, adentrei a casa atrás do convidado encapuzado. A porta se abriu e consegui notar uma coisa: havia uma grande quantidade de Cosmo espalhado pela casa. Engoli seco, não fazendo ideia do que me esperava.

Pra ser sincero, eu tinha uma ideia. Não disse à Samira o que disse sem motivos. Realmente parecia um convite para uma suruba, mas eu não esperava que fosse mesmo uma suruba. Adentramos e na sala, uma luz fraca vermelha banhava todos e suas peles molhadas. Não era difícil reconhecer os rostos, havia várias celebridades da Capital e alguns outros rostos reconhecíveis como a própria filha de Maitê. Todos estavam nus e gemendo com tanto regozijo que era impossível não se espantar, fora o cheiro lascivo que as múltiplas bocas, orifícios e genitálias no ambiente.

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