CINQUENTA E SEIS

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L A R A

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L A R A

Madrugada do dia vinte e cinco, mais conhecido como natal.

Clima calmo e tranquilo? Não encontramos por aqui.

Minha avó conseguiu fazer uma chantagem emocional em toda a família, alegando que no natal do ano que vem ela pode não estar mais aqui e que esse seria o último.

Isso explica o fato de todos os irmãos, filhos e netos estarem no mesmo local. Em harmonia? Não! Paz? Também não! Mas estão juntos.

Tem um forró estralando na caixa de som que tá no volume altíssimo, tem muita gente dançando, fofocando, conversando e eu tô sentada em uma cadeira mais afastada de todo mundo, tentando fazer digestão de tudo que comi hoje. E olha que foi muita coisa!

Estamos no quintal da minha avó, era o único que suportava tantas pessoas e olha que são muitas.

Quando vejo meu tio que se acha um dançarino caminhando na minha direção penso seriamente em fingir um desmaio ou até mesmo uma morte, mas é tarde demais porque ele chega perto o suficiente pra me puxar pelo braço e arrastar até a "pista".

Direito de escolha não existe por aqui.

— Mexe os esqueletos, Lara— diz e eu fico toda molenga, mas quando começa uma música do Nadson ferinha me permito dançar bem e até me animo um pouco.

O que era pra ser uma dança com ele vira várias, danço até com a tia mais forrozeira que existe nesse mundo todo.

Depois de umas cinco danças sem parar eu já não sinto mais minhas pernas e antes que alguém me puxe pra outra, decido fugir.

Entro dentro da casa, os gritos que vem lá da sala são ensurdecedor e quando eu chego lá vejo todos sentados no chão, formando um grande circulo e brincando de "quem sou eu".

Faço questão de ver o nome que tá na testa de cada um e na de uma das minhas primas tá escrito "Gabigol" o que obviamente me faz lembrar dele.

Que tristeza.

— Vai se ferrar, pô, eu NUNCA ASSISTI HARRY POTE— a Gabriella, minha prima de oitos anos grita e eu vejo que na testa dela tava escrito "Hermione".

— HARRY POTTER, sua sem cultura— meu outro primo grita de volta— onde já se viu não ter assistido?

— Eu não sou besta de assistir esse troço, bruxas não existem.

— Existe sim, você!

Como assim crianças não tem mais brincadeiras saudáveis?

— Você tá com a Peppa na sua testa, seu babaca— entrega e os outros começam a surtar com ela— falo mesmo— da de ombros.

Olho pro meu irmão que tá quietinho mexendo no celular e dando uns sorrisinhos pra tela. Não é possível que já são as namoradinhas...

Me aproximo dele que quando percebe minha presença abaixa o celular e da uma risadinha.

𝗔𝗥𝗥𝗔𝗜𝗔𝗟•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹Onde histórias criam vida. Descubra agora