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A conexão entre a rua de cima e a rua de baixo era feita por uma ruela estreita. Com degraus escorregadios cheios de limo.
As botas de Dazai eram cuidadosas a cada passo. Uma mão se apoiou no corrimão, o ferro frio quase descolando a pele por causa da camada fina de gelo.
"É aquele." — Dazai confirmou.
Lojas e Pensões com suas janelas fechadas e luzes apagadas davam à imensidão da rua um ar de desolamento.
Apenas um prédio mantinha os lampiões aquecidos. Uma coisa agressivamente grande. Com janelas de caixilho e estátuas de leões ladeando a entrada côncava. Uma figura se movia lá dentro. Passando pelas janelas em passos ritmados, o assovio espiralava pela rua como caco de vidro nos ouvidos.
O relógio de bolso de Dazai marcava mais de meia-noite, portanto, a pessoa era provavelmente o guarda noturno do prédio.
A ruela não era larga o suficiente para dois homens adultos, Nakahara teve que se expremer contra o corpo de Dazai para espiar o prédio.
"Parece inocente o suficiente."
"Clássico erro de amador." — disse Dazai — "Sei como devemos prosseguir. Faça exatamente o que digo e teremos êxito."
Nakahara, sem o menor pingo de consideração para o espaço apertado que se encontravam, girou os calcanhares, assaltando os dedos de Dazai, e empinou o queixo para ele.
"Não preciso dos seus comandos."
"Bem, eu os darei mesmo assim." — rebateu — "Você acha que ele vai abrir a porta para qualquer um? Precisamos de uma fachada, uma história falsa. Venha comigo."
O endereço que a senhora Steinbeck entregou, referia àquele prédio. Mas a placa de lata na parede de tijolinhos revelava que cada sala servia a um propósito diferente: Advocacia; Impressão de jornais; Aulas de piano.
Dazai sondou pela janela e acenou quando o guarda o notou.
A forma robuscada e de rosto quadrado entreabriu a porta. Olhou para os dois lados da rua e então mirou Dazai com certa desconfiança.
"Boa noite?"
Maçanetas e janelas recém polidas. Recepção com cheiro de tinta fresca. Um quadro pintado de um senhor com seu bigode branco, charuto e paletó modesto. Dazai sorriu. Sabia exatamente o que fazer.
"Muito boa noite, de fato, meu senhor." — falou em uma voz deveras entusiasmada — "Permita-me fazer um breve précis de mim mesmo. Meu nome é Doppo Kunikida. E acabei de chegar de viagem. Coisas terríveis os trens, não são? Tão barulhentos. Estou na cidade a negócios, é claro, e não tenho tempo a perder. Ouvi que seu chefe deseja vender o prédio e gostaria de dar uma olhada, se assim me permitir."
O guarda cerrou os olhos. Ainda mantinha apenas uma fresta da porta aberta.
"Geralmente não recebemos compradores tão tarde da noite."
"Tempo é precioso. Seria terrível ter que esperar até o amanhecer. E sei que o senhor é competente o suficiente para mostrar todos os detalhes necessários e quem sabe, quando o sol raiar já estarei assinando contrato com seu chefe. Ele sem dúvida lhe deverá um aumento pelo bom trabalho."
"Não sei se devo." — disse o guarda com cara de quem está ao mesmo tempo intrigado e desconfiado — "Como saberei se não é apenas um patife com planos de me roubar?"
Dazai riu, jovial, afável.
"Fico lisonjeado que pense que um homem de minha estatura venceria contra o senhor. Mas não há nada a temer, garanto-lhe. Sou apenas eu e meu cão de guarda."
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What The Dead Whisper
FanfictionNa Era Vitoriana, Osamu Dazai é um assassino de aluguel. Quando seu mais novo trabalho o leva de volta à sua cidade natal, ele conhece Chuuya Nakahara, um vampiro novato que busca vingança contra o tão famoso Vampiro Demônio. Em uma história de mist...