9 - "Did I hear you imply that they don't deserve death?"

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A conexão entre a rua de cima e a rua de baixo era feita por uma ruela estreita. Com degraus escorregadios cheios de limo.

As botas de Dazai eram cuidadosas a cada passo. Uma mão se apoiou no corrimão, o ferro frio quase descolando a pele por causa da camada fina de gelo.

"É aquele." — Dazai confirmou.

Lojas e Pensões com suas janelas fechadas e luzes apagadas davam à imensidão da rua um ar de desolamento.

Apenas um prédio mantinha os lampiões aquecidos. Uma coisa agressivamente grande. Com janelas de caixilho e estátuas de leões ladeando a entrada côncava. Uma figura se movia lá dentro. Passando pelas janelas em passos ritmados, o assovio espiralava pela rua como caco de vidro nos ouvidos.

O relógio de bolso de Dazai marcava mais de meia-noite, portanto, a pessoa era provavelmente o guarda noturno do prédio.

A ruela não era larga o suficiente para dois homens adultos, Nakahara teve que se expremer contra o corpo de Dazai para espiar o prédio.

"Parece inocente o suficiente."

"Clássico erro de amador." — disse Dazai — "Sei como devemos prosseguir. Faça exatamente o que digo e teremos êxito."

Nakahara, sem o menor pingo de consideração para o espaço apertado que se encontravam, girou os calcanhares, assaltando os dedos de Dazai, e empinou o queixo para ele.

"Não preciso dos seus comandos."

"Bem, eu os darei mesmo assim." — rebateu — "Você acha que ele vai abrir a porta para qualquer um? Precisamos de uma fachada, uma história falsa. Venha comigo."

O endereço que a senhora Steinbeck entregou, referia àquele prédio. Mas a placa de lata na parede de tijolinhos revelava que cada sala servia a um propósito diferente: Advocacia; Impressão de jornais; Aulas de piano.

Dazai sondou pela janela e acenou quando o guarda o notou.

A forma robuscada e de rosto quadrado entreabriu a porta. Olhou para os dois lados da rua e então mirou Dazai com certa desconfiança.

"Boa noite?"

Maçanetas e janelas recém polidas. Recepção com cheiro de tinta fresca. Um quadro pintado de um senhor com seu bigode branco, charuto e paletó modesto. Dazai sorriu. Sabia exatamente o que fazer.

"Muito boa noite, de fato, meu senhor." — falou em uma voz deveras entusiasmada — "Permita-me fazer um breve précis de mim mesmo. Meu nome é Doppo Kunikida. E acabei de chegar de viagem. Coisas terríveis os trens, não são? Tão barulhentos. Estou na cidade a negócios, é claro, e não tenho tempo a perder. Ouvi que seu chefe deseja vender o prédio e gostaria de dar uma olhada, se assim me permitir."

O guarda cerrou os olhos. Ainda mantinha apenas uma fresta da porta aberta.

"Geralmente não recebemos compradores tão tarde da noite."

"Tempo é precioso. Seria terrível ter que esperar até o amanhecer. E sei que o senhor é competente o suficiente para mostrar todos os detalhes necessários e quem sabe, quando o sol raiar já estarei assinando contrato com seu chefe. Ele sem dúvida lhe deverá um aumento pelo bom trabalho."

"Não sei se devo." — disse o guarda com cara de quem está ao mesmo tempo intrigado e desconfiado — "Como saberei se não é apenas um patife com planos de me roubar?"

Dazai riu, jovial, afável.

"Fico lisonjeado que pense que um homem de minha estatura venceria contra o senhor. Mas não há nada a temer, garanto-lhe. Sou apenas eu e meu cão de guarda."

What The Dead WhisperOnde histórias criam vida. Descubra agora