24 - "Blood on your hands, oh you took it too far"

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A Catedral era uma daquelas construções tão antigas e veneráveis que causava espanto toda vez que se botava os olhos nela. Assombrosamente bonita. Com torres tão altas e afiadas quanto presságios encontrados em pesadelos.

De costas para o púlpito e sob o olhar severo de dezenas de estátuas de anjos, Dazai assoviava uma melodia antiga e suave no silêncio.

Havia um único espectro na última fileira, usando túnica branca e rezando baixinho. Fantasmas eram perfeitamente capazes de flutuar no piso sagrado sem explodirem em chamas mas a maioria não se sentia confortável assombrando igrejas.

A porta maciça e dupla já estava aberta em toda sua glória quando Nathaniel Hawthorne e John Steinbeck surgiram nos degraus.

"Vocês demoraram." — Dazai comentou alegremente — "A carruagem estragou no caminho?"

"Senhor Dazai, mal posso expressar meu descontentamento em vê-lo." — Steinbeck parou ao alcançar a primeira fileira de bancos, tomando a decisão segura de se manter mais perto da saída do que de Dazai.

"Igualmente."

Nathaniel Hawthorne, que não usava batina naquela noite e sim um terno cinzento, falou:

"Aviso já que qualquer plano que julgue cheio de esperteza, não funcionará." — ele apanhou um pergaminho dobrado do bolso e girou entre os dedos ossudos — "No momento em que esta carta apareceu em minha porta eu soube que se tratava da obra do Diabo."

A neve soprou através da porta, puxando o cabelo acinzentado e a capa de Hawthorne para trás, como em aviso. Mas o Padre nem notou. Afundado demais em sua arrogância para perceber o perigo que corria.

O sorriso de Dazai se tornou ferino.

"Me considera o Diabo, Padre Hawthorne? Estou lisonjeado. Como descobriu, me pergunto? Foi a caligrafia?"

"Nenhum dos trabalhadores responsáveis pela reforma sabem ler ou escrever."

A mão apoiada nas costas de Dazai contraiu-se.

"Deveria cuidar melhor do povo, Padre." — Dazai avisou.

Hawthorne crispou os lábios, irresignado. Seus óculos refletiam o fogo trêmulo das velas, como se enxergasse as próprias chamas infernais.

"Lamento se causamos a impressão errada." — Steinbeck interveio — "Somos soldados do Senhor, não cordeiros. E se você continuar se metendo em assuntos que não lhe dizem respeito, nós o removeremos do caminho."

"Ouço muito esse aviso." — Dazai respondeu com uma pitada de tédio.

Hawthorne inclinou a cabeça, medindo-o de cima a baixo.

"Por que se importa tanto com os vampiros, filho da Morte?"

"Não me importo. Nem um pouco, na verdade." — Dazai sorriu — "Exceto por um vampiro."

A mão apoiada em suas costas se contraiu com mais força.

"Mas já basta de conversação." — Dazai bateu palma uma vez, o som eclodindo no teto abobadado da catedral — "Estou excitado em presenciar o desfecho desta noite. Steinbeck, perdoe minha ousadia, mas parte do acordo que fiz, é entregar Hawthorne sozinho."

A postura de Steinbeck ficou tensa.

"O que isso quer dizer?" — demandou.

"Chuuya." — Dazai sussurrou.

Escondido atrás de Dazai, usando a baixa estatura como vantagem, Chuuya apareceu. A velocidade vampírica o vinha com muito mais facilidade. Sem perguntas, sem hesitação. Chuuya correu direto para Steinbeck.

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