20 - "Sometimes the beast will dare to dream"

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O Instituto Escarlate recebeu Dazai e Nakahara com expectativa.

Nas antigas visitas ao lugar, Dazai nunca teve a chance de encontrar todos os seus moradores de uma só vez. E eram muitos. Espalhados pela sala de estar, nos sofás e divãs e até no parapeito das janelas.

Não importava se o recinto era grande. Era uma caixa. Com pessoas demais e saídas de menos.

"E então?" — Kouyou se levantou, o vestido caindo volumoso ao seu redor — "Como foi?"

O burburinho de conversas cessou. Múltiplos pares de olhos colados nos recém-chegados.

Nakahara encostou o ombro no umbral do arco que separava o foyer da sala de estar. Dazai parou ao lado dele.

"Tudo de acordo com o plano."

"E onde está a Vampira Demônio?" — Kyōka perguntou, olhando para o espaço do foyer atrás deles como se esperasse um truque de mágica.

Embora Dazai estivesse muito bem acostumado a situações arriscadas, sua pele ainda arrepiou diante da sensação de perigo.

Não poderia ter certeza absoluta de como um ninho de vampiros reagiria ao descobrirem que um dos seus era um espião para o inimigo.

Dazai poderia se proteger caso o espião tentasse atacar. Mas isso implicaria usar a pistola que Nakahara já comentara sobre Kouyou não aprovar.

"Eles foram avisados." — relatou, inexpressivo — "Fugiram antes que pudéssemos chegar até eles."

O espanto recaiu na sala mas foi silencioso. Ninguém se moveu. Daquele jeito perturbador sem piscar que apenas vampiros eram capazes de reproduzir.

"Está dizendo..." — Kouyou começou.

"Sim." — Dazai assentiu lentamente. Não muito seguro se movimentos bruscos causariam distúrbio — "Pode me arranjar pergaminho e uma caneta, por favor?"

"Mas você disse que tudo correu conforme o planejado." — Jun'ichirō mencionou, empoleirado numa poltrona perto da lareira, enquanto Kouyou gesticulava para Kyōka arranjar o que foi pedido.

"Escreverei à Vampira Demônio." — Dazai se moveu da entrada, se infiltrando no âmago do ninho dos vampiros. Cabeças seguiam seus movimentos como mariposas seguindo luz — "A convidarei para jantar, onde teremos uma conversa civilizada."

"Jantar?" — o tom de Kouyou ativou um alerta nos instintos de Dazai. Ele fingiu tranquilidade ao retribuir o olhar dela — "Isso não passa de uma grande piada para você, senhor Dazai?"

"Por acaso me vê rindo?" — Dazai retrucou. Com um sopro suave Kyōka estava ao seu lado e lhe entregou pergaminho e caneta — "Todos os grandes conflitos podem ser resolvidos durante uma ceia. Seremos capazes de abrir portas que antes estavam fechadas."

Não havia mesa próxima então Dazai usou a parede como apoio para escrever. Sentiu os presentes se inclinarem para enxergar sua letra mas não se atreveram a chegar muito perto.

"Irei com você." — Kouyou declarou.

"Não."

"Perdão?" — agora a voz de Kouyou se tornou decididamente perigosa. Dazai não estava satisfeito em estar com as costas virada para ela — "Se algo desta magnitude será discutido num jantar-"

"A Vampira Demônio tentou lhe contatar?"

"Não."

Dazai afastou a caneta do pergaminho e chacoalhou até a tinta secar.

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