7 - "'Til all my sleeves are stained red"

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ℭ𝔥𝔲𝔲𝔶𝔞

A chuva fina mas ininterrupta o acompanhou durante todo o trajeto à pé.

Chuuya não viajava muito. Nunca, na verdade. Ouvia que trens eram um luxo moderno e prático, ouvia seu apito e via a fumaça das locomotivas, no entanto, nunca andou em um.

Dentro da estação, era tudo muito vasto e grandioso. E também movimentado.

Fumaça se acumulava no teto. O letreiro brilhava em cobre. E o relógio grandioso marcava o horário da próxima partida.

Senhoras banhadas em jóias e chapéus com penas exóticas, desfilavam pelo lugar com filas de funcionários ofegantes carregando dezenas de malas nos braços. Cavalheiros corriam, atrasados em seus compromissos, as abotoaduras de prata um lampejo na esplendorosa estação.

Chuuya se perdeu na multidão. Pensou em subir em um dos bancos para enxergar acima das cabeças mas isso seria indecente.

Estava sendo engolido pela comoção quando de repente seus ouvidos captaram uma voz:

"Coisas ruins costumam acontecer com quem invade meu espaço pessoal. Aconselho a não cometer esse erro." - Dazai dizia para alguém.

Chuuya percorreu a distância entre eles com facilidade, esquivando da enxurrada de pessoas até parar onde queria estar, ao lado de Dazai.

Osamu Dazai encarava, de testa franzida, uma das colunas de pedra esculpida da plataforma.

Atitude peculiar. Pois não havia ninguém naquele local específico.

"Recebi seu recado." - Chuuya falou quando ficou claro que Dazai não o notara.

Olhos castanhos piscaram, como se fosse extraordinário que Chuuya estivesse de pé diante dele, como se tivesse surgido fantasmagoricamente, de uma parede próxima.

"Yosano examinou a substância encontrada nos corpos." - disse ele.

"E o resultado?"

"Veneno." - Dazai segurou a maleta de couro que carregava em uma mão apenas e usou a outra para retirar algo do bolso de seu colete - "E nós dois faremos uma visita à única especialista de veneno, de todo o estado."

Dazai lhe entregou um bilhete acinzentado.

"Acha que o Vampiro Demônio comprou dela?" - Chuuya indagou, seguindo-o para o embarque no trem - "Talvez ela possa nos dar uma descrição da aparência."

"Pensamento otimista."

Dazai abria caminho com facilidade pelos passageiros. Os passos assertivos, os ombros largos.

O vagão que entraram ostentava corrimãos de cobre e bancos de couro preto. Eles se ajeitaram em assentos de frente um para o outro, uma lustrosa mesa de mogno entre os dois.

Pessoas arrastavam bagagens pelo corredor apertado. Outras já se enroscavam nas poltronas com um chapéu no rosto, afundando em cochilos.

O maquinista apitou. O trem, com uma sacudida, avançou devagar para frente.

"Se a substância estava dentro das mordidas... - Chuuya falou, se inclinando sobre a mesa - o Vampiro Demônio mergulhou as próprias presas no veneno e então mordeu suas vítimas?"

"Que visão bizarra seria essa." - Dazai comentou, guardando sua maleta no compartimento em cima dos bancos.

"Talvez tenha pingado o veneno nos buracos após a mordida." - Chuuya especulou - "Mas, desta forma, entraria corretamente no sistema?"

Dazai se atirou no assento, tão à vontade como se fosse o sofá da própria casa. As longas pernas esticadas, aproveitando o espaço.

"Dúvidas excelentes que serão respondidas quando a especialista nos explicar o propósito do veneno." - Dazai falou, com uma olhada significativa para os arredores.

What The Dead WhisperOnde histórias criam vida. Descubra agora