18 - "A minute from home, but I feel so far from it"

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ℭ𝔥𝔲𝔲𝔶𝔞

Polir seus instrumentos de trabalho sempre foi um momento de paz para Chuuya.

Os movimentos repetitivos. O brilho como resultado. Em cima da mesa, ele os organizava por tamanho. Não eram usados há um tempo e Chuuya não queria que enferrujassem.

O dinheiro também estava diminuindo cada dia mais. Comprar sangue de Stoker não era barato. Chuuya precisava voltar ao trabalho o mais breve possível.

Mas com todos os recentes eventos, apenas pensar em retornar à sua rotina normal chegava a ser risível.

Ao voltar do Orfanato Arahabaki, ele necessitava de tempo para respirar. Irônico, considerando que seus pulmões nem funcionavam mais.

Os cuidadores teriam uma surpresa desagradável quando voltassem. Dazai escondeu o corpo de N na sala de administração, o único lugar em que as crianças não acabariam encontrando por acidente.

Chuuya abriu a porta de uma câmara frigorífica. Mesmo que névoa espessa saísse dos pacotes de sangue, o frio nem mesmo incomodou a pele da mão de Chuuya. Seria sua primeira refeição do dia e ele estava prestes a apanhar um cálice para encher, quando parou.

Os ouvidos de vampiro não se enganavam. Duas respirações diferentes se encontravam do lado de fora do seu prédio. Um deles usando uma faca e um arame para arrombar a fechadura.

Chuuya não necessitava de muito para saber exatamente de quem se tratava. Seus ombros esmoreceram.

Ele voltou a guardar o pacote de sangue na câmara frigorífica e caminhou para a escada, se sentando no último degrau.

Não havia mais como fugir. Bastava de se esconder. Chuuya ainda carregava o peso de arrancar a cabeça do seu passado na noite anterior, mas a vida não espera que você se recupere. As pessoas não podiam colocar suas vidas em pausa simplesmente porque Chuuya queria algumas horas para si mesmo.

Então ele sentou-se. E esperou.

Um tipo de desolação estava tomando conta do seu ser. Seu coração não era capaz de bater rápido, cheio de ansiedade. Mas seu corpo ainda murchou. Gelado e rígido. Esperando pelo inevitável.

A fechadura finalmente cedeu. A porta foi aberta. A luz solar invernal se apressando para dentro antes que as duas pessoas pudessem entrar.

Chuuya os observou analisar os materiais sobre a mesa e os lençóis nas janelas. Só então os olhos esbarraram na escada.

"Maldição!" — Shirase exclamou com um pulo e uma mão no coração. Yuan ficou mais assustada pela reação de Shirase, levando um tempo para os olhos ajustarem e ela enxergar Chuuya.

"Mas afinal porque é que você está no escuro desse jeito como um fantasma?" — ela quis saber, uma carranca na face.

"Feche a porta."

Os dois piscaram em confusão muda.

"O quê?" — Shirase perguntou.

"Feche a porta." — Chuuya repetiu com mais urgência.

Shirase trocou um olhar preocupado com Yuan. Ele fechou a porta enquanto ela se aproximava alguns passos. Chuuya recuou e ela parou.

Se passaram tantas semanas. Se recusando a permitir que seu presente esbarrasse em seu passado, Chuuya nunca... ele nunca sentiu o cheiro deles dessa forma. O sangue. O sangue Mundano. Correndo rápido e grosso nas veias.

Considerando as pessoas recentes com quem Chuuya vinha interagindo, Shirase e Yuan exalavam um cheiro tão comum.

"Você está fugindo da polícia?" — Shirase sussurrou.

What The Dead WhisperOnde histórias criam vida. Descubra agora