8 - "Our patience is waning, is this entertaining?"

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A porta da frente da mansão do Coven das Bruxas não possuía buraco de fechadura e nem mesmo maçaneta.

Era simplesmente carvalho pintado de preto. E no centro, uma aldrava na forma da cabeça de um gato, a qual Dazai usou para bater duas vezes.

Uma brisa fria cruzou pelo jardim de heléboros negros e pelos degraus da entrada. As gárgulas, no alto do telhado, viraram suas cabeças em sincronia na direção de Dazai, encarando-o com olhos de pedra.

Dazai sabia que era melhor não encarar de volta. Se manteve imóvel, tentando parecer o mais inofensivo possível.

Nuvens ralas eram sopradas pelo vento forte. O sol espiava do poço profundo do inverno, mas seus raios fracos não eram páreos contra o frio brutal. A respiração de Dazai saía em lufadas brancas no ar.

Uma lustrosa carruagem negra irrompeu pela neblina da manhã. Janelinhas fechadas com cortinas. Um intrincado guarda-sol de marfim abriu-se antes de Ozaki Kouyou botar os pés para fora da carruagem. O rosto parcialmente escondido por um gigantesco chapéu preto.

"Lembro-me de manhãs em que podia me aconchegar na cama com uma boa taça de sangue, sem correr o risco de me queimar neste inferno." — vinha resmungando.

Dazai não ofereceu a mão para ajudá-la subir a escada e ela não se ofendeu por não tê-lo feito.

"Um assunto urgente demanda por uma reunião urgente." — disse uma voz às costas de Dazai.

Agatha Christie, em um elegante vestido de veludo, se encontrava na soleira da porta que Dazai não a ouviu abrir. Ela acenou uma mão em luvas vermelho borgonha e eles entraram imediatamente.

O hall da mansão se tratava de um corredor longo, e sombrio apesar dos candeeiros a gás acesos ao longo das paredes, lançando luz profunda e calorosa no papel de parede escuro com caprichosos desenhos de flores venenosas.

Atrás deles, a porta fechou-se em silêncio, sem ninguém empurrá-la.

Ganchos como mãos esperavam para receber os casacos e cartolas. O tapete persa se estendia até onde a vista alcançava, seguindo o aparentemente infinito corredor de quartos secretos e cômodos escondidos aos olhos dos convidados.

Um homem emergiu por uma das inúmeras portas. A cabeça careca brilhando sob a luz bruxuleante do corredor.

"Um dos seus livros tentou me morder." — reclamou, rabugento.

"Eles não gostam de ser incomodados." — Agatha respondeu solenemente.

O homem ajeitou o rufo da camisa, tão longo e branco, extravagante além da medida. Olhos pequenos por trás dos óculos observaram Dazai, desconfiados.

"E você é quem?" — exigiu saber.

"Assumo que esteja brincando." — Dazai retorquiu.

"Este é Osamu Dazai." — Agatha elucidou — "O Detetive no caso que discutiremos hoje."

"Dazai?" — Taneda olhou duas vezes para ter certeza de que seus olhos não o enganavam — "Deve me desculpar por não tê-lo reconhecido. Você está... — pausou — diferente."

"Suas palavras muito me elogiam."

"O que tem feito ultimamente?"

"Matando pessoas, como de costume. Como tem passado, Taneda?"

"Melhor que nunca." — ele então virou-se para Kouyou, que já se livrara do guarda-sol e do chapéu, protegida dos raios do dia dentro da casa — "Madame."

What The Dead WhisperOnde histórias criam vida. Descubra agora