ℭ𝔥𝔲𝔲𝔶𝔞
Garoava quando Chuuya e Kouyou acompanharam Akutagawa em busca de sua irmã.
Uma carruagem poderia ter feito o trabalho mais confortavelmente, mas por insistência de Kouyou, os três fizeram o trajeto a pé. Pondo em prática sua velocidade paranormal.
Akutagawa aprendia rápido e só topou com uma carroça vazia, uma única vez. Chuuya não foi tão gracioso. Não importava se era vampiro a mais tempo que Akutagawa, Chuuya atropelou um banco de praça e uma pobre árvore. Os sapatos molhados e a estrada escorregadia não ajudavam.
Kouyou detia de uma paciência louvável. Sua velocidade era suave como o vento e silenciosa como o vôo de uma coruja.
Apesar dos empecilhos, demoraram meros minutos para alcançarem o destino. Gin, a irmã mais nova de Ryuunosuke, passava as noites em uma cabana debaixo da ponte, e quando sentia fome saía com seu grupo em busca de abrigos criados por cidadãos bondosos, que ofereciam comida de graça aos moradores de rua.
Akutagawa pedira a Kouyou que conversasse com Gin. Para convencê-la a aceitar ser transformada em vampira. Era seu desejo em proteger a irmã. Lhe conceder força e velocidade, com a única desvantagem sendo a necessidade por sangue.
Chuuya avistou o abrigo e murmurou alguma desculpa sobre não querer sobrecarregar Gin com sua presença.
Ele ficou para trás. No alto da rua íngreme, atrás de um poste. Chuuya viu Akutagawa acenar para uma jovem menina de cabelos pretos. Chuuya viu também Yuan.
A comprida mesa cheia de comida de graça estava atulhada de grupos do que a sociedade alta chamava de "plebe". Encolhidos da garoa por gorros cheios de furos e casacos sujos de lama. Em meio à eles, o cabelo cor de rosa de Yuan era uma lanterna. Ela enchia o bolso com bolinhos de limão. Chuuya sabia que eram bolinhos de limão porque mesmo àquela distância podia sentir o cheiro.
Yuan, diferente de muitos ali, dispunha do privilégio de uma casa. Um barraco que dividia com uma dezena de outras mulheres, mas já era alguma coisa, certo? Chuuya conseguiu um trabalho para ajudar os amigos e dava dinheiro à eles sempre que podia, mas devido aos recentes acontecimentos...
Então Kouyou foi introduzida à Gin. Os três se afastaram da multidão e conversaram seriamente sobre o assunto, enquanto Chuuya se encolhia atrás de um poste, apavorado com a ideia de esbarrar em seu passado.
Estava ficando cansado de se esconder dos seus amigos. De forçar silêncio toda vez que Shirase batia à sua porta. Mas a outra opção seria contar a verdade à eles e Chuuya ainda não estava pronto para isso.
Subitamente as gotas de chuva se transformaram em flocos de neve. Caindo espessos como algodão e cobrindo o chão e os telhados das casas em veludo branco.
Era uma visão deslumbrante. E impossível de ser apreciada. Chuuya não conseguia pensar em outra coisa além do fato de que não sentia o corte do frio na pele. Não havia necessidade de usar um casaco. Seu passado estava apenas à alguns metros na rua e ele era covarde demais para olhá-lo nos olhos.
༝༝༝༝
"Você sabe por que chamam esse lugar de Colina Esquecida?" — Dazai perguntou.
Uma brisa soprou as ondas sombrias do cabelo dele, roçando nas bandagens do pescoço e deixando as bochechas coradas.
Os dois desbravavam a subida da colina, em um cenário bonito ainda que desolador. Era um cemitério. Desde pequenas lápides até magníficos mausoléus. As árvores se elevavam acima da névoa e o lampião na mão enluvada de Dazai piscava como um vagalume assustado.
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What The Dead Whisper
Fiksi PenggemarNa Era Vitoriana, Osamu Dazai é um assassino de aluguel. Quando seu mais novo trabalho o leva de volta à sua cidade natal, ele conhece Chuuya Nakahara, um vampiro novato que busca vingança contra o tão famoso Vampiro Demônio. Em uma história de mist...