28 - "I made my peace with all of the sorrow"

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Chuuya pensou que se sentiria diferente com a morte de Pushkin.

Definitivamente sentiu algo, só não sabia o quê. Talvez fosse boa coisa que tivesse a eternidade para descobrir.

A calmaria após a tempestade veio em formato de neve mansa e uma reunião com os Líderes do Oculto.

Chuuya sentou-se a mesa de jantar. Um estalar de dedos faiscantes depois e os pratos se encheram de comida. Lámen. Missoshiro. Cálice com sangue para Chuuya e Kouyou.

"Quando soube sobre a emboscada, devia ter vindo à mim primeiramente." — Kouyou nem mesmo esperou a primeira garfada para começar a reprovar — "Não estava no seu direito decidir a punição de Nobuko Sasaki e seus seguidores."

A mansão do Coven das Bruxas era ainda mais estonteante e luxuosa no seu interior do que seu exterior. O ouro dos pratos e talheres combinava com os castiçais; Fogo ardente e púrpura iluminava o recinto em uma luz bruxuleante e mágica.

"Não é e nem nunca foi minha responsabilidade proteger vampiros." — Dazai, acomodado na cadeira entre Chuuya e Shibusawa, respondeu imperturbado — "Fui contratado para matar Nobuko. E foi o que fiz."

"E somos muito gratos pelos seus serviços." — Agatha pontuou — "Muito em breve receberão um convite para um novo baile. O  Coven concorda que devemos comemorar a vitória dos Ocultos."

Considerando que fora Nobuko e seus vampiros que extinguiram os exterminadores e o restante da sociedade oculta passou meses tentando capturá-la, oferecer uma festa parecia meio hipócrita. Mas Chuuya achou melhor não dar voz à sua opinião.

"De fato, um trabalho impecável." — Fukuzawa concordou — "Aceitem os meus parabéns."

Chuuya respondeu com um simples inclinar de cabeça. Não se sentia merecedor de agradecimentos.

"Talvez precisemos que fiquem mais um pouco, — Taneda escondeu o sorriso zombeteiro por trás do chá — caso outro vampiro enlouqueça."

O ferimento que o Prefeito Tonan lhe causou teve um resultado permanente. O rumor era que Taneda cortou a própria mão fora usando um machado e pagou Motojirō Kajii para fazer-lhe uma mão mecânica de cobre — pois se fosse de ferro seria um desrespeito com o Povo Fada.

As chamas púrpura refletiram no olhar assassino que Kouyou lançou ao Lobisomem.

"Prefiro que a culpa não recaia sobre os vampiros, mas sim sobre os mundanos que estavam se amotinando contra nós." — ela virou para Agatha, a cabeceira da mesa — "Temos certeza de que o novo Prefeito será capaz de controlá-los?"

"Bem, toda a sociedade está morta." — Agatha fatiou a carne mal passada em seu prato — "Se alguém desejar criar outro clube como aquele, descobrirá exatamente o que acontece com quem nos desafia."

"Nobuko me parecia uma boa mulher que foi corrompida pelo luto." — Fukuzawa comentou em tom de voz baixo, respeitoso.

"O luto é uma coisa estranha, porque a experiência de cada pessoa é única." — Shibusawa falou.

Houve-se um minuto de silêncio contemplativo.

A quietude nas paredes da Mansão das Bruxas chegava a ser quase sufocante. Acostumado a ouvir tudo e todas as coisas, a magia inserida na construção desorientava Chuuya.

"E a pistola?" — Kouyou exigiu com dureza.

Sem protestos, Dazai depositou a arma em cima da mesa. O aço embaçado refletindo as chamas púrpura da sala de jantar.

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