Capítulo 16 - Clarisse

122 22 10
                                    

— Vocês estão muito encrencados — Clarisse informou.

Eles haviam acabado de fazer uma excursão pelo navio, por acomodações escuras lotadas de
marinheiros mortos. Em seguida, o depósito de carvão, as caldeiras e o motor, que bufava e gemia como se fosse explodir a qualquer minuto.

A casa do leme, o paiol de pólvora e o convés de artilharia, com dois canhões Dahlgren de cano liso a bombordo e a estibordo e um canhão Brooke estriado de nove polegadas na proa e na popa — todos especialmente adaptados para disparar balas de bronze celestial.

Em todos os lugares aonde íamos, marinheiros confederados mortos nos olhavam fixamente, as caras barbadas fantasmagóricas tremeluzindo nos crânios. Eles aprovaram Annabeth, porque ela lhes disse que era da Virgínia. Também estavam interessados em Percy, porque meu nome era Jackson — como o do general sulista —, mas então ele estragou tudo dizendo que era de Nova York. Todos vaiaram e resmungaram pragas contra os ianques.

Tyson ficou aterrorizado com eles. Durante toda a excursão insistiu para que Annabeth segurasse sua mão, o que não a deixou muito feliz, então Meddy prontamente assumiu esse papel, segurando a mão do pobre ciclope.

Finalmente, eles foram escoltados para o jantar. O alojamento do capitão do Birmingham era mais ou menos do tamanho de um closet, mas ainda assim muito maior do que qualquer outro recinto a bordo. A mesa estava posta com linho branco e porcelana. Manteiga de amendoim, sanduíches de geleia, batatas fritas e refrigerantes foram servidos por tripulantes esqueléticos.

— Tântalo expulsou vocês por toda a eternidade — disse Clarisse, com ar de superioridade. — O senhor D disse que se mostrarem a cara de novo no acampamento vai transformá-los em esquilos e passar por cima com sua caminhonete.

— Foram eles que deram este navio a você? — perguntei.

— Claro que não. Foi meu pai.

— Ares?

Clarisse sorriu, sarcástica.

— Acha que seu pai é o único que tem poderes no mar? Os espíritos do lado perdedor em todas as guerras devem tributo a Ares. É sua maldição por terem sido derrotados. Pedi a meu pai um transporte naval, e aqui está ele. Esses caras vão fazer tudo o que eu mandar. Não é, capitão?

O capitão estava em pé atrás dela, rígido e zangado. Seus olhos verdes e brilhantes me fixaram com um olhar faminto.

— Se isso significa dar fim a essa guerra infernal, madame, finalmente a paz, vamos fazer qualquer coisa. Destruir qualquer um.

Clarisse sorriu.

— Destruir qualquer um. Eu gosto disso.

Tyson engoliu em seco.

— Clarisse — disse Annabeth. — Luke também pode estar atrás do Velocino. Nós o vimos. Ele tem as coordenadas e está indo em direção ao sul. Tem um navio de cruzeiro cheio de monstros...

— Bom! Vou explodi-lo para fora da água.

— Você não está entendendo — disse Annabeth. — Precisamos unir nossas forças. Deixe-nos ajudá-la...

— Não! — Clarisse deu um murro na mesa. — Esta é a minha missão, garota esperta! Finalmente chegou minha vez de ser a heroína, e vocês dois não vão roubar minha chance.

— Onde estão seus colegas de chalé? — perguntei.

— Você teve permissão de trazer dois amigos, não teve?

— Eles não... Eu os deixei para trás. Para proteger o acampamento.

— Você quer dizer que nem mesmo as pessoas do seu próprio chalé quiseram ajudá-la?

— Cale a boca, Percy! Eu não preciso deles! Nem de você!

— Clarisse — falei. — Tântalo está usando você. Ele não se importa com o acampamento. Adoraria vê-lo destruído. Está armando para você fracassar.

— Não! Não me importa o que o Oráculo... — ela se interrompeu.

— O quê? — disse eu. — O que o Oráculo lhe contou?

— Nada. — As orelhas de Clarisse ficaram rosadas. — Tudo o que vocês precisam saber é que vou terminar essa missão e vocês não vão ajudar. Por outro lado, não posso deixá-los ir...

— Então somos prisioneiros? — perguntou Annabeth.

— Hóspedes. Por enquanto. — Clarisse apoiou os pés na toalha branca de linho e abriu outro refrigerante. — Capitão, leve-os para baixo. Ceda redes para eles no convés-dormitório. Se eles não se comportarem bem, mostre-lhes como lidamos com espiões inimigos.

— Cla — Meddy chamou a atenção da morena.

— Deixe ela, quero conversar com ela — informou apontando para Meddy.

Assim que o capitão saiu, Clarisse se aproximou de Meddy e lhe deu um abraço caloroso.

— Sinto sua falta — Clarisse informou um tanto chorosa.

— Eu também sinto — Meddy retribuiu o carinho.

— Se contar a alguém..

— Nunca nos abraçamos nem nada do tipo — Meddy comentou abrindo um sorriso.

— Adorei as adagas — Clarisse informou pegando as nas mãos e percebendo que elas era um pouco mais pesadas do que deveriam — bronze celestial, parece a minha lança — ela disse se lembrando da lança que Percy havia quebrado no verão anterior.

— É quase uma lança — Meddy disse pegando as adagas e as unindo, transformando-as no tridente.

— Pera, um tridente? — Clarisse perguntou meio desanimada, até perceber o olhar de Meddy — perai, é o tridente? O tridente do seu pai?

Ela questionou em completo choque e admiração enquanto Meddy apenas concordou com a cabeça, feliz e ainda atordoada por saber que seu pai havia lhe dado um presente, o mais precioso de todos.

— Ele te deu um presente finalmente — Clarisse disse — sempre achei que a presença dele seria o presente, mas vejo que ele só estava esperando o momento certo — comentou pegando o tridente nas mãos — é lindo.

Ela entregou o tridente para Meddy que logo o transformou em duas adagas novamente. Enquanto a garota fazia isso, Clarisse percebeu algo em seu pescoço, o que a deixou curiosa.

— Isso é um chupão? — Clarisse perguntou tirando o cabelo do pescoço de Meddy — com certeza é um chupão.

Meddy ao perceber, colocou o cabelo de volta rapidamente, no mesmo instante começou a ficar com as bochechas rosadas de vergonha.

— Quem? — Clarisse questionou — o carinha do chalé de Apolo?

— Não — Meddy disse sussurrando e olhando com desgosto.

— Imaginei que não, aquele cara era muito estranho sempre soube que você ficava com ele pra esquecer o Luke... — Clarisse a olhou espantada — Luke... Annabeth disse que vocês se viram, você não saiu do acampamento com esse chupão, foi ele não foi?

Meddy concordou com a cabeça ainda mais envergonhada pelo acontecido, Clarisse não fazia ideia do que havia acontecido entre eles, não era apenas um chupão no pescoço, havia mais de um chupão em lugares escondidos.

— Vocês se pegaram? — Clarisse questionou — me conta.

— Ele me seguiu na floresta e me beijou, depois ele... ele fez uma coisa, pra baixo — ela disse totalmente envergonhada enquanto Clarisse dava gargalhadas da vergonha.

— Ele te chupou? Não acredito — Clarisse sorriu incrédula — ninguém imaginaria que Luke Castellan quer você, ninguém imaginaria desdo verão passado que quer aquilo com você — Clarisse disse rindo como se fosse algo totalmente estupido.

— Para, ta me deixando com mais vergonha — Meddy disse rindo também.

— Vocês fizeram algo? — Clarisse questionou como uma criança curiosa.

— Não.

— Mas você quis? — Clarisse perguntou curiosa.

— Talvez...

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

(1) Daughter of the Sea Onde histórias criam vida. Descubra agora