𝗰𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝘁𝗿𝗶𝗻𝘁𝗮 𝗲 𝗾𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼

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Não revisado.

               [...]

              Eu não gosto de café.

—...— Ele é atrapalhado, digo...ele é grande mas se assemelha a uma criança, qual é a dele? Ao mesmo tempo que parece tão másculo também é inofensivo...— Por que escolheu psiquiatria?— Tomei um gole do meu suco, eu sou completamente viciada por limonada, quanto mais azedo melhor — É que...não é bem o que as pessoas mais gostam.

— Ah...eu achava uma área interessante, sabe? — Sorriu — Na verdade eu nunca pensei em ser médico, escolhi porque parecia ser o mais certo a se fazer, salvar alguém...fazer com que ela vivesse mais um pouco.

— ... é bastante profundo — Falei, ele estava sorrindo.

— Você acha?

— É, você pensa nos outros, isso é heróico, é muito  digno...tem algo que gosta de fazer nessa sua área?

— Eu gostava de analisar as pessoas, era meu passatempo favorito, querendo ou não quando se estuda psicologia acaba fazendo isso naturalmente e sem perceber, mas nunca é para o lado ruim.

— É um diagnóstico?

— Quase isso.

— ...e qual é o meu? É possível analisar assim? Ou...

— É possível — Me encarou— Eu posso ser sincero? É que...as vezes as pessoas não gostam do que ouvem, já teve muitos casos em que meus pacientes tentaram me esganar, coisa pior... então...posso dizer o que realmente penso?

— Fique a vontade — Cruzei os braços — Quero saber a opinião de um especialista.

            Ele não vai ser radical, vai?

— Eu te conheço a...dois dias? É, e bom... geralmente a primeira impressão é a que fica, não é? O que eu acho não mudou de ontem para hoje, pelo menos não muito.

— Espero que isso seja algo bom...

— Talvez...e...pelo que eu acho...— Ele parecia um pouco relutante ao dizer...— Você é uma pessoa bem... triste...— Triste? Eu...— Mas não no sentido ruim, é que... você parece se cobrar bastante para resolver problemas que não são seus, você se mete sempre que pode porque se sente responsável por conflitos alheios, é alguém que passou a vida toda cuidando dos outros e não sabe o que é ser frágil, não sabe porque nunca foi...nunca te deixaram ser, provavelmente era a irmã ou a pessoa que todos iam contar seus problemas, mas quando era a sua vez ninguém estava disponível.

— ... continue.

— ... você precisa ser cuidada agora, mas... também é confusa porque sentimentos novos te deixam desnorteada, é preciso paciência para te entender, você é complexa e impulsiva, é...pura e inocente, tem algo muito belo em você, uma personalidade   encantadora que ninguém nunca viu, talvez uma versão apaixonada...e eu acho que você só vai mostrá-la quando alguém tomar o seu lugar, quando alguém decidir cuidar de você e passar toda a confiança que precisa.

— ... você é bom nisso — Dei um sorriso — Qual conselho me daria se fosse meu médico?

— ... não encare o amor como algo obrigatório, como...uma missão que você deve cumprir, faça coisas de adolescentes, tenha sentimentos de adolescentes, isso faz com que a chama nunca se apague, mas o mais importante... não tenha medo de magoar a outra pessoa, é claro que responsabilidade afetiva é necessário, mas pense em si mesma antes — Comeu um pedaço de bolo — E...o seu tipo de amor é muito emocional, não tem nada de racional nele.

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