Capítulo 22

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Seu estômago revirou antes mesmo que pudesse abrir os olhos. E quando o fez, aquele sentimento de urgência imediatamente a invadiu.

Viu paredes pintadas de um branco estéril, contrastando com os equipamentos médicos brilhantes e os monitores eletrônicos que piscavam e emitiam sons nauseantes ritmados.

O ar tinha um cheiro insuportável de desinfetante misturado com a fragrância suave de flores de algum arranjo na mesa ao lado da cama.

Os sons do hospital eram como o inferno para June.

O zumbido constante dos aparelhos, o beep intermitente dos monitores cardíacos, os passos apressados dos profissionais de saúde ecoando pelos corredores agora, e o som ocasional de uma voz serena acalmando um paciente ou dando instruções a um colega. E por vezes, o som distante de uma ambulância chegando ou partindo ecoava pelo ar.

Ela fechava os olhos e se concentrava, se esforçando para não desmaiar outra vez assim que sentiu sua visão ficar turva.

Tentou encontrar um padrão ou significado em meio à cacofonia eletrônica, mas isso só a fez se sentir sufocada...

Os sons da própria respiração e os batimentos cardíacos, amplificados pela quietude do quarto, ecoavam em seus ouvidos, lembrando-a constantemente de sua fragilidade e da situação precária de Dan enquanto ainda estavam dentro daquele carro.

— Os... Freios... – Murmurou com dificuldade.

Os freios tinham falhado.

Ela tinha certeza disso.

June sentiu uma dor latejante por todo o corpo. Ela tentou se mover, mas foi imediatamente repreendida pela dor aguda que percorreu cada fibra de seu ser. Com os olhos ainda turvos, ela olhou ao redor do quarto, tentando entender onde estava.

— Srta. Handler está acordada! Graças a Deus... – A voz de uma velha enfermeira soou ao seu lado, e June virou a cabeça na direção do som.

— Onde está o... Dan? – Sua voz saiu rouca e fraca.

Ainda assim, June encontrou forças para se mexer e com dificuldade, tentou se levantar.

— Por favor, não se levante, Srta. Handler! Você precisa permanecer em seu leito...

Ela ainda insistiu.

— Eu... Eu não posso ficar aqui... Dan... Onde ele está? – June se agarrou no ombro dea enfermeira, ofegante. — Daniel Anderson... O que aconteceu com ele?

A enfermeira rapidamente se aproximou, colocando uma mão gentil no ombro de June para tentar acalmá-la, mas sem sucesso.

— Por favor, você precisa descansar. O Sr. Anderson está em outro quarto e está estável no momento, mas ainda inconsciente...

— O quê? — Ela tentou gritar, porém mal conseguia formar uma palavra, apenas um sussurro abafado.

— Os médicos estão cuidando dele, querida. Tente respirar mais devagar... Você precisa se recuperar também.

— Eu... Não consigo... – June fechou os olhos por um momento, respirando fundo para tentar controlar a dor e a ansiedade que a dominavam. — Não consigo...

June sentia-se como se estivesse presa em um pesadelo surreal, onde os sons e os cheiros invasivos do hospital a cercavam, aumentando sua sensação de desorientação e desespero.

Cada beep dos monitores parecia um lembrete implacável de uma memória terrível... Uma memória que o seu cérebro a impedia de alcançar.

Aquela dor de cabeça... Era terrível.

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