Capitulo 15 - Mesa da cozinha.

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Não sei onde estou com a cabeça

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Não sei onde estou com a cabeça.

Ainda sinto o cheiro de Lauren impregnado em mim desde que me atrelei a ela na cama. Não estava na intenção de deixá-la dormir nos meus braços, mas quando a vi deitada, só com aquela blusa, senti uma vontade descomunal de me juntar a ela, e eu tentei evitar, rodar o quarto todo em busca de afazeres, mas seria rude eu deixá-la no quarto e ir para a sala assistir TV, ou fingir ainda aprimorar o carro para o meu estilo de corrida. E pela primeira vez, eu me importei com isso ao ponto de não fazer. Então eu apenas atendi minha vontade, e juntei meu corpo ao dela.

Lauren dormiu rápido, consegui perceber pela forma que seus dedos foram se soltando dos meus e sua respiração normalizando. Isso ainda era sete da noite, e eu fiquei em silêncio até as oito e meia, vagando pelo twitter com o brilho no mínimo e o volume desligado, até que decidi preparar algo para comermos antes da corrida. Confesso que senti um sono durante esse tempo, porque o quarto estava escuro, a rua finalmente foi ficando silenciosa, e Lauren parecia estar em um sono tão bom que me contagiou, mas sequer tentei dormir, porque sabia que não iria conseguir.
Saí da cama com o máximo que cuidado que consegui, fechei a porta para não a despertar com o barulho da cozinha, coloquei meus fones de ouvido, e fui preparar algo. Não gosto de encher a barriga quando vou correr, mas ficar com fome e beber não é uma boa ideia. Minha primeira opção foi sanduíche de frango com peito de peru, mas com Lauren na promessa da carne, eu resolvi fazer o que qualquer pessoa com o paladar infantil que já percebi que ela tem gosta: mac-cheese.

Eu sinto você desmoronando em meus braços até sobrar só o seu coração de pedra
Você me fez sangrar até o fim, me deixou tão seco quanto as lágrimas que você nunca mostra.

A voz de Post Malone toca nos meus fones, e Take What You Want virou uma das minhas mais ouvidas na playlist de Lauren, então cantarolo junto, colocando as fatias de cheader na panela. Gosto de queijo, e essa é a razão para eu ter tudo que preciso para este prato.

Por que você não pega o que quer de mim?
Pegue o que você precisa de mim
Pegue o que quiser e vá embora

Coloco o fogo no baixo, e começo a misturar para que o queijo possa derreter, observando a rua pela janela de frente ao meu fogão. Não está com movimento agora, mas vejo algumas crianças passando com a boca aberta em deslumbre, apontando para o carro de Lewis. Elas amavam ver o meu na porta, passavam a mão, tiravam fotos e tudo, e isso sempre me arranca um sorriso, porque eu era exatamente assim quando criança, vendo os carros no bairro em que morava com Alejandro.

Eu estive me embebedando por tanto tempo e aceitando qualquer coisa. Esperando, pensando em quando você voltaria – cantarolo baixinho, batucando meus dedos na quina do fogão no ritmo da música, enquanto mexo a massa com a outra mão. – Vamos seguir nossos caminhos, qualquer que seja.Você diz quanto é tanto tempo. Porque você sabe que eu nunca estou sozinho.

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