Capítulo 22 - O Retorno parte I

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— Vamos, vamos... — Sam apertava o botão do andar de Lena, freneticamente, como se isso o fizesse ir mais rápido.

Suas mãos apertando de forma involuntária, o taco de basebol diferenciado que encontrara no carro da irmã, para casos como aquele. Os olhos castanhos fitaram os dizeres «Boa noite» e os detalhes losangos coloridos no bastão, como que para tentar se distrair do suor frio de nervoso que ão parava de percorrer sua espinha. Ela ainda sorriu nervosa ao se lembrar da história inédita que Lena contara certa vez, de uma amiga meio louca que encontrara na faculdade de psicologia, que era dona dos melhores rolês mas que se apaixonara literalmente por um palhaço louco.

'Qual era mesmo o nome dela...? «Sam tentava a todo custo desviar sua mente para se lembrar da loira que dera aquele bastão de presente para a irmã, como fuga do crescente pavor em seu peito.» Harley! Harley Quinzel!»

— Bingo! — Sam exclamou no exato instante em que as portas do elevador se abriram.

Nem bem as portas metálicas se abriram totalmente, a morena irrompeu saindo e correndo as pressas para a porta do apartamento alheio.

— Lena! Lena! Abre essa porta! Le-

A porta foi aberta e Sam deu de cara com uma Lena de expressão indecifrável com seu inseparável copo de Wiskey na mão. A cientista se afastou adentrando o lugar que por algum motivo estava a meia luz.

— Não sei porquê desse estardalhaço se você tem a chave. — Lena murmurou. Sam se sentiu uma idiota, no entanto, não podia se cobrar tanto, quando estava nervosa sua inteligência era direcionada para seus músculos ao invés da Lógica. — Pensei que ia ao mercado.

A voz saiu amargurada, totalmente diferente da Lena de alguns minutos atrás.

— Eu ia... — Os castanhos escuros desconfiados perscrutaram o ambiente a procura de alguma ameaça. Todavia, bufou frustrada ao não ver nada. ‹Será que ela havia se enganado?› a mais velha apertou o cabo do bastão em sua mão só por garantia. — Mas voltei porque... esqueci que estava sem dinheiro.

«Sério Samantha?» Sam quis se bater pela desculpa péssima, porém não queria que a outra pensasse que estava ficando paranoica. Conhecendo Lena como a palma de sua mão, sabia que agora que ela sabia da sobrinha que se desenvolvia preguiçosamente em sua barriga, qualquer motivo seria o suficiente para que a irmã resolvesse trabalhar sozinha.

Mesmo a meia luz Sam sentiu o olhar inquisidor da outra sobre si. 

Aquela desculpa não tinha colado.

— E porque está tão escuro aqui? — Deu alguns passos a procura do interruptor.

— Porquê estou morrendo de dor de cabeça. Mas isso não importa, que bom que está aqui, é bom que eu falo pessoalmente.— Sam parou sua busca pelo interruptor e esperou atenta. — Eu pensei melhor e acho sensato não seguirmos o plano. Nenhum plano, na verdade. E eu quero que vá embora daqui Samantha.

Cada palavra foi como um soco no estomago da mais velha.

— Desculpe. Mas o quê? — A mão no bastão vacilou e o mesmo escorregou um pouco na palma suada. Com o coração martelando no peito, a morena ainda tentava assimilar cada palavra da outra.

— Isso mesmo que você ouviu. — Lena deu tudo de si para controlar o tremor na voz, ela precisava se livrar de Sam rápido. — É insano. Passei anos lutando contra meu irmão e o que eu ganhei? Apenas solidão, vergonha e dor.

— Você quis dizer fugindo não é?— A mais velha rebateu esquecendo a sensação estranha anterior. Ainda sem entender o porquê de tudo ter mudado em tão poucos minutos. «Oh não Lena, você não vai fugir de novo!» — Depois de hoje, de tudo o que descobrimos... Vai mesmo bancar a covarde novamente e deixar a nossa...

A lanterna Vermelha - REPOSTOnde histórias criam vida. Descubra agora