Capítulo 3 - Perseguidora

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A próxima vez que Kara apareceu, foi algumas semanas depois em um telhado ao lado do apartamento de Lena. Não era fácil dizer o que Kara queria quando sua mente estava tão perdida, mas estava claro que ela não poderia ficar longe de Lena por muito tempo.

Ela não era sua Lena. A kriptoniana reparou que suas manias e personalidade eram um pouco diferentes, mas havia o suficiente para que Kara sempre voltasse.

Ainda assim, doeu quando Kara percebeu que Lena havia tentado matá-la. Ela atirou nela, sem saber que a bala iria ricochetear. O pensamento fez com que Kara mantivesse carrancuda distância. Ela seguiu Lena de casa para seu trabalho, sentando-se nos cantos dos telhados próximos como uma gárgula ranzinza com uma capa vermelha.

Assistir Lena em seu dia a dia, ajudou a alienígena a reter as poucas memórias que ela ainda tinha de sua vida antes do anel. Fez a fera furiosa dentro de sua cabeça um pouco mais quieta, que por enquanto, estava contente em deixar Kara ficar com isso.

Por que o mais estranho de tudo... É que o anel também gostava de Lena. Afinal, tudo o que Kara sentia, ele sentia também.

Os danos causados ao apartamento de Lena já haviam sido consertados. A janela do quarto dela havia sido substituída, mas a madeira do armário da cozinha estava rachada em alguns lugares, lembrando a Lena que não tinha sido um simples pesadelo. Aquilo fora real.

Um pesadelo que não acabou, Lena percebeu quando algo chamou sua atenção do lado de fora da janela e ela congelou no lugar para se descobrir sendo observada.

Realmente, era um pouco ridículo, mas a de olhos verdes não sabia mais o que fazer quando ela rapidamente fechou as cortinas. Ela poderia chamar a polícia, mas então eles saberiam que ela mentiu para eles.

Ela andou de um lado para o outro em seu apartamento, tentando descobrir o que fazer, tentando se convencer de que isso não poderia estar acontecendo, mas uma rápida espiada lá fora resmungando da sensação de que estava sendo muito observada.

Isso fez sua pele se arrepiar e Lena debateu consigo mesma, que ela poderia... partir. No entanto, parecia inútil quando aquela coisa vingadora poderia simplesmente voar atrás dela. Além disso, ela não seria obrigada a deixar seu próprio apartamento...

Alimentado por sua teimosia, Lena finalmente abriu as cortinas novamente. Ela já se sentia um pouco menos confiante quando abriu as portas que davam para o terraço, mas sua perseguidora parecia menos um demônio agora e quase humana. Ela não iria recuar agora.

— Por que você voltou? — Ela gritou através da grande lacuna entre seu prédio e aquele onde a mulher estava sentada. Realmente, não havia chance de não ser ouvida.

Kara ergueu os olhos do pássaro que acariciava em suas mãos, fixando os olhos em Lena. Olhou para trás, incapaz de dar uma resposta.

Abaixando o pássaro, Kara deu-lhe um leve empurrão para o pequeno voar para longe e se salvar no caso daquela Lena dar uma de louca, sacar sua arma e começar a atirar novamente.

A demônio mascarada estava... acariciando passarinhos? A demônio maligna que invadiu seu apartamento estava fazendo amizade com os pássaros!?

Lena beliscou a ponte de seu nariz porque realmente tinha que estar alucinando agora.

— Eu estou ficando louca, não estou? Eu destruí totalmente meu próprio apartamento a trazendo aqui e agora estou indo para o segundo round — Resmungou para si mesma.

O coração de Kara afundou. 

Esta realmente não era sua Lena.

A Lena que ela conhecia a teria chamado de estátua e a convidado para entrar. Elas se aninhariam no sofá e tomariam sorvete. Sua Lena teria dado as boas-vindas de braços abertos e um sorriso que era reservado só para ela.

A lanterna Vermelha - REPOSTOnde histórias criam vida. Descubra agora