Capítulo 7 - Acordos

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Lena não viu Kara por algumas semanas depois disso, um fato que a irritou e a deixou preocupada ao mesmo tempo. Ela havia desenvolvido o hábito de olhar para o céu e verificar os telhados de uma visão vermelha, convencida como estava de que não veria a mulher novamente até que o anel a pegasse mais uma vez.

Foi uma surpresa quando teve um vislumbre novamente. Uma figura se esquivando de vista, mas Lena aprendeu os sinais e rapidamente percebeu que Kara não era tão boa em se esconder. Especialmente não quando depois de mais uma noite e um projeto fracassado, Lena voltou para casa e encontrou sua comida favorita no balcão da cozinha, ainda quente o suficiente para que pudesse apenas ter sido colocada lá.

No entanto, algumas tentativas de fazer a mulher se mostrar falharam e um dia, quando Lena estava voltando, jurou que viu um movimento no telhado de seu prédio.

Determinada — e um pouco farta da situação — Lena subiu até o andar superior de seu apartamento. Abriu as portas duplas e olhou ao redor, mas não viu seu perseguidor.

Estava prestes a se mover em direção à borda do prédio para ter uma visão melhor quando avistou uma pequena pilha escondida atrás de uma das aberturas. Era o uniforme que Kara estava usando uma vez que o anel desistiu de seu domínio sobre ela e Lena olhou ao redor novamente.

— Oh! Eu não acredito... — Aprumou a vista para ter certeza de que era isso mesmo que estava vendo. — Por favor. Diga-me que você não está morando aqui esse tempo todo. — Kara se encolheu no telhado oposto, onde mal teve tempo de se abaixar sob a borda.

«Mas que porcaria!» xingou mentalmente.

Ela nunca foi sorrateira. Lena sempre disse a ela para trabalhar em sua furtividade, mas Kara sempre insistiu em entrar para socar as coisas e descobrir o resto mais tarde. Até que teve uma ideia brilhante: Talvez se ficasse quieta, Lena pensaria que ela abandonou seu uniforme lá.

Se encolheu toda com um sorriso sapeca e se achando a mais esperta do mundo. E ela realmente se achava mais esperta que a morena.

Lena pegou o uniforme e se levantou. Olhou ao redor, mas não conseguiu ver nada. Rangendo os dentes, se moveu para a borda do edifício.

— Eu sei que você está aqui! — Gritou. Não que ela pudesse vê-la, mas estava ficando cada vez mais certa de que Kara estava mantendo os mesmos hábitos de seu demônio favorito.

Kara se virou e espiou pela saliência com sua visão de raio-x, vendo Lena pegar seu terno. Esta mulher não estava desistindo. Por que ela estava tão determinada a encontrá-la? Por que ela também tinha que ser tão teimosa?

Bufou a ver que a de olhos verdes estava falando sério.

— Ei! — saltou, sua cabeça saltando sobre a borda. — Você não deve roubar dos sem-teto, Lena!

O sorriso malicioso de Lena foi triunfante e ela ergueu o queixo, parecendo bastante satisfeita consigo mesma.

— E você não deve fugir da única pessoa aqui querendo ajudá-la.

— Não há nada que você possa fazer, Lena, — Kara respondeu levemente. — Tirar o anel vai me matar. — Kara tinha aprendido muito depois de semanas conversando com o anel. Contanto que ela ficasse calma, ele só tinha energia suficiente para manter suas funções mais passivas funcionando.

— Então tentaremos outra coisa! — Lena gritou de volta. — Deixe-me levá-la de volta aos laboratórios. Podemos fazer isso hoje à noite. Você pode nos voar do telhado. Podemos encontrar algo para... eu não sei, interrompê-lo de vez. Se eu puder estudar seus efeitos, nós podemos encontrar algo para mantê-lo dormente, mas você precisa me ajudar, Kara. Eu não posso fazer nada se você não me deixar ajudá-la!

A lanterna Vermelha - REPOSTOnde histórias criam vida. Descubra agora