Madara Uchiha

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Há partes de mim que não posso esconder, eu tentei e tentei milhares de vezes. Cruze o meu caminho e espere morrer, sejam bem vindos ao meu lado sombrio.

Não terei meus filhos... não poderemos ter filhos. O fogo a minha frente queima toda a madeira a reduzindo apenas em pedaços de carvão, é quente, as labaredas são altas... a pequena fogueira é minha única companhia. Tínhamos um sonho que foi arrancado de nós.

Mas por fim, ela tem razão. Seria loucura colocar filhos em um mundo vazio, superficial, em um mundo onde eles sofreriam. Mas... nossos pais não se preocuparam com isso, mesmo em meio as guerras, mesmo tendo que colocar crianças para lutar, ainda assim nossos pais não pensavam nisso. Perdi 4 irmãos, Akemi perdeu o único que tinha. Eu era apenas uma criança.

A lua brilha no céu, minguante. O ar frio dessa noite faz meu nariz arder ao respirar. É perigoso estar aqui do lado de fora, mas não me importo.

Pai... Por que? Por que mesmo sabendo que perderia seus filhos ainda os colocou para enfrentar adultos que se matam só por serem de clãs diferentes?

Com 12 anos, já havia perdido 3 irmãos. Só me restando Izuna. E logo depois, ele é morto por Tobirama.

Por um tempo, acreditei que construindo Konoha, teríamos a verdadeira paz. Achei que esse sonho seria real. Mas é impossível, onde viverem egoístas lutando por poder, nunca haverá paz.

Gostaria de ter filhos para tornar tudo diferente para eles, de vê-los vivendo em uma realidade perfeita, sem guerras, ódio, dor, vazio e sofrimento. Mas como fazer isso se o mundo se resume a isso?

Em minha mente vem as memórias de minha mãe, o seu desespero ao ver seus filhos mortos. Escuto seus gritos, sinto a sua dor, afinal, eu também estava lá.

Minha mãe era uma mulher alegre, apesar de viver em tempos de guerra ela possuía um gênio doce e delicado, ela era o extremo oposto do meu pai, aliás, minha mãe sentia orgulho dele e deixava isso explicito no brilho de seus olhos sempre que o olhava. Ela o amava como nunca amou ninguém na vida.

Enquanto meu pai tinha a mente ansiosa, trabalhando sempre em estratégias, falando sobre treinamento, ataques e afins, minha mãe apenas o ouvia, quando ele estava estressado, ela era a calmaria dele. Quando a mente dele estava barulhenta, ela dava seu colo a ele. Quando ele se sentia cansado, triste ou frustrado, ela o consolava, cuidava e o amava com todo seu ser.

"Você é forte, meu amor. Lidera nosso clã com sabedoria e pulso firme. Sei que é difícil e que está cansado, mas continue dando seu melhor. Eu tenho orgulho de você e sei que você conseguirá vencer todos esses obstáculos. Até porque você é o grande Tajima Uchiha, não é? Você é forte! Vai conseguir! "E assim meu pai estava pronto para mais um dia.

O amor deles era forte e reciproco, mas meu pai estava quebrado por causa das guerras e não conseguia demonstrar do mesmo modo que minha mãe. Mas ele ainda demonstrava, com pequenos atos o seu amor. Sempre que estávamos longe de casa, meu pai mandava diversos recados para ela que ficava em casa com meus irmãos mais novos, certificando-se de seu bem estar.

Uma outra vez, nos enganando com nossa inocência, meu pai fez Izuna e eu subirmos um rochedo íngreme para pegar uma única flor que havia no topo daquele rochedo. Era uma grande flor branca e extremamente cheirosa, consegui sentir seu cheiro e vê-la de perto depois de quase 4 horas tentando pega-la. Enfim, Izuna e eu conseguimos. Com muito custo. Meu pai disse que era treinamento, mas quando voltamos para casa Izuna correu mostrar para mamãe aquela flor, ela ficou feliz e seus olhos brilharam como a mais linda estrela. Descobri anos depois, que aquela raríssima flor era a favorita de minha mãe, e assim que meu pai a viu no topo do rochedo, nos fez pegar para ela. Por isso, papai disse para tomarmos cuidado com aquela flor, disse que ela não deveria ter um amassado sequer. E ela foi intacta para as mãos de nossa mãe que sorriu grandemente nos cercando com seus braços acolhedores e quentinhos. Sinto falta desse abraço.

Tsukuyomi InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora