Subordinada à Ele - Série Milionários 02

Capitulo 6

REBEKA FEDOROVA

Com cautela, passo pelo corredor silenciosamente, na tentativa que não consiga chamar atenção de minha mãe e suas amigas, que estão na sala principal conversando. E com sucesso, chego até varanda principal sem ser vista ou pelo menos notada. O que me deixa mais tranquila em saber que não irão me encher com perguntas sugestivas e questionamentos sem fundamentos.

Tivemos uma tentativa de assassinato, ou algo parecido com isso, há quase uma semana. Depois desse terrível episódio, fomos proibidas de sair de casa, meu pai anda controlando todos os nossos passos. Com muita insistência, ele deixou que minha mãe chamasse às víboras que ela chama de amigas, para uma conversa à tarde.

— Vejo que teve a mesma ideia do que eu, Beka. – com a voz surgindo atrás de mim, não evito o pulo e um leve susto. Yelena passa para minha frente, exibindo um riso de diversão.

— Por deus! Eu quase tive um treco.

— Não precisa se assustar. – se aproxima da mesa que há no jardim e se senta – Estou aqui faz horas, apenas esperando o momento em que poderei andar sem encontrar alguma das mulheres pela casa.

— Também as acha inconvenientes? – me interesso.

— Sempre. Mas infelizmente a mamãe as apoia, principalmente se for para nos questionar sobre casamento e homens. Acho tão patético isso!

— Irei me casar em menos de duas semanas, esse seria um assunto perfeito para elas abordarem, por isso fiz questão de me esconder antes que mandassem me chamar. – suspiro, sentando ao lado da minha irmã – Não compreendo por quê elas te questionam, você é perfeita aos olhos da mamãe e..

— Por que acha isso? Sou tão questionada quanto você, Beka. E a mamãe não me acha perfeita, ela apenas acha que conseguiu me moldar de acordo com seus desejos. – olha para o céu, encarando as nuvens – Em parte, isso realmente aconteceu, eu deixei de fazer e ser muitas coisas para que ela se sentisse bem. Já que sempre dizia que moveu céus e terras para que eu estivesse aqui hoje.

— Até mesmo teve uma filha indesejada para que você tivesse a oportunidade de estar viva – murmuro, mas ela acaba ouvindo e me encarando. Derrotada, decido desabafar. – Eu cresci ouvindo que minha tarefa era lhe dar a vida que merecia, ter saúde e poder seguir os planos que nossos pais planejaram por anos. A realidade, Yelena, é que eu estou noiva para que você possa ter um futuro brilhante. Se não fosse eu aqui, teria que ser você à se casar para trazer à paz.

— Mas não precisa ser assim, Beka. Podemos dar um jeito, talvez se falarmos com o papai e ele.. – a interrompo.

— Não iria adiantar. Meu casamento vai acontecer daqui duas semanas, e mesmo que ele seja desfeito, minha cabeça já está à prêmio. Eu sou marcada por estar com um Ferrari, infelizmente isso ninguém poderá mudar. – fecho meus olhos, sentindo as lágrimas quentes descerem pela minha bochecha – Já aceitei meu destino, mesmo que minha realidade não será como eu imaginei.

— Vamos fugir! – exclama, eufórica – Juntas.. nós podemos mudar de país, tentar outra coisa, mudar de nomes e viver finalmente em paz disso tudo, Beka. Não precisa se casar com o Ferrari e não teremos mais a mamãe e o papai em nossa cola.

— Isso é um tiro em nosso pé, Yelena. Mesmo que fugíssemos, eles nos achariam em algum momento e tenho certeza que o Ferrari veria isso como uma traição e nos mataria no mesmo segundo. Eles não são os bonzinhos, eu temo por mim e ainda mais por você se cogitarmos isso. – o sol já foi embora, as nuvens escuras começam a tomar conta do céu, antes azul.

— Então será isso mesmo? Viveremos para agradar aos nossos pais, você irá se casar por uma coisa que não é sua culpa e eu terei que me sujeitar as decisões da mamãe? – leves gotas de chuva começam a cair em torno de nós, o som do raio nos faz acordar – Nunca seremos realmente felizes, Beka. Nossas vidas já foram fadadas pelos nossos pais e isso nos arruinará.

— Estou arruinada desde o momento que fui feita para lhe dar a liberdade e eu impedida de tê-la. – as lágrimas se misturam com a chuva, que agora cai de forma intensa, sem pressa me levanto e caminho até a varanda. – Nada disso é culpa sua, Yelena. É deles, e eu irei me vingar.

Deixo à pra trás e entro na casa.