Capitulo 31

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LIAM SAVÓIA

Era madrugada quando finalmente trouxemos Vladimir para o galpão. O frio da noite se infiltrava pelas paredes de concreto, intensificando a tensão no ar. Eu podia sentir a fúria e o medo misturados dentro de mim. Rebeka estava segura por enquanto, mas a ameaça de Boris pairava sobre nós como uma sombra maligna.

Meus irmãos, estavam ao meu lado. Seus rostos refletiam a mesma determinação sombria. Vladimir estava amarrado a uma cadeira no centro da sala, uma lâmpada solitária pendurada acima dele lançava sombras dançantes em seu rosto ensanguentado.

— Vladimir – comecei, tentando manter minha voz firme – Você invadiu minha casa e tentou matar Rebeka. Não deixarei que sua traição saia impune.

Ele levantou a cabeça e me olhou com desdém.

— Traição à você ou a idiota da minha filha? – abre um sorriso – Você acha que pode me assustar, Roman? Eu já passei por coisas piores.

— Nos diga os planos de Boris, agora! – Adriano se aproximou e agarrou Vladimir pelo colarinho. Vladimir riu, um som seco e sem alegria.

— Vocês são tolos. Boris é mais poderoso do que imaginam. O próximo passo já está em andamento, e nada pode detê-lo.

Filippo interveio, tentando uma abordagem diferente.

— Vladimir, pense na sua família. Ajude-nos e podemos garantir a segurança deles. – Filippo interveio, tentando uma abordagem diferente.

Mas ele permaneceu inflexível, seu olhar cheio de ódio e lealdade inabalável a Boris. Eu sabia que não seria fácil, mas não podíamos desistir.

— Vamos tentar outro caminho – murmurei, virando-me para um dos meus homens de confiança – Vá até Moscou e traga Raisa e Yelena. Elas devem saber de algo que ele não nos dirá.

O homem assentiu e saiu rapidamente para cumprir a missão. Eu me virei novamente para Vladimir.

— Enquanto isso, vamos continuar nossa conversa. – abro um sorriso, fazendo o homem a minha frente pressionar a própria mandíbula.

Horas se passaram. Tentamos todas as abordagens possíveis: ameaças, promessas, até mesmo à agressão. Mas Vladimir era uma rocha, inabalável em sua resistência. O desespero começou a se instalar, mas eu sabia que não podíamos parar agora. Ele estava quebrado, sem os dedos e visivelmente à beira da morte. Não foi difícil meter a porra nele, mas sim, que ele abrisse a porra da boca.

Então, o silêncio foi quebrado pelo som do telefone tocando. Eu atendi rapidamente, esperando por boas notícias.

— Senhor, chegamos a Moscou, mas Raisa e Yelena fugiram. Não conseguimos encontrá-las.

Fechei os olhos por um momento, processando a informação. Isso complicava as coisas, mas não podíamos permitir que isso nos impedisse. Tenho certeza que ambas estão no território de Boris, isso muda tudo. Lá elas tem a liberdade para andar e fazer o que quiser, se eu por meus pés lá para mata-las, uma guerra começará.

— Continue procurando – ordenei – Elas não podem ter ido longe.

Desliguei o telefone e olhei novamente para Vladimir.

— Parece que sua família é tão teimosa quanto você. – ele sorriu, um sorriso cruel, mas nada triunfante.

— Vocês não vão conseguir. Boris está sempre um passo à frente. – disse, sem força alguma, visto que baixo de si está uma poça de seu sangue.

Eu me aproximei, olhando diretamente em seus olhos.

— Talvez, mas nunca subestime o que um homem pode fazer para proteger aqueles que ama. Esta luta está longe de terminar. – com a faca em punhos, defiro a mesma sob o peito de Vladimir, fazendo ele arregalar os olhos e morrer no mesmo momento.

A madrugada avançava, e eu sabia que a batalha estava apenas começando. As palavras de Vladimir ecoavam na minha mente, mas a determinação de proteger...Rebeka e derrotar Boris queimava ainda mais forte dentro de mim. Não sei o que deu em mim de querer protegê-la, mas espero que seja apenas para evitar problemas.

O amanhecer despontava no horizonte, trazendo consigo um novo dia e um cansaço que eu não poderia ignorar. Meus irmãos, Adriano e Filippo, haviam finalmente ido para casa, exaustos. Eu me encontrava sozinho em meu escritório, o ambiente era iluminado pelas primeiras luzes da manhã. A escuridão da noite anterior ainda pairava sobre mim, assim como as palavras de Vladimir.

Meu escritório era meu refúgio, um lugar onde eu poderia pensar e planejar. Mas hoje, parecia apertado, carregado pelo peso das últimas horas. Vladimir está morto, estou aguardando notificações dos meus homens sobre Raisa e Yelena. Rebeka e Elza estavam sob proteção no andar de cima, vigiadas por Igor.

Enquanto me perdia em pensamentos, a porta do escritório se abriu lentamente, revelando Igor. Ele entrou silenciosamente, fechando a porta atrás de si. Seu rosto estava cansado, mas alerta.

— Pensando no diabo – murmuro quando ele aparece

— Roman – começou Igor, sua voz firme mas suave – Precisamos conversar.

— Entre, Igor – respondi, gesticulando para ele se sentar – O que você quer?

Igor se aproximou e sentou-se na cadeira em frente à minha mesa. Ele me olhou nos olhos, um olhar cheio de curiosidade e preocupação.

— O que você sente por Rebeka? – a pergunta me pegou de surpresa. Franzi a testa, tentando entender aonde ele queria chegar.

— O que você quer dizer com isso?

— Você passou a noite interrogando o pai dela, tentando protegê-la. Preciso saber o que realmente sente por ela.

Eu respirei fundo, lembrando-me de todas as vezes que Rebeka desafiou minhas expectativas, todas as vezes que ela me fez sentir coisas que eu não queria admitir. Mas havia algo mais forte do que qualquer sentimento que eu pudesse ter por ela. Algo que queimava dentro de mim, uma chama de raiva e ressentimento.

— Ódio – respondi finalmente, a palavra saindo de minha boca com mais firmeza do que eu esperava – O que eu sinto por Rebeka é ódio.

Igor me observou por um momento, como se estivesse tentando decifrar meus pensamentos.

— Ódio é uma emoção forte, Roman. Às vezes, pode ser difícil distinguir o ódio de outros sentimentos intensos.

— Não é difícil para mim – repliquei – Rebeka está no centro de tudo isso. Ela é a razão pela qual Boris está atrás de nós. Minha prioridade é protegê-la e garantir que Boris não a alcance. Mas não se engane, Igor, isso não muda o que sinto.

— Você ainda ama a minha irmã? – questionou

— Eu e Tatiana terminamos tudo. O que tivemos ficou no passado, assim como os sentimentos. Mais alguma pergunta?

Igor assentiu lentamente, ainda parecendo pensativo.

— Muito bem. Eu vou continuar de guarda, então. Precisamos estar prontos para qualquer coisa.

— Faça isso – eu disse, observando-o se levantar e sair do escritório.

Quando a porta se fechou atrás dele, eu me virei para a janela, observando o sol nascente. A batalha estava longe de terminar, e eu sabia que não poderia deixar meus sentimentos, sejam eles quais fossem, me desviarem do meu objetivo. Proteger Rebeka e derrotar Boris eram minhas prioridades. Mas enquanto olhava para o novo dia, uma pequena voz dentro de mim sussurrava que talvez, apenas talvez, as coisas não fossem tão simples quanto eu queria acreditar.

Com esses pensamentos, eu me preparei para enfrentar o que quer que viesse a seguir. O jogo estava apenas começando, e eu estava determinado a sair vitorioso.

Subordinada à Ele - Série Milionários 02Onde histórias criam vida. Descubra agora