ATÉ O AMANHECER

Capítulo 14

Que o convívio estava melhor isso era nítido para qualquer um que tivesse olhos para ver. Fernando almoçava na mesa junto com Antônio apenas para ter mais um olhar dela antes de voltar para o trabalho. Seu filho estava mais apegado nele, as vezes passando tardes em seu escritório apenas para deixar Maraisa estudar no quarto de hospedes.

Os jantares em "família" ficaram cada vez mais comuns. O jeito descontraído dela aflorava cada vez mais, deixando a armadura de lado em alguns momentos, o jeito de menino aflorava quando ela fazia piada dele para seu filho, quando brincavam de assustar Fernando ou quando tiravam alguma coisa do lugar que certamente Fernando notaria e ficaria frustrado.

Foi em um dia chuvoso daqueles em que o tédio batia forte que Fernando pediu para ela fazer uma pausa nos estudos e descer por um momento. Quando a morena chegou no andar de baixo, não viu ninguém. Tudo estava em silencio absoluto e ela logo entendeu que se tratava de uma brincadeira dos dois meninos. Claro, porque a idade mental de Fernando se igualava cada vez mais com a do filho.

Andou devagar para o corredor que já não era proibido para ela. Com passos leves, se atentava a qualquer som que pudesse denunciar a presença deles. Entrou no escritório de Fernando, mas não via ninguém. Se aproximou da mesa do homem, olhando embaixo para ver se achava o menininho de olhos castanhos, nada. Foi quando de repente sentiu duas mãos firmes em seus braços. O susto a fez virar para se agressor com os olhos esbugalhados.

- te peguei! – ele falava com um sorriso. – levou um susto, não é?

Sem tempo para se entregar para as gracinhas dele, ela resolveu dar o troco. Fechou a cara e olhou para o seu braço, levando a mão para onde ele tinha a tocado, fazendo uma careta de dor. A postura serelepe de Fernando sumiu, dando lugar a preocupação.

- o que foi? Te machuquei? Pelo amor de Deus, me desculpe. – ele falou serio, tentando se aproximar, mas Maraisa deu um passo para trás, batendo na mesa. – por favor, me desculpe foi sem intenção...

Fernando parou de falar quando viu um sorriso brotar nos lábios dela. A filha da mãe estava brincando com ele. Maraisa riu, balançando a cabeça.

- para um advogado você está com o sentido bem disperso...

Aquilo mexeu com ele. Realmente, ele estava mais disperso mesmo... mas mais disperso pela beleza dela, pelo cheiro... pela boca que ele estava louco para beijar. Disperso demais para se manter longe dela, o desejo que há tempos não sentia por ninguém, por ela era avassalador.

Devagar, ele se aproximou a ponto de prendê-la contra a mesa. Maraisa olhou em seus olhos e sentiu o estomago flutuar, seu corpo aquecendo instantaneamente. O fogo a consumia devagar, não deixando duvidas para o que ele queria naquele momento. E honestamente? Ela também queria. Seus sonhos, onde ele chegava no seu quarto com um olhar devastador, tirava sua coberta e a cobria com seu corpo, a fazendo dele, já eram rotina.

Como Maiara mesmo disse, para que dar nome a isso? O que importava era sentir.

- realmente eu me disperso fácil com você. – ele sussurrou contra sua boca. – porque eu quero te beijar o tempo todo. – o olhar dela escureceu. Agora não tinha mais volta.

- então me beija. – ela sussurrou de volta.

Fernando segurou o rosto dela entre as mãos e com vontade tomou os lábios dela nos seus. Não existia gentileza, aquilo era apenas o reflexo de todas as vezes que gritaram um com o outro, de todas as vezes que provocaram um ao outro. A boca dela tinha gosto de frutas, as mais deliciosas provavelmente tiradas do jardim éden, e esquecendo que ele era um pecador. Fernando se deliciou daquele milagre.

O corpo dela tremia contra o seu, as mãos pequenas em sua costas apertavam sua camisa. Ela se agarrava a própria vida, pois certamente entraria em orbita com esses beijos.