Capítulo 10

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Maraisa batia a mão impaciente na caixa. Isa estava tão focada no desenho que ela tinha colocado na TV que nem ligou para seu total desconforto e nervosismo no momento. Esperava Maiara aparecer logo do trabalho para ela tirar essa historia a limpo. Não era possível que esse homem realmente tinha tido a coragem de mandar presentes como se nada importasse.

Como se eles não se odiassem. Como se ele nunca tivesse a ofendida. O que era aquilo agora? Maraisa não seria comprada, nem por Fernando e nem por homem nenhum.

Assim que a porta abriu, Maraisa pulou do sofá.

- irmã, cê não sabe quem eu atendi hoje na loja! – Maiara falou animada.

Entretanto, Maraisa passou reto por ela, saindo do apartamento com pressa.

- Maraisa? Criatura, onde cê vai? – Maiara chamou, mas já era tarde, a morena descia as escadas rapidamente. Maiara fechou a porta de casa perplexa. – o que aconteceu com ela,Isa?

- não sei, não. ela disse que ia devolver o presente.

- que presente?

- ela recebeu uma caixa com um celular novinho e um computador, depois disso fechou a cara, nem parece que ficou feliz.

- quem mandou?

- ela não falou.

Dentro do ônibus, Maraisa tinha tempo suficiente para pensar em tudo que iria dizer para o senhor resolvo tudo com dinheiro. Seu estomago embrulhava e seu coração rasgava só de imaginar em voltar para o contexto que vivia com o ex- namorado. Demorou para escapar daquele cenário, foi apenas após a morte do homem, atropelado por um carro por atravessar a avenida bêbado, que Maraisa foi acolhida com sua irmã e sobrinha por uma vizinha que as ajudou até conseguirem se estabilizar.

Com o tardar da hora, chegou rápido no apartamento de Fernando. O porteiro já e conhecia e sorriu, abrindo o portão. Assim que o elevador abriu a grande cobertura, ela viu Fernando caminhando em sua direção.

- Maraisa! O porteiro me avisou, que estava subindo. – ele falou preocupado. – o que aconteceu? O que faz aqui a essa hora?

- vim devolver essa palhaçada. – ela respondeu, empurrando a caixa nele.

- o que...

- quem você pensa que eu sou, Fernando? – Maraisa exclamou exaltada. Raciocinando rápido o advogado a puxou pelo braço até o corredor, a guiando para seu escritório, fechando a porta atrás de si.

- o que pensa que está fazendo, me solta! – ela se soltou de sua mão.

- não quero que meu filho acorde e veja essa cena patética de você devolvendo presentes que ele carinhosamente me ajudou a escolher.

- não venha com essa historia para cima de mim, Fernando– ela falou nervosa. – porque me deu essas coisas?

- é um presente, entende o significado de presente?

- acha que vai ser capaz de me comprar com isso?

- te comprar? Eu não quero te comprar! – ele retrucou nervoso.

- trata as pessoas como bem entende e depois pensa que pode resolver tudo com dinheiro. Respeito não se compra, Fernando.

- já disse que minha intenção não foi te comprar, foi te ajudar.

- na minha vida nada vem de graça. Certamente não viria de você.

- o que acha que eu quero de você? – ele perguntou certeiro. – além da sua ajuda com Antônio eu não quero mais nada, ou o que? Acha que eu estou te comprando para ir para cama comigo?

ATÉ O AMANHECER Onde histórias criam vida. Descubra agora