Capítulo 12

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Depois que conseguiu colocar Maraisa para dormir, Maiara saiu mais tranquila. Fechou a janela para deixar o ambiente mais escuro, mas acendeu um abajur na escrivaninha da irmã. deixou a porta entreaberta para ficar atenta a qualquer som. Antes de sair, pegou o celular da Maraisa atrás do homem.

Não demorou muito para ele atender.

- Maraisa?

- oi... – Maiara ajeitou a voz. – oi, Fernando,tudo bem? É a Maiara aqui.

- bom dia, Maiara, tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- não... quer dizer, estou te ligando para avisar que a Maraisa não vai conseguir trabalhar hoje. – do outro lado do telefone a postura de Fernando mudou. Os papeis ficaram de lado, ele se levantou logo da cadeira.

- o que aconteceu com ela? Está bem?

- não muito...

- Maiara, me fala logo.

- ela teve... teve uma crise de ansiedade, é muita coisa, né Fernando? TCC, essa prova da OAB.

- eu estou indo ai. – ele falou serio.

- o que? Não! espera!

- preciso ve-la.

Não demorou muito para Maiara escutar batidas suaves na porta. O que viu a deixou com o coração mole. O homem parecia transtornado de preocupação. Na mão duas sacolas.

- entra. – ela falou com um leve sorriso.

- desculpe invadir sua casa assim, mas...

- imagina, fique a vontade.

Fernando colocou as sacolas na mesa e foi tirando varias guloseimas. Maiara olhou curiosa.

- eu não sei exatamente do que ela gosta, mas trouxe vários doces, suco... – Maiara riu.

- se ela não gostar, minha filha com certeza vai. – Fernando sorriu levemente. - mas... tem uma coisa que não sai da minha mente. – Maiara falou cruzando os braços. – o que acontece entre vocês dois, Fernando?

O sorriso sumiu e Fernando sentiu o ar faltar. Ele gostava de pensar que poderia dar um belo discurso sobre caridade e ajudar o proximo é ser muito convincente, afinal ele era advogado, o trabalho dele era convencer. Porém não mentiria, seu olhar o entregaria, como Vicente mesmo já tinha visto. E em pouco tempo ele descobriu que quando se tratava de Maraisa ele não conseguia mentir. A verdade saia dele com uma força visceral.

- Maiara, eu... eu acho que se sentisse menos o que sinto, eu poderia dar um nome para isso. – ele falou, se apoiando na mesa. – quando olho para ela cheia de coragem, quando a vejo com meu filho... eu não sei..

- então isso é sobre Antônio. É gratidão. – Maiara tentou entender. – veja, Fernando... mesmo que eu e ela tenhamos a mesma idade, tenho a minha irmã quase como uma filha.. eu cuido e vou protege-la.

- eu não tenho a menor intenção de machuca-la. – Fernando respondeu serio e era levemente desperado. – eu sei o que ela deve ter falado de mim.. e eu já me arrependi, já pedi desculpas. Hoje eu só quero o melhor para ela, é um desejo que eu não se da onde vem, mas não vai embora.

Maiara viu honestidade naquele homem. Mais do que via em Luiz, pensou em contragosto.

- eu acredito em você. – ela falou simplesmente.

- posso ve-la?

- ela está dormindo agora.. – vendo o olhar do homem, Maiara só apontou a porta. – é logo ali.

Fernando agradeceu e caminhou até o quarto, empurrando a porta devagar. A imagem partiu o coração dele. Maraisa estava escolhida na cama, a boca levemente aberta. Um sono necessário. Ele olhou ao redor, vendo a simples decoração. Na escrivaninha e na prateleira vários livros. Se aproximou do móvel. Aquele maldito notebook velho.

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