O jeito como Maraisa chegou em casa no meio da madrugada já dizia muito. Os olhos inchados, a pele marcada pelas lagrimas. O olhar suplicava para que a Maiara não perguntasse nada pois qualquer palavra ali seria seu fim. A ruiva guiou a irmã para o quarto, a deitou na cama e se deitou ao seu lado, a abraçando. Maraisa se agarrou na irmã como uma criança se agarra a mãe.
Na manhã seguinte a campainha tocou cedo. Maiara acordou em sobressalto, mas Maraisa continuou dormindo. Já escutva a tv da sala baixinho, indicando que sua filha e Antônio já tinham acordado. A ruiva caminhou devagar para a sala onde Antônio tirava um cochilo no sofá e seu filha estava atento nos desenhos.
Abriu a porta e encontrou uma cena tão deplorável quanto a de Maraisa chegando no meio da noite. Aqui estava Fernando, claramente sem dormir dado o tamanho das olheiras, visivelmente cansado. Maiara não tentou entender, não agora.
- bom dia, Maiara. – ele falou cansado.
- bom dia, Fernando. Entre, o Antônio está no sofá.
O homem passou pela porta e foi até o filho para pega-lo no colo e sair logo dali. Fernando sabia que era a ultima pessoa que a morena gostaria de encontrar logo cedo. Antônio acordou no seu colo, esfregando o olho.
- pai?
- estou aqui, filho. Vamos para casa.
- mas a tia Maraisa...
Maiara olhou para observar a reação de Fernando, mas a única coisa que viu foi dor no olhar e culpa.
- ela está dormindo.
- mas quero dar tchau... – o menino falou manhoso, ainda com sono.
- Antônio..
- querido... – Maiara interveio. – assim que ela acordar peço para ela te ligar, está bem?
O garoto concordou, voltando a deitar a cabeça no ombro do pai, fechando os olhos. Antônio caminhou para fora do apartamento, se voltando uma ultima vez para a morena que estava prestes a fechar a porta.
- Maiara, eu... me desculpe.
Se Fernando se desculpava, era porque coisa boa não era. Ela simplesmente fechou a porta e olhou a filha no sofá, procurando se preocupar com outra coisa por algumas horas até a morena acordar para finalmente explicar o que estava acontecendo.
Mas não foi até depois do almoço que Maiara viu a irmã sair do quarto. Devagar, a morena foi até o sofá e deitou a cabeça no colo da irmã. a ruiva a observou devagar.
- Maiara.. a mãe do Antônio está viva.
Pov Aline:
Aline observava a chuva cair na cidade de São Paulo enquanto esperava o celular apitar com uma mensagem de Fernando dizendo que o dinheiro estava na conta. Era só isso que estava esperando para ir embora para Roma novamente. Como era infernal ser ignorada por esse homem, não entendia o porque da demora. Odiava essa cidade, odiava com todas as forças todas as lembranças que vinham a sua mente.
- ele já deu retorno? – Luan perguntou enquanto beijava o ombro nu da esposa.
- não, que inferno. – ela resmungou, olhando para o celular de novo.
- eu não entendi porque não foi na casa dele aquele dia.
- eu ia, mas só de pensar na possibilidade de dar de cara com a criança me dá agonia. – ela falou, se tremendo.
Luan riu enquanto se sentava em uma cadeira de frente para ela. A sua esposa era linda, generosa até, apesar de tudo, mas eram em momentos como esse que ele se lembrava que Aline podia ser bem cruel quando queria. Há anos, quando o acordo foi assinado, ele não conseguia acreditar que ela tinha ido realmente em frente com a venda do próprio filho. ficou sentido se perguntando até sobre o amor dela por ele.
Depois ficou claro. Aline simplesmente não nasceu para ser mãe. Sua paciência por criança alheias era de máximo de 5 minutos, como o menino para quem ela quase tinha comprado sorvete naquele dia.
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ATÉ O AMANHECER
Fiksi PenggemarUm homem que desgosta de todas as mulheres do mundo e uma mulher que tem a pureza no coração tem seus caminhos entrelaçados por algo maior. A estudante de direito Maraisa Henrique se vê na missão de levar um pouco de vida para a casa do grande advog...