Capítulo 18

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Fernando ajeitou a gravata enquanto olhava ao redor ansioso. O pequeno auditório estava vazio tirando por algumas pessoas aleatórias sentadas distraídas por ai. Ele já esteve no lugar deles. Não existia nada mais divertido na sua época do que assistir defesas de tcc e ver a banca acabar com o pobre coitado lá na frente. Hoje, porem, ele sabia como tinha sido um babaca. Ele não apresentaria nada, mas o nervosismo em seu  estomago era como se fosse.

Ele observou quando uma senhora de óculos entrou pela lateral do auditório e caminhou até a banca. Fernando a conhecia. Mercedes era de sua época, velha como os tijolos daquele prédio. Se encolheu na cadeira em que estava. Esse negocio de sorteio de banca era um inferno. A banca de Maraisa era a própria inquisição.

- nervso? – ouviu a voz de Vicente ao seu lado. Fernando levantou e cumprimentou o amigo com um forte aperto de mão. Vicente não precisava de resposta nenhuma. Era nítido. Fernando olhava para todos os cantos com claro nervosismo.

-falou com ela? Com ela está?

- está calma, se você for ve-la vai a deixar nervosa, fique calmo. – Vicente falou serio, mas no fundo tinha um certo humor.

- eu não entendo porque não me deixou ler o trabalho dela, eu teria ajudado, dado algumas dicas. – Fernando falou tenso. Passando a mão pelo cabelo.

- é por isso que não deixei. Você ia dar pitacos, ia deixar a morena insegura... as vezes eu creio que esquece quem é.. você é o maior advogado desse pais, tem mais inimigos do que amigos, Maraisa pode não deixar transparecer, mas leva sua opinião muito a serio. - Fernando a olhou com certa culpa. – ela mudaria o trabalho todo se você falar para ela trocar apenas uma virgula de lugar.

- acha que faço mal a ela? – os olhos castanhos estavam desesperados.

- não! – Vicente falou logo. – eu só estou dizendo que você é naturalmente influente, e para uma moça que está começando agora, com todas as sua inseguranças já bem marcadas por professores estupidos...

- entendo.

Vicente viu quando Fabrício entrou no auditório, o sorriso irônico era insuportável e o professor se perguntava o que diabos a faculdade queria manter aquele homem ali. Fabrício os viu e o sorriso pareceu aumentar. Vicente suspirou e olhou para Fernando.

- é por isso que não deixei você ler o texto da Maraisa. – ele sussurrou.

- Fernando! Meu grande amigo... Fernando Mocó. – Fabrício falou com um largo sorriso, apertando o ombro do homem, que se desvencilhou logo.

Vicente se despediu e desceu as escadas até a banca para ficar perto de Mercedes e o outro avaliador. Fernando manteve o olhar frio o tempo todo, não se deixava levar pelas provocações do homem.

- veio prestigiar a namorada, muito bonito... só espero que eu tenha veja influencia na sua apresentação dela.

- se leu a dissertação já viu que eu não tenho nada a ver com isso. – Fernando falou firme. – e a minha ameaça continua, Fabrício. Criticas são bem vindas, mas se eu perceber que está influenciando a banca com seu discurso idiota para anular o trabalho dela...

- você é tão defensor  da moral e bons costumes, não é? – Fabrício falou serio igual. – Mas que eu saiba não tem moral nenhuma para nada disso.

- e ainda assim não usa isso contra mim porque tem moral no meio você tem. Se sustenta na universidade com controle de conselho que te observa de perto. – Fernando falou, se aproximando mais do homem.

- me diz, Fernando... como ela está?

- como?

- não me diga que não sabe do que estou falando... – Fabrício falou rindo. – a sua namoradinha já sabe disso?

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