Capítulo 24

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Maraisa segurava a mão de Antônio enquanto o menino lhe contava como tinha passado o dia todo com uma agulha no braço. Fernando estava no banheiro do menino pegando o remédio, anotando na agendinha do garoto o horário e quando seria a próxima dose. O advogado voltou para o quarto e sentiu o coração aquecer com a cena. Aquilo era tudo que ele queria.

Precisava dessa sua família arranjada de volta. Como sentia falta do companheirismo da morena com o menino, sempre trocando sorrisos, como se já se conhecessem há décadas. O olhar fechado de Maraisa, porém não deixava duvidas que ela não estava ali para conversar com ele. Veio só por Antônio. Ainda assim Fernando agradecia aos céus.

- bom, seu pai vai te dar o remédio e você vai voltar a dormir, está bem? A tia já vai. – Maraisa falou com um sorriso.

- não! – Antônio agarrou-se na mão da mulher. – fica mais um pouco, dorme aqui!

- Antônio... está tarde já. – ela tentou argumentar.

- então dorme aqui! – o menino olhou para seu pai levemente desesperado. – você e o meu pai podem dormir na mesma cama.

- na mesma cama? – Fernando perguntou sem jeito.

- sim, eu vi vocês beijando na boca no parque aquático, podem dormir na mesma cama já que são namorados.

- eu não sou a namorada do seu pai. – Maraisa falou logo.

- então por que beijou ele na boca? Meu pai disse que isso são coisas que pessoas que se amam fazem, quando são namorados.

- eu me importo muito com seu pai, meu bem, mas não somos namorados, está bem? E por isso não posso dormir aqui, mas não se preocupe, se seu pai deixar, eu volto aqui amanhã e passo a tarde com você.

- é claro que eu deixo. – Fernando falou logo, a olhando nos olhos. – você nunca vai precisar de permissão para entrar nessa casa, ela estará sempre aberta para você.

Maraisa saiu do quarto. Fernando esperava que ela fosse embora mesmo, mas não tentou a impedir. Voltou sua atenção para o filho, que naquele momento era o que mais precisava dela. O corpo do menino ainda estava mole, ele ainda estava pálido. Como pai nunca tinha visto Antônio doente.
Como provedor já, mas nesse caso quem sempre cuidou foi Rosa ou qualquer babá, ele só pagava a conta no final. Estar aqui  do lado, acompanhar a piora e a melhora, era bem diferente.

Estar aqui do lado, acompanhar a piora e a melhora, era bem diferente.

- abra a boca e toma esse remédio que amanhã você já vai estar bem melhor. – o advogado falou com uma delicadeza que ele mesmo desconhecia.

Antônio o obedeceu e voltou a deitar a cabeça no travesseiro depois de tomar agua. Os olhos castanhos do menino não saíram da porta. Com a saída de Maraisa, seus olhos infantis ficaram automaticamente tristes.

- não precisa ficar assim, filho. Ela vai voltar amanhã para te ver. – Fernando falou, acariciando os cabelos escuros.

- não queria que ela fosse embora nunca. – ele sussurrou.

- ela tem que descansar, lembra que fez aquela prova, não é?

- quando eu pedi ela para Deus... era para que nunca fosse embora. – ele resmungou. Fernando segurou a tristeza.

-ela só vai descansar.

- por que não casa com ela? – Antônio perguntou bravo.

- filho...

- assim ela seria minha mamãe... eu queria muito que ela fosse minha mãe.. promete que vai pedir ela em casamento, pai?

O menino nunca falou tão serio em todos os seus 5 anos de vida. Fernando não queria decepcionar seu filho. Não quando agora ele era o herói e seu menino pedia coisas impossíveis. E porque mentiria. É claro que ele promete. Ele não via sua vida sem Maraisa ainda. Iria até o fim para traze-la de volta, iria até o dia que ela disse com todas as letras que não o amava.

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