Capítulo 3

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    Fernando colocou a xicara de café sobre a mesa e sentou-se na frente do amigo. O horário de almoço para o homem era sagrado, o que inevitavelmente o vazia almoçar com Vicente todos os dias. Os dois costumavam a ir num restaurante que ficava perto do escritório e também perto da universidade onde Vicente dava aula, e apesar de se verem todos os dias, os dois amigos sempre pareciam ter assunto de sobra.

- caso difícil essa amanha? – Vicente perguntou ao ver a cara seria de Fernando olhando rapidamente o telefone.

- não, apenas a segurança me informando que a babá chegou. Atrasada por sinal. – Fernando revirou os olhos. – difícil achar alguém pontual hoje em dia, não é?
Vicente riu e tomou um gole do expresso.

- você que é muito exigente, o que aconteceu com a babá que estava com ele antes?

- arrumou um emprego na sua área de formação, eu mesmo arranjei quando ela disse que tinha concluído o curso.

- fez bem! E Antônio?

- esta bem, contente em estar de volta.

- me diz que ao menos passou cinco minutos com seu filho desde que ele chegou? – Vicente falou em tom de desaprovação por já saber a resposta.

- é claro que passei, eu o busquei no aeroporto.

- honestamente eu não te entendo, Fernando.

- Vicente... – lá iam eles começar mais uma discussão.

- é o seu filho, eu não entendo como não  é capaz de tirar férias com ele, pegar o menino para viajar, fazer coisas para apertar o laço entre vocês, não sei se já percebeu mas são vocês só,não tem mais ninguém não.

- eu cuido muito bem do Antônio.

- financeiramente eu não tenho o que falar de você, mas uma criança precisa do pai presente e não de inúmeras babás, férias em colônia em outro pais. Ele só tem 5 anos. – Vicente falou serio.

Fernando suspirou, não queria discutir com isso de novo. Que Vicente tinha razão ele já sabia, como mudar era o grande advogado.

- você não ia indicar uma aluna sua para o meu escritório as seleções de estagio já vão acabar. – Fernando mudou de assunto rapidamente.

- ela não quis. – Vicente falou em tom de derrota. – já arrumou um emprego, e eu tenho certeza de que não é na área do direito.

- se eu não te conhecesse diria que está encantado por ela. – Fernando falou rindo.

- isso é serio. Ela tem um potencial enorme, é inteligente e sua tese de TCC é a melhor que eu vi nos últimos anos. Seria minha realização como professor ver ela em um grande escritório.

- o jeito como se dedica aos alunos é muito bonito, sabe que te admiro muito, não é?  - Fernando falou com meio sorriso.

- e eu seria o amigo mais orgulhoso do mundo se te visse se dedicar assim pelo seu filho.

Maraisa:

Maraisa passou a tarde brincando com Antônio. Era como se a criança tivesse anos de energia arquivadas dentro de si e só agora podia liberar. Ele falava tanto que ate faltava o ar. Na hora do lanche da tarde, a morena notou o olhar curioso de Rosa ao ver o menino tão falador, era como se já conhecessem. A governanta estava chocada com tamanha abertura em uma criança tão reservada.

- depois do lanche, vamos ver suas tarefas de escola, esta bem? – Maraisa falou sorrindo depois de ver o menino comer com gosto o ultimo pedaço de pão.

- sim, senhorita Henrique. – Maraisa sorriu para o menino.

- já disse que pode me chamar de Maraisa.

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