Capítulo 25

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Fernando o olhava para a mulher na sua frente e tinha vontade de vomitar. Ele não conseguia acreditar que ela era capaz de inventar tanto. Depressão pós parto? Isso só podia ser piada. Era primeira audiência de custodia. Ali era onde se apresentavam para a juíza da vara da família, onde seus advogados traziam os principais argumentos e onde, por ordem, Aline começaria sua defesa.

E pelos próximos 45 minutos se surpreendeu o quão cínica sua ex-esposa poderia ser.

- então deixa eu ver se entendi, por conta de uma depressão pos parto, uma situação de fato vulnerável, a senhora se viu concordando com a proposta  do seu ex-marido de pagar uma quantia pelo bebê?

- sim, vossa excelência. – Aline falou, olhando para Fernando.

- e em nenhum momento procurou saber do seu filho? Eu creio que depois de alguns meses essa depressão passou, visto que até casou-se novamente.

Aline olhou a juíza e concordou.

- me casei, sim. Dessa vez por amor, e não por gratidão. Quanto ao menino... eu não tive coragem.

- coragem?

- eu reconheço o meu erro como mãe... vender um filho assim, e por isso eu não tive nem cara de aparecer na vida de Antônio novamente.

- e o que explica os repetidos pedido por dinheiro? Pelo que eu entendo, como o contrato que o senhor mocó trouxe, o contrato que vocês dois assinaram... a quantia de dinheiro que ele te deu era aquela e pronto.

- o dano psicológico que o Fernando me causou... era o minimo.

Joice olhou para o homem e suspirou. O caso foi passado a ela por um colega que conhecia os dois e por isso não poderia assumir, ela achou que fosse ser mais um caso de um casal brigando pela guarda, mas isso aqui.. ela tinha plena consciência que com todos os fatos expostos, a mãe teria todo direito á guarda e o pai seria obrigado a pagar pensão. Ela sabia disso, Fernando sabia disso, Aline sabia disso. Eram todos advogados aqui.

- o senhor entende a gravidade do que fez? E digo o senhor pois todos os documentos são de autoria do seu escritório... esse documento sobre valores, documentos sobre sigilo com seu filho. Todos que sabem dessa historia não podem falar sobre isso. É grave. – Joice falou olhando para o homem.

- eu tenho plena consciência de tudo que concordei, vossa excelência, mas espero que saiba que tenho prova que mostram que a senhora Ribeiro não estava em depressão pos parto. Tenho provas da traição ainda durante o casamento e tenho a medica obstetra dela como testemunha de que ela não queria o bebê.

- senhor mocó... – o advogado de Aline tentou intervir.

- eu sei que não sou um santo.. quando concordei em pagar por Antônio eu garanti a minha vaga no inferno.. e tenho vivido como um pecador desde então. – Fernando então olhou para Aline. – mas não quero mais viver assim... não quando tenho anjos ao meu redor. Eu vou fazer de tudo nos tramites legais para garantir que meu filho fique comigo.

- então afirma que a senhora Ribeiro não estava em depressão? – a juíza perguntou.

- não, ela não estava. A verdade é que Aline nunca quis esse filho, eu fui um ingênuo, deveria ter deixado ela abortar se eu soubesse de tudo que ela era capaz.

- o senhor está atacando a minha cliente. – disse o advogado que Aline tinha contratado.

- eu estou dizendo a verdade, e isso Aline pode confirmar. Isso qualquer um que convivia conosco pode confirmar, e ela sabe disso.

- é verdade? – perguntou Joice.

- é verdade. – Aline confirmou contragosto. – eu não queria ser mãe, mas mudei de ideia ao longo da gravidez.

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