Capítulo 8

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Fernando passou a noite em claro. A caixa de ritalina na mão o fazia refletir. Deitado na cama ele se perguntava como abordar, se deveria abordar. Na outra mão o texto de autoria dela. Impecável. Fernando olhou para o teto do quarto, a realidade ainda não parecia cair sobre ele.

Ela era estudante de direito na melhor faculdade do pais. O lugar onde ele mesmo fez. Ela era esperta e ainda assim escondia, fazia pouco caso. Porem cá estava ela estudando até tarde em sua casa. Ao mesmo tempo o tarja preta. O que ela enfrentava? Quais eram as questões? O que ela passava que não lhe falava?

Seria uma longa noite de sono.

Maraísa:

Maraisa acordou devagar, a sua cama nunca esteve tão confortável, seus lençóis nunca estiveram tão macios. Os travesseiros então... devia estar cansada que tudo parecia muito confortável. Levou a mão ao rosto para bloquear um pouco da claridade que entrava em seu quarto. Isso até se dar conta de que nunca entrava claridade em seu quarto pela manhã já que sempre fechava tudo. Abriu os olhos, ainda embaçado pelo sono e foi olhando o ambiente. Aquele não era seu quarto.

Aquele não era seu quarto...

Sentou na cama assustada, olhando ao redor depressa. Respirando fundo para tentar se acalmar.

- Maraisa do céu... – ela sussurrou.

Ela conhecia aquele quarto. "no meu quarto você não entra jamais". puta merda. Não só tinha entrado como tinha dormido na cama perfeitamente arrumada e cheia de travesseiros.

Ela não se lembrava de nada da noite anterior, estava estudando e quando percebeu tinha apagado.

A prova!

Maraisa levantou da cama na velocidade da luz. Arrumava os cabelos bagunçados e a roupa  amassada enquanto caminhava apressada para a sala.

Suas coisas estavam arrumadas. Não, não, não.

- bom dia, Maraisa. – ouviu a voz dele grossa como sempre. Olhou assustada para o chefe. Esperava a bronca atenta.

- eu posso explicar tudo, mas não agora, eu tenho que ir para a faculdade, tenho uma prova importante. – ela falou agitada pegando a bolsa ás pressas.

- eu te levo. – Fernando respondeu simplesmente, colocando o copo de café na pia. – não vai comer nada?

- não precisa me levar. – ela disse desconcertada.

Fernando se aproximou dela e pegou a bolsa surrada de suas mãos. Pesada demais para quem acabou de acordar e nem escovou os dentes.

- não se preocupa, eu sei onde a faculdade de direito da USP fica. – Fernando respondeu esperto.

Uma pane gigantesca era como Maraisa poderia explicar sua mente naquele momento. Decidida a ficar em silencio, parte por não ter escovado os dentes parte por não ter o que dizer, Maraisa entrou no elevador junto com ele.

Decidiu se manter calma, olhar pela janela e disfarçar o nervosismo que corroía por dentro. Precisava focar na sua prova. Seu remédio! Para não levantar suspeitas, Maraisa abriu a bolsa delicadamente, fingindo procurar alguma coisa banal. Sua mão começou a ficar mais agitada a medida que o tempo passava e ela não sentia a maldita caixinha.

- está procurando por isso? – perguntou Fernando, lhe estendendo a caixa de remédio.

Maraisa fechou os olhos e suspirou, antes de se voltar para ele, pegando a caixa.

- obrigada.

- parece que não me contou algumas coisas... – ele suspirou.

- Fernando, eu...

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