Dizer que Fernando levou multas era até um eufemismo. Ele estava surpreso que nenhuma viatura policial tinha vindo atrás dele na volta para São Paulo. Dirigia feito um louco enquanto Maraisa estava no telefone com Maiara sem parar buscando noticias, dando informações para as enfermeiras e médicos, tirando duvidas com Fernando. Chegar no hospital foi conturbado.
O desespero do advogado era nítido, o transtorno, inevitável. Bate boca com seguranças e secretarias até deixarem eles entrarem na ala dos internados em UTI. Encontraram Maiara, Vicente e Isa no sofá da espera.
-como ele está? Como está meu filho? – ele perguntou desesperado.
Vicente se levantou, acomodando Isa no sofá. A menina já dormia. Maiara tinha os olhos vermelhos de chorar.
- assim que entramos na emergência levaram ele para dentro, deram a entender que era algo renal, alguma coisa... – Vicente tentou explicar.
- e agora?
- ele entrou na UTI, parece que ia ter que fazer uma dialise.
- dialise? – Maraisa perguntou chocada.
Maiara chorou.
- desculpa, eu não sei o que aconteceu. Eles estavam bem, brincando, Antônio estava normal, comeram.. comeram uma pizza, mas eu não sei se foi isso. – ela falou nervosa e Maraisa a puxou para um abraço forte.
- não foi você, não foi sua culpa, metade. – a mais velha tranquilizou a mais nova.
Naquele momento, a porta que separava a sala de espera da UTI de fato se abriu e uma medica caminhou até eles. Ela tinha uma prancheta na mão e uma feição que parecia tranquilaza-los de alguma forma. Maraisa, porém não confiava em médicos. Ela tinha visto esse rosto no dia em que sua mãe faleceu.
- os pais de Antônio chegaram? – ela perguntou.
- somos nós. – Fernando falou agitado, puxando Maraisa pela mão.
- muito prazer, me chamo Luciana, podemos conversar na minha sala? – ela perguntou e os guiou pelo corredor até o consultório.
Maraisa sentou, anestesiada demais para conseguir se manter em pé.
- e então? Como ele está? Podemos vê-lo? – a morena perguntou também nervosa.
- precisamos explicar algumas coisas para vocês sobre o que está acontecendo com Antônio – a medica mexeu no computador e virou a tela para eles, mostrando a anatomia renal. – no corpo nós temos dois filtros, os rins. Para eles funcionarem bem as coisas precisam estar bem antes dele, dentro e depois dele. Quando alguma coisa dá errado, temos um problema.
Fernando começou a andar de uma lado para o outro, impaciente, nervoso, querendo ver logo o seu menino.
- nos adultos o que mais causa problema renal é uma doença crônica, como diabetes e pressão alta, mas nas crianças é diferente, e por isso mais complexo. Eu tive a liberdade de puxar a ficha médica do Antônio e observei que ele teve uma infecção urinaria há algumas semanas, certo?
- sim, mas eu mesmo cuidei dele, dei todos os remédios e o medico disse que ele ficaria bem. – Fernando falou, se sentando de uma vez para ver se a medica ia direto ao ponto logo.
- quando uma criança tem uma infecção urinaria é sempre bom investigar se está tudo bem com seus rins, pois é uma doença muito silenciosa.
- qual doença? – Maraisa perguntou logo.
- o Antônio tem displasia do rim esquerdo, esse rim dele é tão atrofiado, pouco desenvolvido, que provavelmente parou de funcionar pouco tempo depois do nascimento, só não foi percebido porque o rim direito dele deu conta do recado até aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ATÉ O AMANHECER
FanficUm homem que desgosta de todas as mulheres do mundo e uma mulher que tem a pureza no coração tem seus caminhos entrelaçados por algo maior. A estudante de direito Maraisa Henrique se vê na missão de levar um pouco de vida para a casa do grande advog...