Capítulo 2

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Vamos fazer isso como contagem regressiva ;)

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15 ANOS ANTES

Em uma mansão em Westfield, Nova Jersey , um chorinho agudo fez Wednesday acordar, a garotinha coçou os olhinhos ainda tonta de sono, os cabelos marcados pelas tranças que ela usava no dia a dia. A garotinha de quatro anos desceu da cama, vestindo seu vestidinho de pijama cinza com bolinhas pretas, ela abriu a porta do quarto em que ocupava e caminhou até a uma das portas entreabertas, encontrando sua mãe amamentando o pequeno Pugsley.

- Por que o feioso tá chorando? - A vozinha infantil fez Mortícia olhar para a porta e sorrir quando viu a filha.

- Vem aqui, mi reina.

A garotinha obedeceu e se aproximou da poltrona de amamentação onde a mão estava com o irmãozinho recém-nascido.

- Ele chora muito - a menina ficou na ponta dos pés, apoiando seu corpinho no braço da poltrona.

- É que ele ainda é bebê, mi amor - a mulher misturava palavras em espanhol, dando um tom terno à sua voz aveludada.

- Eu chorava muito quando era bebê?

Mortícia relembrou os dias perturbadores quando Wednesday chegou, a menina não chorava, mas se irritava com facilidade e segurava a respiração até desmaiar. Mortícia e Gomez, seu marido, correram para diversos médicos para entender porque a menina fazia isso, mas nunca tiveram respostas que consideravam plausíveis, até que um dia a primogênita parou.

- Você chorava pouquinho - Mortícia deixou um beijo no topo da cabeça da filha que fez uma careta.

- Aqui, mi cielo - Gomez entrou no quarto trazendo um copo com água e entregando para a esposa - e você, por que está acordada tão tarde? - O homem gordinho e de bigode se ajoelhou, apoiando-se em uma perna só enquanto a outra mandinha dobrada.

- O feioso me acordou.

- Wednesday, o que a mamãe já falou sobre esse apelido? - Mortícia repreendeu, mas seu tom continuava o mesmo.

- Mas ele é feio - a garotinha deu de ombros - quando ele vai embora?

- Pugsley não vai embora, meu amor - Gomez explicou.

- Por que?

- Porque ele é seu irmãozinho - o homem explicou pacientemente e a filha fez uma careta - vem, vamos voltar para a cama, minha nuvenzinha, está muito tarde.

Gomez pegou a filha no colo e levou a pequena Wednesday de volta para o quarto que pertencia a garotinha, repleto de brinquedos, as bonecas praticamente todas com a cara riscada, ou faltando um braço ou uma cabeça, não porque eram velhos, mas sim porque a brincadeira parecia ficar muito tediosa para a menininha e ela começava a testar a resistência dos brinquedos.

Longe da mansão dos Addams, em Memphis no Tennessee, um carro parava em frente de uma casa em um bairro nobre da cidade.

- Prontinho, chegamos - Dylan, um homem alto, negro, de cabelos baixos, óculos redondos e dourados, usando um terno preto, e blusa preta com os dois botões abertos perto do colarinho, puxou o freio de mão e parou o veículo.

- Será que a pequena deu muito trabalho? - Christopher um homem tão alto quanto o marido, de cabelos loiros e olhos verdes, com óculos de armações pretos e quadradas falou segurando uma caixinha preta com uma medalha de honraria pelos seus trabalhos em oncologia pediátrica.

- Não seria o nosso anjinho se desse trabalho - Dylan sorriu para o marido ao fechar a porta do carro.

O casal andou lado a lado até entrar na casa branca e clássica, com jardim amplo e varanda onde tinha uma bicicletinha de rodinhas, branca e rosa, com fitilhos nos guidões.

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